quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A Poesia de Henriqueta Lisboa - Espírito








TESOUROS

Quero ser fruta macia
Doce, amarela, madura
Para saciar a fome
Dos passarinhos
Que ficam
Famintos
Sem ter um ninho.

Quero ser fonte fresquinha,
Descendo a pé da montanha
Sarando a sede
Com beijos
Aos litros,
E com fartura
Toda secura das almas.

Quero ser chuva fininha
Caindo mansa
Na horta
Fazer crescer,
Bem viçosa,
O rabanete, agrião,
Cenoura, batata doce.
Cebolinha, caridade,
Chocolate no bombom.

Quero ser sol de tardinha
Crepusculando
A toada
Com café quente na trempe
Cheiro de biscoito frito
E conversa
Na soleira.
Até dar sono
Na gente.

Quero ser plena portante
Dessa riqueza imensa
Chamada
Simplicidade.


Henriqueta Lisboa – Espírito
(Poesia recebida via mediúnica por Arael Magnus, em 22 de Novembro de 2009, em reunião reservada no Celest- Castanheiras – Sabará)


PREÇOS DE OCASIÃO
Toda dignidade
Pode ser vendida
Numa gota de sicuta.

Toda indignidade
Pode ser comprada
Num tiquitim de perdão.

O mercado tem prateleiras
Arrumadas
Na inversa ordem
De dar a quem tudo tira
Tirar de quem tudo deu
As coordenadas se encontram
E prosseguem,
Cruzadas
No gestatório
Destino.



Henriqueta Lisboa – Espírito
(Poesia recebida via mediúnica por Arael Magnus, em 22 de Novembro de 2009, em reunião reservada no Celest- Castanheiras – Sabará)


ASSIM NO CÉU COMO NA TERRA
Perplexas verdades
São caramujos
Dissolvendo-se
Na pedra, úmidos.
Formados rastros
De brilhos duros
Como diamantes

De verdades derramadas.
Ditas assim, na cara
Sem meias palavras
Alguéns até dão a elas
O nome de Pater Noster,
Qui es in caelis,
Fiat voluntas tua....


Henriqueta Lisboa – Espírito
(Poesia recebida via mediúnica por Arael Magnus, em 22 de Novembro de 2009, em reunião reservada no Celest- Castanheiras – Sabará)


CICLOS
Os olhos aboticados
Do sapo
São maiores que
A língua.
Espadachins
De desejos
Sonhando
O desequilíbrio
Da mariposa
Que dança
Na flor
Que cospe a semente
Enchendo a boca
Da flauta
Que já flecheia
Os olhos
Aboticados do sapo.

Henriqueta Lisboa – Espírito
(Poesia recebida via mediúnica por Arael Magnus, em 22 de Novembro de 2009, em reunião reservada no Celest- Castanheiras – Sabará)


SENTINELAS
Vela
Vela
Vale
Vale
Veio
Veio
Velo
Vê-lo
Vês
Pensar
Em linha
De fogo
Revôo
Estilhaços
A usina
Pulsar.


Henriqueta Lisboa – Espírito
(Poesia recebida via mediúnica por Arael Magnus, em 22 de Novembro de 2009, em reunião reservada no Celest- Castanheiras – Sabará)

- É urgente promulgar a Declaração Universal dos Deveres dos Vermes -


Henriqueta Lisboa – Espírito
(Poesia recebida via mediúnica por Arael Magnus, em 22 de Novembro de 2009, em reunião reservada no Celest- Castanheiras – Sabará)


BIS

Triste piano
Chorando Chopin
Acordando lamentos
Noturnos,
Gritantes
Dobrados
Nos lenços
Molhados
De sangue,
Cor de Amora.

Hoje o marfim
Amarelecido
Esconde
Seu timbre
Não chora,
Não canta
Só lembra
Se lembra
Do tempo
Que viva
A flor
Recendia
Perfume
Jambeiro
Em flor

Desce ao caminho...
E ao caminho sobe.
Retine.

Passado feliz
Presente
Assustado
A luz se apagou
Na Ária de Bach
Estupefação!
Os dedos nervosos
Nas teclas pousados
Tocam novamente
Sonatas tristonhas
Que felicidade!
Voltaram os prantos
Dos sons libertados
E a flor de perfume
Espalha nos ares
Cheiro de jasmins
A festa prossegue,
Feliz Imortal
Mozart, Debussy ...
Avencas, acácias
Vivaldi, Strauss...


Henriqueta Lisboa – Espírito
(Poesia recebida via mediúnica por Arael Magnus, em 22 de Novembro de 2009, em reunião reservada no Celest- Castanheiras – Sabará)


UM SORRISO DE POETAReinava
Rei navegante
O sol desliza nas nuvens
Lentamente,
Zeloso de não ferir
Os silêncios do poeta.

A tristeza não é má,
O ruído sim.
Barulhos são invasores
Dos aposentos
Fantasmas.
Lança de varar céus.
Decidido caiu no mar, o sol.
Há em volta vultos
De volta
Que espreitam,
Espremem,
Sinistros gargalham
Por não saberem a Graça
De um sorriso de poeta.

Existe a cada verso,
Na elegia
Um núcleo de ressurreição
U’a mista divindade
Tanto bom que sobrevoa
E faz fugir, rugibundos
Os fantasmas
A realidade
Até a vida.

Mas os dedos e os medos
Caem
Sobre o pano xadrez
Da melancolia.
Profundo despetalar
Sonhos impróprios
Dores contadas
Choro dorido
Flor
Da Lágrima.

A coragem de viver...
-“Porque vida é um ato de loucura.
Andar farpado de arame bambo”.
Balouça no cenário violáceo
De sua amargosa
Insistência
Pétrea
Pedregosa
Petrificada..

Sob manto negro
Escura companhia
O rei mergulha no mar
Sucumbente
De negra escuma
Da culpa
Sem culpa, sem lama,
Só alma...

Remorsos
Vagidos rasgam o peito
Gritando
Juramento catedrático,
Da última etapa
Do primeiro mandamento.
A Parca é enganosa
Por não cobrir
A multidão de pecados
Que o Amor cobre.

A Fonte de Amor, ouvindo
Os cantos,
A consciência
Encerra a noite,
Acende a aurora
Num casebre ocre
De papelã janela.

Nasce outro dia,
No colo de mãe
Acolchoado em fadas,
Especial criança,
De especial sorriso
Feliz de poeta,
Dos brinquedos de poeta.
Novamente
O sorriso e o poeta
Em síndrome rubescente,
Reinam...



Henriqueta Lisboa – Espírito
(Poesia recebida via mediúnica por Arael Magnus, em 22 de Novembro de 2009, em reunião reservada no Celest- Castanheiras – Sabará)


O PRESÉPIO
Eu inda quero sentir
O branco olor d’açucena
Passar os olhos espertos
Sobre o manto de flanela
Azul, mesclado de tons
De um berço
Com criança.

Eu inda quero escutar
O cantoninar sereno
De uma Callas esquecida
Em bairro de classe média
Esquentando a mamadeira
Nanar o neném
Dormir.

Quero tecer sapatinho
De tricô em ponto-cruz
Casaco, meia, futuro
Enxoval de esperança
Rosa, azul e amarelo.
Sete dias
Cai o umbigo.

Por quê?

Porque há ais...
Há sim longa fila
De espera.
E nela
Serpenteante
De tão longa
Está um rapaz formoso,
A bela moça prendada,
No velho brota bondade,
Uma menininha linda
Com vestidinho engomado,

Seres querendo ser.
Que não conseguem nem ser
Já que ninguém mais quer ser
Josés e Marias ou Marias
A montar rudes presépios
De deixar vir para o mundo
O Menino de Amor
Um pouco viver
Mesmo que um dia
Morrer
Crucificado...


Henriqueta Lisboa – Espírito
(Poesia recebida via mediúnica por Arael Magnus, em 22 de Novembro de 2009, em reunião reservada no Celest- Castanheiras – Sabará)


HORA DO RECREIO

Aos braços me traz Cecília
Doce ternura...
Ampara-me qual escudeiro
Bandeira. É muita honra.
Ao som do riso pequeno
Do enormesco Drummond
Fazendo graça, menino
Tri-Quintana, em altos pulos
Conta a última anedota,
- Nada, nada pessoal-,
Diz ao Fernando,
Aos papos bons com Florbela.
Sem poder estoirar
Tambáim rrrio...
Do sotaque Ceará.
Do guilhermante hai-kai
Tudo isso acontece
Na hora do bom recreio
Sob olhar sereno e amigo
Do professor Romanelli.
Não quero dizer mais nomes
Mas são muitos, aos milhares
Uniforme azul e branco,
Somos só colegiais,
Ainda primeiro grau.
Do Instituto Educacéu
Tocou a sirene,
Voltemos à aula.
Viva a hora do recreio!



Henriqueta Lisboa – Espírito
(Poesia recebida via mediúnica por Arael Magnus, em 22 de Novembro de 2009, em reunião reservada no Celest- Castanheiras – Sabará)


AMANHECERES

Os jardins de memória
Mostram vasos
Órfãos de suas flores.
O diabo vestido de velha
Rega terra seca.
Rega
Passado, espelho que olho.
No regador esperança,
Verde asa de Louva-a-Deus.
Das estrelas o piscar carrega
Luminíscia madrugada
O anjo vestido de moça
Seca toda terra cega.
Seca.

Olho pela fresta da janela
E concluo que não tem lua
Nem janela,
Nem fresta,
Nem olho
Nem velha,
Nem moça.
Cartesianamente concluo,
Logo...
Há o anjo vestido de
Anjo,
Que não rega mais suas
Rugas,
Que não rasga mais as
Regras,
Que enruga as rusgas
Cegas.

Num regador esperança
Os arqui-suspensos
Jardins de memória
Mostram vasos exibidos
Exibindo novas flores.
São girassóis
Que incendeiam
A alvorada
Do Louva-a-Deus.



Henriqueta Lisboa – Espírito
(Poesia recebida via mediúnica por Arael Magnus, em 22 de Novembro de 2009, em reunião reservada no Celest- Castanheiras – Sabará)


NATIVISTAS
Escutai...
Não doem minhas feridas,
Cicatrizes
De mim fugiram como
Lambaris doirados
Adorados
Levaram na mala
Maldade e rancores
Na densa fumaça adernou
Aquela vontade louca
Fiquei no meio frio da estrada
Despertando
Graminhas
Que dormiam sob
O orvalho.
A graminha chamei-a
Vida,
E o orvalho,
Saudade.



Henriqueta Lisboa – Espírito
(Poesia recebida via mediúnica por Arael Magnus, em 22 de Novembro de 2009, em reunião reservada no Celest- Castanheiras – Sabará)


A UM MÉDIUM
Colho teus suores
Que enchem de
ansiedade
As sombras de redor
Balsâmicas gotinhas
Inundando de amor
Corações vazios.
Ciciar do grafite percorre
Papel inquieto, molhado,
Minar.
Dando de ti
Humilde,
Pontos de seiva
Imortalidade
Alma, das almas.

És de um rio
Atraque singelo
Amarrado, mambembe
Às beiras lodosas,
Derramas certeza
Variados matizes.
Ânsias e
Holofotes
Marginando
Fecunda
Tempestade
Aos estéreis reinos
Da descrença
Lanças dúvida
Devolvem ironia
O fruto é bom
Vê-se, teu não é
Ruim, quanto pior
Óbvio, mistificas .

Sofro a angústia
Tua angústia
Pela obscenidade
Da ingratidão,
Desconfiança ferina,
Maldade.
Passo cambaleante
Sob peso de cruz aceita
Abandono,
Solidão, exílio.
Dessocialização completa
Incompreensão
Bailando ao som de réquiem

Vigiam-te, títeres
Enlameados,
Vasculhadores
Vampirizados,
Insulam-te
Minudências da hiena
Espreitando carcaças
Por não achá-las
Babuja a calúnia, injúria
Barrelas que dela trazem.

Vejo-te o infranzido perdão
Na pertinácia
Da sequência disforme.
E,
Pelos que vem, vieram
Virão
Te beijo agradecida,
Retribuo-te o ombro
Meu apoio e braço
Coração insuspeito.

Canal, afluente ligante!
Ponte, travessa peroba
Podia mais enxergar
Ainda muito,
Bem mais.
Porém nada mais vejo,
Nem quero
Porque a luz tonteante
Que vem
De quem, nesta
Homenagem
Te abraça
Cega-me toda,
A mim,
Ao mundo. .
Ao te abençoar.


Henriqueta Lisboa – Espírito
(Poesia recebida via mediúnica por Arael Magnus, em 22 de Novembro de 2009, em reunião reservada no Celest- Castanheiras – Sabará


O PEIXE
Poesia é igual a peixe
Comprado no mercado
Pescado nos arroios
Grandes mares
Ou no poço.
Primeiro olha-se o olho
Olha-se o olho primeiro
Em seguida sinta o cheiro
O cheiro dá procedência
Depois apalpe a cor.
Verdadeira ela tem cor.
Fa-la-á picada, em postas
Temperada ao violino
Refogada
Em sentimento.


Henriqueta Lisboa – Espírito
(Poesia recebida via mediúnica por Arael Magnus, em 22 de Novembro de 2009, em reunião reservada no Celest- Castanheiras – Sabará)
.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.

Nota da Presidente- Nesta reunião estiveram também presentes os espíritos dos poetas Guilherme de Almeida e Paulo Menotti Del Picchia, que deixaram, respectivamente, 21 e 8 poesias, poemas, sonetos, e o primeiro lindos “hai-kais”. Além das 15 mensagens acima, o espírito da inspirada poetisa Henriqueta Lisboa marcou sua presença com mais 37 poemas, poesias e pensamentos, que serão em breve colocadas à disposição dos interessados. Devido ao espaço, muitos estão sendo colocados diretamente no blog da TV Intermedium, ou seja, http://intermedium.spaceblog.com.br/
e em http://araelmagnus-intermdium.blogspot.com/
Ou no You Tube em http://www.youtube.com/tvintermedium?gl=BR&hl=pt#p/u/0/5TvKGGE4MRw

terça-feira, 10 de novembro de 2009



O iscrito do isprito
(Cordel do Além)

Sô moço, mindá licença

Vô mostrá minha ciença

De versejá sem istudo.

Sô cabocro nordestino

Quem me guia é o Minino

Que manda aqui in nós tudo.



Rogo a tua anuença

Discurpe pelas ofensa

Desse véi assim rombudo

Na minha arretada sina

Vim proceis fazê a rima

Canto pruquê não sou mudo.



Vivi no meu Ceará,

Pronde inda quero vortá

Pra revê minhas prantinha

Os meu bicho, meu lugá,

Minha gente inda tá lá

Continua seno minha.



Cantei quas a vida intera

Fiz verso de mil manera

Fiz sorri e chorei mágoa

Pedi pra Deus a ventura

Que era trazê a fartura,

No sertão derramá água



Ninguém pode imaginá

O que é vivê a cramá

Sem conforto, sem cumida

Oiano os fiinho cum fome,

É triste dimai, viu home,

Eta amargosa de vida.



Veno os animá morrê,

Sem uma gota pra bebê,

Esticano assim, a míngua

Eu descobri no cantá

Um modo de recramá

Daí qui sortei a língua.



Fiz verso de todo jeito

Manco, torto, imperfeito

Mas num parei a rotina

Pedino as artoridade,

pra mandá lá da cidade

e a porvidência Divina..


Despois ficavo suntano

Garrado rádio, escuitano

Pra vê se tinha nutiça.,

Era pura perca de voz,

Pruquê os grandão, pra nós

só mandava a puliça.

Mas eu num me aperriei

Pra todo mundo cantei,

Gente simpre e tubarão

Improrano por clemença,

Tenha santa paciênça,

Óia pra nói do sertão...



Hoje eu seio que meu canto,

Num feis milagre de santo,

Valeu só um mucadinho,

Mas se eu pude fazê pôco,

Garrei cantá que nem lôco,

Percurano os caminho,

Pudera ter feito mais.

Pruquê quem pode num fais?



Meu zóio cansado bria,

Quano alembro a poesia

Que brotava assim, na hora,

Agardeço ao Padim Ciço,

Pru me ajudá no sirviço,
Jesus e Nossa Senhora.



Só cum ôio e mei manco,

Mistiço de preto e branco

Mermo assim eu deio conta

Cantei pra véi e pra novo,

Tentano ajudá o meu povo

A miorá a vida tonta.

Vortano naquele assunto:
Fais nada quem pode munto.



Seu moço, eu disgarrado

Doente, duro, quebrado,

Véi, feio, emprobecido,

Cunsegui levar pro mundo

Do coração, lá do fundo

Das mióra os pidido.



Agora aqui desse lado

Eu num fico sossegado
Pruquê inda óio a penura
Daquele povo sufrido

Do meu nordeste querido

Num magina a amargura..

Do lado das arta banda,
Armentô só porpaganda.

Essa tropa que guverna

No povim passano a perna

Num sabe o que lhe apara

Eu vô tá aqui na porta

Quano chegá morto ou morta
E dá neis uma coça de vara.

E oceis fica bem ativo,

Possu pegá ocêis vivo.



O meu cumpadi Zé Nona

Diz, caçuano minha cara

Qui eu vô derrubá Amazona

Pra encontrá tanta vara.

Mas disso num me aperreio

Córqué cois eu chego o rêio.



Discurpa a irreverença

Dessa minha insolença

Mas é difici, mermão
Vê gente disisperada

Morreno esfomiada,

Sujigano bandonada

Querditano nas cunversa

(Se não é paga é fiada)

Desse bando de imbruião.



Fico aqui, como um fantasma
Gato espicaçano a asma

Pedino que tenham dó,

Do meu nordeste gemente

Socorro pra quela gente

Cada dia mais pió,

Num tem água, só calô

E isturdia o doutô,

Mandô pra lá cubertô
E caixa de leite em pó.


Tem coisa que si num duesse

Seria inté ingraçada,

Misturo o choro cum o riso

Num perco rima ou piada

Isturdia me contaro,

E num foi cabra da peste

Que meu querido Nordeste

Manda agora no Brasi.

Tem Presidente, ministro,

Deputado, senadô,

Sem contá governadô.

Tanto assim nunca vi,



De seca trincô a bilha,

Dos bem que vai de Brasilha

Só receberu os arroto

Falaro em saneamento,

Mas inté esse momento

Só produziro o que serve

(falu isso o sangue freve)

Pra encher cano de isgoto.



Ô dotô, vê se isso vira,

Para cum tanta mintira

Vê se fais a coisa séra.

Du meu pidido num troça

Acode o povin da roça

Pra vencê essa miséra..
Na minha voz imbragada

Vejo a probeza danada

E ôceis achano gozado

Para com tanta indecença

Põe a mão na consciença

Vê se ajuda os coitado,

Dá um jeito de estancá

E a robaiêra acabá

Chega de tanta borrada

Ocêis fica aí sentado

No palácio, no senado,

E os probi fica sem nada.



Lembro o grande Capistrano

Que falô fais muntos ano

A verdade que escancara

Todo povo brasilero

Percisa de tê premero

Munta vergonha na cara.


Sô um cabra nordestino

Qui de burro nada insino

Mais aprindi cum a vida

Si ocê fais o bem, recebe

Na fonte do Pai cê bebe

Cum redrobada midida.



Mas se ocê judeia e oprime

Cumetendo esses crime,

A coisa intão fica preta,

Deus pode inté perdoá

Mas uma hora vai passá

Pelas garra do capeta.

E esse tempo é especro,

Aqui uma hora é um secro..



Nisso que eu falei ceis pensa,

E agora peço licença,

Pruquê já tô ino imbora,

Fica ocêis tudo cum Deus

Na paz do Sinhô Jesus,

No amô de Nossa Sinhora.



Vou saino ma eu vorto,

Onde dé meu canto eu sorto,

Se gosta ou não num importo

Sou eu da cabeça aos pé,

Um abraço apertado,

Assino, munto obrigado,

Do seu eterno criado

... Patativa do Assaré.



Antonio Gonçalves da Silva – Patativa do Assaré
(isprito)


Recebido pelo canal Arael Magnus, em sessão pública no Celest- Castanheiras –Sabará em 8 de Novembro de 2009)

Assista clipes de 400 músicas mediúnicas das mais de 1700 recebidas por Arael Magnus em
 www.youtube.com/user/TVINTERMEDIUM/videos?view=0&shelf_id=1&sort=dd

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A POESIA DE MARIO QUINTANA – Espírito -



Cálidas Mãos Vazias

Que pena! Pressa, euforia,
Regresso. Novo não trago
A não ser essa poesia.
Eterna moça, feliz.


Mesmo trágica, é absurda,
Pois faz n’alma alegria,
Se verso angústia afago,
Abre sorrisos de anis.


Que pena. Bem gostaria
Neste abraço ofertar-te
Diamante sem refrago
Nesta lágrima que é parte
Do mundaréu da saudade.

Mario Quintana - (espírito)
(Recebido em 1/11/2009 pelo médium Arael Magnus no Celest - Sabará –MG)}


VISITAS DE MAIO

Abriste a porta mansamente
Suave, vieste, em raffinée preto.
Cuidaste-me com o respeito
Que se devota aos príncipes.
Nem sei bem se te esperava,
Bem sei que não te queria.
Inda que te contemplasse.
Julgava-te estranha, fria.
Minha mão pegaste, quando
Mansamente abriste a porta
Eras bruma, noiva eleita.
Naquele início de maio.
O rasante transfigurando
Medonhos humores tristes
Da aurora surgiu o raio,
Pude no Sol, ver que fostes.
É verdade! Não existes.

Mario Quintana - (espírito)
(Recebido em 1/11/2009 pelo médium Arael Magnus no Celest - Sabará –MG)}


CURRUTELAS


Feliz, fui certa noite, em visita, a um amigo
Com quem, há muito, idéias dividia
Apareci. E o susto ao ter-se comigo
Foi tão feio a fazer dele um ogro, louco fantasma.
De medo, determinei assombrado, então
Aparecer a amigo? Dali em diante, eu não!

Marinho da Virgínia do Celso -- (espírito)
(Recebida em 1/11/2009 pelo médium Arael Magnus no Celest - Sabará –MG)}




DINASTIAS


Existe um setor escola.
Funciona em bom clima
Bem ali, a boa altura
Hospedaria exemplar.
Onde alunos se preparam
Para descer. Repetência.
O serviço é de primeira.
Os garçons e atendentes
São todos experientes.
Foram governadores
Banqueiros, mandões, doutores,
E quem atende o café
É ex-juiz de Direito.
Ascensorista, prefeito.
Porteiro, ex-senador.
Faxineiras inda usam
De madame, o toucador.
,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,
No alto, quem gerencia,
Aquela que manda mesmo,
Vive cevada a fazeres
Mil coisas a resolver. A tempo, tudo define,
Ela, sim, tem competência,
De ensinar a viver.
Tão bem não há quem ensine.
É Tiana, preta gorda, luzidia.
Que ao sorrir faz nascer o dia
Com mil dentes separados.
Foi de ”serviços gerais”, balde, rodo e esfregão..
Trabalhava em hospitais,
No final, no Conceição.
Era mãe, apoio amigo,
De todo pobre, mendigo
Anjo bom dos infelizes,
Caídos pelas calçadas.
Cobertor, manta, marmita
Remédio, ombro, era assim
A rotinoite constante. Desengonçada Tiana,
Cantando sob as marquises.
......................................
Lá do alto ela me acena,
Com aquela expressão serena
Espargindo em tudo, luz.
Sebastiana é seu nome,
Se pergunto o sobrenome,
Só completa:...de Jesus.

Mario Quintana Malaquias - (espírito)
(Recebida em 1/11/2009 pelo médium Arael Magnus no Celest - Sabará –MG)}


SEM GRAMPO


Falando sou Mário
Escrevendo, Mario
Lembrando sou vário
Esquecendo, vario.
MMQ -- (espírito)
(Recebida em 1/11/2009 pelo médium Arael Magnus no Celest - Sabará –MG)}


MODERNISMO INTERPOETAS

Ó tempos, Ó mores!
Rir, me fazem, de vera, os Jorges
O (Bem) Amado e o (Bom) Borges
Triturando, dedos de marretador,
Medrosas teclas do computador.
Cessa o inverno vem a primavera.

Mario Quintana - (espírito)
(Recebida em 1/11/2009 pelo médium Arael Magnus no Celest - Sabará –MG)}


Jardins

Quinhentos e seis mil,
Setecentos e oito metros
É a lonjura gauchesca
Da roseira que plantaram
Para mim, no mausoléu.
Sempre rogo, em poesia
Que esta espinhenta integre
Neste espaço, o meu céu,
Do Alegrete a Porto Alegre

Mario Miranda Quintana - (espírito)
(Recebida em 1/11/2009 pelo médium Arael Magnus no Celest - Sabará –MG)}



CAPIM DA CAMPA

Vagarinho, tal em prece
Doces perguntas de afeto,
De como ando, o que faço.
Normal -, informo, contido,
Ou melhor, resignado.
Namoras?- insiste, inquieta.
- Claro, namoro a lua,
São Jorge e o dragão.
E mangando assim, me calo
Meneio pra que não sinta
Que ali, nem se descubra,
Quem me namora é o cavalo.

Mario Quintana - (espírito)
(Recebida em 1/11/2009 pelo médium Arael Magnus no Celest - Sabará –MG)}


ORGULHO

Num salto, uma petulância
Avança o sinal, vem-me,
Em viva lembrança,
Abatendo as presunções:
Da manga podre, os vermes,
São mais brancos que os meus.

Mario Quintana - (espírito)
(Recebida em 1/11/2009 pelo médium Arael Magnus no Celest - Sabará –MG)}


SEGREDO PARA CRIANÇAS

Olha guri, queres te tornar super herói?
Nestas palavras, agora, presta muita atenção;
É preciso abrir a conta do Bem no Heaven’s Bank.
Todos os dias, sem falta, depositar boa ação.
Existe lá um gerente, que anota atentamente
Todo o bem que praticares. Tua conta vai crescendo ...
E, magicamente, trazendo a ti, milhões de poderes.
A propósito: Fizeste hoje teu depósito?

Tio Mário – (espírito)
(Recebida em 1/11/2009 pelo médium Arael Magnus no Celest - Sabará –MG)}

Nota – Em reunião no dia 1 de novembro de 2009, que durou das 15 às 19,15 o espírito comunicante deixou, além das 10 acima, mais 42 mensagens, dentre trovas, pensamentos, sonetos e poemas, e um conto em 19 laudas manuscritas, que serão disponibilizados em breve, na internet, via e-books, conforme orientações do coordenador do Projeto, Padre Aldo.
Lídia Luiza Passos- Presidente - Celest

Ouça músicas mediúnicas recebidas por Arael Magnus clicando no link
http://www.youtube.com/tvintermedium?gl=BR&hl=pt
leia mais mensagens de Arael Magnus em http://intermedium.spaceblog.com.br/

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A Poesia de Fernando Pessoa - Espírito -



Sou Eu, Mãe...


I

Cerrados os olhos ainda assim também enxergam
Entre escolhos dos escombros agros idos, exíguos.
Que neste infindo turbilhonar do éter a ti segregam
Criando interno hino lúdico, dos conceitos ambíguos.

Reminiscentes luzes, plangentes virtudes, te ergam,
No escoimar de jaças que te sucumbem aos perigos
Realinhar de forças das naturais feições que vergam
A descompromissar leis de incréus, retardos jazigos.

E como ao feito, do morto revivente da Betânia
Soluçante emoção, dissolvida em mirífico desvelo,
Estancados, loucos sentimentos, de agra cizânia
Gritantes, que prossegue a vida, e é em teu zelo,
Que osculo a cada um dos teus, Ó Lusitânia.
II
Doutro, onde destilo os mares do veneno, pregam
Que as pagas não bem pagas te sejam esquecidas
Em pleno exílio, doze mil velhos pecados renegam
as homenagens vãs, que do além foram rendidas.

Alhures espreitam apensos, qu´em laivos s´esfregam
No incorruptível tribunal avesso de tuas várias vidas
Louvando os insultos que nas dores a ti te entregam
Anatematizando inconsciências frias, ressequidas.

Tal como nau tornante deslizo olhar ébrio à linha litorânea
Encharcada de alegria, exulta, brilha, salta, aira, festejante
A assemelhar-me tresloucada alma, em incurável insânia
Gritando que prossigo redivivo, ativo, em ardor retumbante!
Neste apertar ao peito a cada um dos teus, Ó Lusitânia!
III
Vertigens de rolar despenhadeiros, dos quem navegam,
Na certidão ignota de bardos aventureiros sós, tardios
Impossivelmente circunscritas paragens que refregam
Com sonhos irreais dos sepulcros, a contemplar, vazios.

Sou eu mesmo, o que volta rogativo, aos que me negam,
Nenhuma tolerância aos imperceptos triunfos, nós vadios
Mas, toda bondade aviltada em amor que os ódios cegam
A este amor tão grande que no eu de mim derrota os brios

Sou eu mesmo, Mãe amada, semente torna extemporânea
Por nada ter de si, a ode te exorna em puro áureo acalanto
Querendo de ti sentir Olísipo, a grita, a paixão insucedânea
E repetir de inspirada harpa, bel fremir de eivado encanto
Amo-te, amo-te muito, amo-te sempre, ó minha Lusitânia!

Mas, como deplorei, tal que eu vejo- Milagre- não possam vê-las,
Lágrimas, de ao despejar brilhantes, mais que sóis, nem retê-las.

Fernando Pessoa- espírito
(Recebido pelo canal Arael Magnus, em sessão pública no
Celest- Castanheiras- Sabará, em 25 de outubro de 2009)



AMOR


Tomei, como de assalto, a mente a passar, alto, pela iluminada senda.
Roubei, com doces fluidos, os pensamentos e ruídos. Ceguei-os, sem venda.
É bem mais natural do que nos contam, e apontam. Nada místico. Só holístico.
Porque a sê-lo precisaria cotejar a religião do franco lionense, e então faria,
Habilitação em espiritualidade, com conceitos inamovíveis, de igrejas estanques.
Ou então me entronizar nos ritos esotéricos, misteriosos channelings ianques.
Ou (pior ainda!) me converter aos famélicos exércitos das ganãncias, histéricos.
Quem sabe me adestrasse na iniciática dos vedas, budistas, feiticeiros, alquimistas.
Mas disso não tive falta, de mim não se cogitou, ao menos, se crença eu tinha.
Talvez soubessem que não a tenho (nem ainda), a não ser a profissão da língua.
(Essa sim é minha religião, de humanas felicidades, meu Nirvana e meu Hades)
Se bem que, ando a desconfiar (desconfio), que, dentro, estou a promover desvio.

Hoje é mais incomum de vê-la, mas a mediunidade, por sê-la, veio antes de nós.
O sopro é superior à carne. No princípio, no meio e no fim, é o Verbo, é a Voz.
Eu mesmo, em pessoa (?), na última parada o fui, mediano “médium”, inconsciente.
Ou melhor, talvez fingida (?) inconsciência, porque eu sabia que o era, certamente.
Mas, sejamos justos comigo; Nem sempre eu o sabia. Só quase sempre, (de viés).
Psicografei de mim mesmo e admirava ler-me como a revelar-se um novo Moisés.
No fundo de meu baú garatujei mil reformas, em formas que nem Lutero sonhara.
Muito mais que Homero, fiz Ilíadas e Odisséias. De Camões, novo Lusíadas.
Até de Eça, Camilo, Antônio, Junqueiro, Vieira, recebi em inconsciente transe.
De Lacerda, alternei, ora ele, ora eu. Hoje recebo Saramago (... o cenho franze).
Vi, de Ulisses, os trabalhos em sua pole, e carreguei a flor, que fiz na via feliz.
De Tagore os meus versos vicejaram, copiados, copiosos, opiosos. Foi de mim,
“-Não podes ver o que és. O que vês é a tua sombra.” - Eu quem disse isso, sim.

Mediunidade, ponte, travessa, dupla pendência, canal de força, divina demência.
Well, I can almost see end of the tunnel. After all...

Só me enxerguei por normal quando heteronimicamente escrevia. Fingia.
Nunca aceitei “por quê?” isso não seja pasta obrigatória, de ensino elementar.
Sou a um só tempo “médium” e mentor, canal e avatar, e penso, apesar de...
Bernardo, Caeiro, deles era fonte, passagem interferente, canal, primamente.
Com o Álvaro difere, porque era ele quem o era, eu pensava, ele não. Então...
Talvez por isto não o tenha mais visto, nem a Crowley na imensa sala de estar.
Se bem que de muitos nem notícias tenho. Tantas que, sem graça, perguntas faça.
É como na coxia dos teatros: palavras doces se azedam e as máscaras se quedam.
Eu mesmo ficava a pensar que era bem pior do que o sou, estaquei na tangente.

Ninguém pode imaginar quanta decepção espera belos “santos” graúdos, sisudos... Ah...
Recheados em galardões e ungidos em cantochões, de auréolas postiças, clamam.
Ficam na fila, regurgitantes, a exigir, dedo em riste, um “pouco mais de respeito”. Triste.
Muitos até se nomeiam credores, mas trazem marcadas na testa, por falhas, a besta.
Quanto mais argumentam a se justificar, mais o lodo revolvem, e os pesos os envolvem.
Outros, surpresos, extáticos, aturdidos ficam. Nem crêem, quando ao pódio são trazidos.
São os melhores, são muitos, que por santa humildade pedem nova conferência. Mudos.
Remoem a duvidar que fizessem tanto bem. Não crêem, mas são os melhores. Em tudo.
Invariavelmente, rogam retorno à lida. Não à vida, mas ao trabalho, e na faina se doam.
E são, estes, a salvação, os anjos de guarda, a proteção na crosta. Inteiros se doam...
Claro, os invejo, porque sempre representam o desejo do que se quer ser. Entoam,
Que a religião deles é Amor, a única, verdadeira, que Deus Criador, se a tiver, deve ter.

Fernando Pessoa (by Richard Kings)– espírito –
(Recebido pelo canal Arael Magnus, em sessão pública
 no Celest- Castanheiras- Sabará, em 25 de outubro de 2009)
Em abril de 2018 estive no Chiado, em Lisboa, onde colocaram uma estátua em
bronze do amigo, que em espírito nos visitara alguns anos antes.

CHIADO

Ainda me calavam fundo as emoções no peito
Setenta e dois dias depois de receber o preito:
Homenagens pelo meu inacreditável centenário.
Ali, naquela praça, feliz sorvi o amor, o respeito
De amigos de hoje e d`antes, meio sem jeito
Cantei, dancei, chorei, no meu aniversário.

Mas aí... sereias latejaram sentidos a-dor-mecidos.

Percebi meu coração arder, como infinita brasa
A consumir-se inteiro em dor ímpar, profunda
Não é dor comum, porque aquela a tudo arrasa
É sem limite ou termo. De fogo o mundo inunda.

Sinistra coluna espessa de malcheiroso fumo
Subia a afrontar o céu, mudando o tom e o rumo
A rodo destruindo de modo grosseiro, pavoroso.
Avermelhando os ares, labaredas desafiantes
Faziam aparecer num amado cenário de antes
Um gigantesco inferno, mais quente, tenebroso.

A média pombalina ardeu, em feérico fogo e pranto
No incêndio o coração a derreter saudoso encanto
Marca de dor dantesca, apreendida, em cada rosto
Descomunal miséria moral, caindo sobre escórias
Calcinando os fatos, abraços, imortais memórias
Lágrimas sem fim de um vinte e cinco de agosto

Vi anjos, chamuscados, segurar, de águas, ponteiras
Co’s heróis de Cacilhas, sem nome e lugar, maneiras
de abafar devorador monstro, vertedoiro de tudo em tição.
Horrendo demônio a estrangular a aura, a alma, o coração.
E agora, revivendo, amargado, petrificado espectro vejo
O chorar incontido, tão dorido, inda a transbordar do Tejo.

Fernando Pessoa via Bernardo Caeiro - espírito
(Recebido pelo canal Arael Magnus, em sessão pública no Celest- Castanheiras- Sabará, em 25 de outubro de 2009)



Pedido

Olhando pelo fixo monóculo de minhas imagens fátuas
Reivindico aos pombos mais respeito com as estátuas.
                                                                                            (Fernando Pessoa)- espírito


Poesia Brasiliensis

Versejar desta maneira, em modos de verbos novos
É em rua de cascalho, descer u’a carroça com ovos.
                                                                                             (Fernando Pessoa)- espírito

(Recebidos pelo canal Arael Magnus, em sessão pública no Celest- Castanheiras- Sabará, em 25 de outubro de 2009)

assista o vídeo psicofônico em http://www.youtube.com/watch?v=iwk1OONse4I