sexta-feira, 13 de julho de 2018

LÚCIA, espírito, A VIDENTE DE FÁTIMA


Espírito de Lúcia de Jesus - 
a vidente de Fátima- afirma:


"EU NÃO VI SANTA NENHUMA"

Por Pier Giorgio Frassati- espírito- 5 de 15    
recebida pelo Canal- Arael Magnus Lazarotti 
em 20 de abril de 2018, em Cacilhas- Portugal



ENCONTRO NA COLÔNIA DE CACILHAS

Nos meados do mês de abril de 2018, juntamente com Irmã Tereza da Cruz, visitamos uma Colônia espiritual situada na Orbe, em região cuja referência geográfica seria Cacilhas, à margem do Tejo, na direção do mirante que fica na Casa da Cerca, do outro lado de Lisboa, Portugal. 

        É uma colônia destinada à recuperação, acolhimento e tratamento de espíritos de religiosos, padres, pregadores, pastores e freiras, cuja população atual, segundo nos informaram, está hoje em torno de 15 mil indivíduos. Essa Colônia é dirigida por um antigo taumaturgo, muito conceituado nos meios religiosos, mas que prefere ser identificado apenas por "IRMÃO FERNANDO", que dá também nome ao grande hospital, dividido em 18 departamentos específicos. Estávamos ali para visitar Irmã Lúcia, a vidente de Fátima. Nossa visita foi provocada por Irmã Tereza da Cruz, atendendo a uma solicitação do citado dirigente.


       Fomos levados então. a um pavilhão com um corredor muito longo, onde estão cerca de 60 quartos, individuais, onde se distinguem dezenas de enfermeiros, naturalmente prestando atendimento aos ocupantes daquelas câmaras. Não há sentinelas ou guardas, como em outros lugares do grande centro de tratamento, o que denota que ali devem estar internados os que estão em equilíbrio de consciência.  Entramos eu e Irmã Tereza, no quarto 34, conforme indicado pelo guia. Irmã Lúcia estava na cama, recostada, e parecia nos aguardar, já que fora avisada sobre nossa visita.


EXPRESSÃO MÁXIMA DE DOR MORAL

Poucas vezes, ou talvez nunca, eu tenha presenciado a expressão de tanto sofrimento num ser humano. E olhe que em Turim, na Igreja em que eu ficava, haviam muitos dramas. Lágrimas grossas, apreensão intensa, olhos vermelhos, esbugalhados, palavras cortadas por soluços. Este é o quadro inicial. 

          À minha frente uma mulher prostrada, destruída, mostrando em cada gesto o desespero, a angústia, dor moral. 
          Irmã Tereza da Cruz, mesmo em sua higidez e fortaleza, também revelava comoção e grande confrangimento diante de um ser submetido àquela prova.
Por instantes ficamos parados, os dois, talvez atordoados pelo torpor com que nos deparamos naquele quarto, simples, com pouca luz, isolado. Titubeante, porém com intenção definida, sugeri à Irmã Tereza:
- "Talvez fosse bom que fizéssemos, antes, uma oração... em favor dela...."
Sem que eu completasse a frase, nossa iluminada coordenadora, interrompeu-me:
-" Não... agora não...apesar de ser a oração fervorosa sempre um remédio e um apoio, agora não... talvez ao final da conversa..."
A mulher nos olhou desconsolada, mas revelou vivo sentimento de gratidão ao reconhecer, na penumbra, a visitante repetida. E com esforço, estendeu os braços em direção à amiga querida: 
           -" Irmã Tereza... Deus seja Louvado... que bom que a senhora veio de novo...." (e abraçando àquela em quem tanto confiava) justificou-se:
 coordenadora Tereza da Cruz - espírito
          - "Desculpe encontrar-me desse jeito...mas tenho andado mal... desculpem-me..."

Após um demorado abraço, esfregando as próprias mãos no rosto, como a tentar se recompor, ainda recostada,  dirigiu-se a mim, com um tímido sorriso:
- "Olha jovem... não se desconforte ... sinta-se à vontade...."
Novamente Irmã Tereza interferiu, como a acudir:-
          " Este é Pier Giorgio, nosso amigo...trouxe-o comigo, para  conversar com você. Creio que seja bom para aliviar sua ansiedade. Ele, hoje, é o responsável pela comunicação no Projeto ALFA... pra acertar uma dívida com seu pai, atuando agora como jornalista, que se recusou a ser. Da última vez que aqui estive você reclamava que ninguém queria dar-te ouvidos....sobre aquelas coisas... e acho que Frassati pode ajudar nisso."

         "NUNCA QUIS SER INTERNADA"-


           Nos acomodamos no pequeno quarto, e o olhar de Irmã Tereza pousou sereno sobre aquela mulher amargurada, como a lhe transferir energia e força. 

E falei:- "Olha, nós estamos aqui para ouvi-la, sobretudo para esclarecer alguns pontos que são muito nebulosos. Mas a senhora tem toda a liberdade em nada responder, caso queira. Achamos que podemos dar uma dimensão maior nas informações que nos prestar...nada forçado.... queremos ser úteis, não inconvenientes... cara Irmã Lúcia do Imaculado Coração...." 
Ela interrompendo-me, informa:- "Não.... não me chame assim.... chame-me apenas Lúcia.... estou há muito tempo triste por ser chamada por esses apelidos.

            Nasci Lucia de Jesus Rosa dos Santos. Mudaram o meu nome diversas vezes. Já fui Dores, Dóris, Maria das Dores, Maria Lúcia, Imaculada...enfim.... Nunca quis, em verdade, estar internada em qualquer lugar, muito menos em conventos, e isso aconteceu em Portugal, na Espanha em diversos lugares, como no Porto, em Braga, em Coimbra... nunca foi de minha vontade. Tinha que ficar, sempre vigiada e ameaçada pelas superioras, pelos padres, pelos bispos..."- desabafou.

-" Mas por que as ameaças?"- perguntei-" Conte-nos um pouco sobre elas."

Pier Giorgio Frassati
-"Bem...-prossegue Lúcia-"É preciso entender primeiro que era importante para eles deixarem-me isolada, porque eu poderia falar mais do que devia e derrubar toda a encenação armada, já que eu nunca aceitei as alterações e deturpações que fizeram quanto à verdade de minhas visões. 
                Eu tive sim, muitas visões, inclusive antes das mais famosas, em 1917, de 13 de maio e 13 de outubro. Eu era uma criança inquieta, imaginativa e muito influenciável."

           E continua, já mais contida: "Era a mais nova em casa, e por isso estava menos obrigada à lida, em casa ou no campo. Por isso até a história de "3 pastorinhos" já é também uma mentira, dentre tantas outras. Nós sempre fomos pobres, quase miseráveis, naquela pequena comunidade rural. Tínhamos uma vida em condições inferiores.


          Meus pais, Antônio e Maria Rosa tiveram 6 filhos, que sobreviveram: Maria de Jesus, Teresa de Jesus, Manuel de Jesus, Glória de Jesus, Carolina de Jesus e eu, a mais nova, cinco anos menos que Carola. Minha mãe era uma das poucas que sabiam ler na comunidade. E lia sempre partes da Bíblia para nós, em pequenos cultos domésticos. O padre Faustino dava a ela livros com contos religiosos. Ela também falava sobre aparições, sobre o céu e sobre o inferno e nos ensinava as orações habituais. "
Arael Magnus, no mirante da Casa da Cerca, em
Cacilhas. Ao fundo o Tejo, a ponte 25 de abril e Lisboa,
quando recebeu esta mensagem, em 20 de abril.

AS VISÕES ERAM COMUNS, 
DESDE MUITO NOVA

"-Certo dia, eu completando oito anos, junto com minha irmã Maria Rosa e com as primas Maria Justino e Teresa Matias, estávamos a catar frutinhas e gravetos na Loca do Cabeço, região de pastagem e também pertencente, em parte, às terras de nossa família, e tivemos juntas uma visão.Todas viram, todas assistimos.

          De início pensamos ser talvez o marido de Maria Rosa, escondido entre os arbustos, mas quando nos aproximamos percebemos que era um ser diferente, que nada disse, apenas nos olhou e, de repente, flutuou e desapareceu. Voltamos assustadas para casa, mas minha mãe nos repreendeu dizendo que estávamos "inventando coisas", e que nós tínhamos mesmo era visto bichos do mato. 

           Mas, as visões se repetiram, por mais outras vezes. E não me assustavam muito, pois, eu tinha quase nove anos, e conhecia apenas o mundo do lugarejo onde morávamos, e como não faziam mal, as visões passaram a ser normais em minha vida." 


Lúcia, ao centro, ladeada pelos primos Francisco e Jacinta e sua família em 1917
        E o espírito de Lúcia, a vidente de Fátima, um pouco mais calma, prossegue:
      "- Minha mãe sempre me repreendendo, fazia com que eu ficasse de joelhos por horas, a fim de "espantar o demônio" que eu estava atraindo. Mesmo assim, mesmo sabendo que poderia sofrer reprimendas, eu continuava a falar pra ela sobre o que eu via. Meu pai era mais severo nas palavras, mas não me impunha castigos. Como eu insistia nos relatos, minha mãe, incomodada, falou acerca disso com o padre Manuel , que não demorou em aparecer em casa. Fez orações, conversou comigo longamente, contou sobre os castigos, os perigos de "se envolver com os demônios", mas, não deu muita importância aos fatos, atribuindo isso à imaginação de uma criança carente.  

          Logo depois apareceu o padre Faustino. Mas, apesar de me repreender, tratou-me de maneira diferente. Insistia em que eu afirmasse que eu vira mesmo era um anjo."


  "EU ERA UM BOM MATERIAL PARA O PROJETO DOS PADRES"

E continua a narrativa, o espírito de Lúcia, a Vidente de Fátima:

-"No final do ano de 1916, começaram a vir mais religiosos para a região, e queriam saber de relatos e detalhes sobre as visões, que nesta altura já eram chamadas "aparições". E sobretudo nos finais de semana, percorriam as casas em busca de informações sobre o que era visto, quem via, onde aconteciam. Dentre estes, o já citado padre Faustino, que insistia em que nós (eu eu meus primos) precisávamos colaborar com a obra de Deus. 

             E nos mostrava como:- Vocês não estão vendo e nem ouvindo o que vocês disseram. Vocês viram a santa, a Nossa Senhora! Vocês foram abençoados para essa importante missão! Isso vai ajudar a muita gente a se livrar do inferno, inclusive parentes seus! Mas tenham mais atenção e afinem os sentidos, para que a vejam, e isso não é fantasia"... e assim por diante. Eu estava na frente de uma pessoa importante, o pároco da freguesia. E ele era candente, como o eram também os outros que nos pressionavam. Minha mãe não gostava muito dessas ideias, e insistia em que desmentíssemos tudo, que parássemos com aquilo, pois pra ela, tudo não passava de um engodo. E era."


PADRE MANUEL FORMIGÃO- O MENTOR

E o espírito de Lúcia, a vidente de Fátima continua o relato:
-"Mas, já em 2017, no início, quem passou a comandar mesmo toda a situação era um padre alto, bem apessoado, jovem ainda, com seus trinta e poucos anos, Manoel Formigão. Ele, além de orientar os outros padres, conversava longa e autoritariamente conosco, principalmente comigo. Foi ele quem sugeriu que eu devesse ser levada para o sítio do bispo, no Porto, no final de outubro de 1917 "para preservar-me de curiosos e ameaças". Fui levada à força, contra a minha vontade e contra a vontade de meus pais. O padre Formigão foi quem colocou as palavras em minha boca. Ensinava-me como e o que deveria falar, e alguma coisa a meus primos. 

        Tudo foi planejado, programado, como uma peça de teatro. Posteriormente, um padre que era dono de um jornal, José Lacerda, também publicou "muitas palavras em meu nome", inventando e orientando o pessoal dos jornais de Lisboa e outras cidades sobre "fatos", a maioria criada por ele. As "aparições" eram divulgadas nas paróquias vizinhas e a cada dia aumentava mais o número de pessoas que vinha ao lugarejo. Era gente demais, de todos os cantos." 

1917-Jacinta, Lúcia e Francisco. Pela expressão percebe-se que não estavam à vontade.

No entanto, muita gente já desconfiava das tramoias, pois via nisto uma repetição de outros casos,como  alguns que caíram no anedotário, como a "aparição da imagem de Nossa Senhora das Ortigas".- comenta o espírito de Lúcia de Jesus.

Nesse momento, o espírito de Irmã Tereza da Cruz nos interrompe para complementar a informação:

- "Por volta dos meados do século XVIII, foi criada uma situação por padres da região, com a lenda da Senhora das Urtigas. A localidade é próxima de Fátima, cerca de 2 kms. Inventaram lá que uma pastorinha (mais uma!) tinha visto a Mãe de Jesus, e que pedira a ela que lhe desse um cordeirinho. A menina voltou para casa e relatou o pedido ao pai. Assustado o pai foi com a menina até o local, e ali encontrou uma imagem, e a levou para o Casal de Santa Maria, um arraial, onde a imagem desapareceu, sendo reencontrada no Cabeço das Urtigas, local da anterior aparição.

         O detalhe "milagroso" é que a rapariga era muda, e falou com o pai, e aí o êmulo do enredo. Claro, providenciaram a construção de uma capela no local, que posteriormente se transformou em Santuário. Só que o pai da moça, passado um tempo,  deu com a língua nos dentes, denunciando que tudo tinha sido programado pelo pároco. Não foi uma crise de honestidade dele, mas reclamava porque não tinha recebido do padre o pagamento prometido. Isso virou motivo de deboche na região e naturalmente comprometeu de vez o conceito de veracidade de mais esse caso.

          Passados alguns anos, "revitalizaram" a lenda e construíram uma grande igreja, que está lá, mas... a crendice não superou a incredulidade...ainda. Por isso poucas pessoas conhecem a história, mesmo estando tão próxima de Fátima."

E o espírito de Irmã Tereza aduz:

  -"Importante frisar que essa região e muitas outras em Portugal, Espanha,  França, sobretudo, foram (e continuam sendo)  invadidas por um punhado de  "aparições" e pseudo-fenômenos, o que foi até chamado de "epidemia". A história de Carnaxide é uma das mais interessantes. Ali acharam uma pequena imagem de Maria, numa gruta junto a ossadas humanas. Aí veio a onda de Nossa Senhora da Rocha de Carnaxide. Só que o local pertence ao Concelho de Queijos, mas, por razões compreensíveis, passou a denominação para Carnaxide... mais elegante, pois.

           Esta também caiu no descrédito após a revelação de um dos jovens participantes da caravana, que era também coroinha, de que tudo não passava de uma encomenda do padre. Mas, mesmo com o ridículo demonstrado, com o passar do tempo, douram a pílula, e o que era lenda é reforçada com argumentos clericais, textos emocionais, relatos, testemunhos fabricados, milagres fabulosos e promessas de salvação, procissões, fogos de artifício e por aí vai. 

          Os simples e incautos, os ignorantes e fanáticos passam a aceitar os "milagres" como obras divinas. E estes são a grande maioria. Esse expediente (o das camuflagens e engôdos) a Cúria Romana usa e estimula em todas as partes do mundo, tanto na Europa como (e principalmente), na América Latina."- 
          E conclui-
           -"Com o surgimento das denúncias de fraude, as histórias não colam, e daí passam a tratar alguns destes casos (os que conseguem mais adeptos) como "lendas", pois assim eliminam os questionamentos, descriminalizando atos condenáveis. Mas... as peregrinações são espoletadas. A princípio alguns dirigentes eclesiásticos se mostram reticentes e refratários, mas, quando surgem as receitas financeiras, mudam o discurso ... naturalmente.".

De volta ao relato, o espírito de Lúcia de Jesus fala sobre o padre Manuel Formigão, que "protagonizava" toda a grande cena das aparições em Fátima:


-"Numa manhã de junho de 1917, o padre Formigão trouxe-nos algumas roupas e panos, e pediu que eu meus primos Jacinta e Francisco, também usassem lenços, já que normalmente, em época de frio e chuva, colocávamos toucas que minha mãe e minhas irmãs cosiam. Nesta manhã conversou conosco em separado dos adultos. E fez impressionantes "revelações", que nos deixavam, ora felizes, ora aterrorizados.  


                Num determinado instante ele falou:
-" Olha, eu também vejo a Nossa Senhora, e converso com ela, sempre!. E ela pede que eu dê uns recadinhos pra vocês. Ela  diz pra que você, Lúcia, continue a ordenar às pessoas que rezem todos os dias o terço, como lhe falou padre Faustino.                  E que ela voltará todo dia 13 de cada mês, e trará as orientações para o que vocês devem fazer e como se comportar. Vocês, Francisco e Jacinta, devem rezar o terço e fazer sacrifícios e jejuns para salvar muitos meninos do inferno."- e completava:

              - "Nossa Senhora vai  ficar muito feliz se fizerem tudo direitinho, e prestem atenção: o diabo vai tentar vocês para que digam que é tudo isso é mentira...mas vocês devem resistir e qualquer coisa, me avisem..."


Os três, já com panos novos e os lenços na cabeça, no lugar das toucas. Mas a expressão....
             E o espírito de Lúcia, continua:
-"Assim, todas as informações que eu prestava sobre as visões, vinham de palavras e frases que o padre Formigão pedia que eu dissesse. Contou-me que esteve em Lourdes na França e visitou a gruta onde Nossa Senhora apareceu, mas garantiu que a Nossa Senhora daqui era muito melhor, muito mais forte, mais bonita e mais verdadeira que a de lá. E que a nossa iria ajudar a salvar os soldados portugueses que tinham ido pra guerra, inclusive meu primo Manuel, irmão de Jacinta. E enchia a minha cabeça de recomendações, sobre o que eu devia e não devia dizer. 

              Muitas vezes ele mesmo respondia por mim, a quem perguntasse alguma coisa diferente. 
              Nos dias marcados ele sempre estava ao meu lado. Se por acaso tinha que ficar fora, vinha em seu lugar outros padres, Faustino, Lacerda, Manuel e outros, atentos, vigilantes."


EM 13 DE AGOSTO NÃO DEU PRA FAZER O GRANDE MILAGRE!

-" Lembro-me que, no início do mês de julho, Padre Formigão chegou numa tardinha, nervoso, preocupado, e conversou longamente com meus pais. Meu pai, Antônio, queria que aquilo tudo acabasse, porque já estavam caçoando dele na feira. Referiam-se aos comentados fiascos de Carnaxide e de Ortigas, além de outros. Mas, padre Formigão foi enérgico e ralhou com ele. 


            Quando acabou a conversa, chamou-me num canto em separado e disse:                   - "Olha, depois de amanhã, dia 13, Nossa Senhora estará aparecendo na azinheira, mais ou menos na hora do almoço. Quer que você transmita a todos um recado sério. Ela disse que é pra você informar que no dia 13 de agosto vai fazer muitos milagres, curas e bênçãos aos que estiverem presentes e em penitência e fé, e principalmente, que fará um grande milagre, para que todos acreditem nela e naquilo que vocês três dizem. No dia 13 de agosto! Dê esse recado, Lúcia. Maria Rosa, sua mãe, vai treinar pra que você não se esqueça de nada. Nossa Senhora vai ficar muito feliz." completou o padre.

E Lúcia prossegue- "Nesse dia minha mãe ficou bastante ansiosa, e disse ao padre que aquilo estava prejudicando às crianças. Ele pediu a ela, calma, que confiasse nele e em Nossa Senhora. Disse que eu era um instrumento usado por ela para ajudar a muita gente  e antes de sair deixou um pequeno pacote com dinheiro para meu pai, para comprar alguma coisa boa para que comêssemos, e saiu, recomendando que eu treinasse bem.

"No dia 13 de julho  durante a visão, dei o recado do grande milagre, e assustei-me com o grande número que compareceu. Era muita gente. E foi recolhida num lençol um monte de dinheiro, dado pelos que ali estavam. 
            O comparecimento da multidão decorreu da notícia espalhada pelos padres nas paróquias, e alguns disseram que os jornais da região estavam noticiando e já preparando material a respeito. Hoje sei que o padre Formigão tinha enviado aos jornais, da região e de Lisboa, cartas, recados, notícias e anúncios sobre as promessas de Nossa Senhora."

-" No dia 13 de agosto, porém, de madrugada, meu pai, frustrando os desejos do padre Formigão, levou-nos, de carroça, para a casa do administrador da freguesia do Concelho de Vila Nova de Ourém, sr. Artur. Quem pediu que ele conversasse conosco e nos abrigasse foi meu próprio pai, Antônio, que sr. Artur chamava de "Antônio Abóbora", por causa da feira. 


               Meu pai (creio) ficou muito chateado porque no último encontro, os padres juntaram o lençol com o dinheiro e colocaram no carro, sem deixar nada pra trás. Era uma trouxa grande de dinheiro. Na casa do administrador fomos bem tratados, e ficamos na casa dele por dois dias. A esposa dele nos acolheu, cuidou dos três, permitiu brincar com as coisas de outras crianças e nos deu algumas merendas."

E respirando fundo, o espírito de Irmã Lúcia, complementa:
               -" Claro que é invencionice dizer que fomos presos, ou colocados na cela com prisioneiros, ou mesmo ameaçados de sermos jogados no caldeirão fervente.                      Isso foi, indevidamente, colocado em minhas ditas "memórias", pelo padre que as escreveu e por outros mentirosos. Meu pai estava conosco, e comentou com o sr. Artur que achava muito estranha aquela "farra" dos padres. Assim, o encontro e as aparições, bem como o grande milagre prometido não aconteceram. 

                Quando voltamos para casa, no dia 15 de agosto, recebemos o Padre Formigão. Ele ficou muito bravo, e ameaçou meus pais, relatando situações de pavor, como a possibilidade de sermos condenados por heresia, e como na inquisição, sermos levados até para a fogueira. Nós todos ficamos com muito medo. E em 19 de agosto, por "prudente" recomendação de meu tio Manuel, fomos para um sítio em  Reixida, Valinho, quando anunciamos a nova aparição, e foi marcada a nova data para o "grande milagre", 13 de outubro de 1917, na azinheira da Cova da Iria."-


A LAVAGEM CEREBRAL ERA CONTÍNUA E CRESCENTE

- " Nós éramos submetidos a uma lavagem cerebral interminável, e claro, crianças rurais, analfabetas, de famílias ignorantes, tínhamos medo dos castigos, do inferno, do diabo... e dos padres...ficávamos apavoradas...claro! 


           Jacinta e Francisco passaram a fazer extensos sacrifícios e jejuns, e passavam o dia rezando... uma paranoia. Não dormiam, não comiam e assim cada dia estavam mais fracos. Não tenho dúvidas de que a morte dos dois, menos de um ano depois, foi em decorrência desse enfraquecimento, que não lhes permitiu (como a muitos outros da aldeia) resistirem à febre espanhola de 18. Até começar essa situação, eles eram fortes, saudáveis... mas pereceram..."

Lúcia, a vidente de Fátima, fez um pequeno intervalo, atendendo a um dos componentes do corpo médico da Colônia; Quando liberada, fiz-lhe uma pergunta:


- "Mas, a senhora via e ouvia o quê, mesmo? Fale-nos sobre isso"- indaguei:

-"Sim, eu via e ouvia, já desde os seis, sete anos de idade, alguns personagens interessantes, que não eram de carne. Isso é muito mais comum do que as pessoas pensam, e ocorre com o ser humano em todas as partes, há milênios, principalmente com crianças, que possuem os canais de percepção mais abertos. Eu havia relatado ao padre Faustino e ao padre Formigão, as visões que eu tive, na Cova da Iria.
              Posteriormente, chegou com um padre do jornal, o padre Lacerda, em setembro, em minha casa, onde repeti o relato, que conto agora pra vocês e que foi depois adulterado. Foi assim que contei:

  E o espírito de Lúcia, a vidente de Fátima discorre:
             -"No fim do mês de janeiro de 1917 eu estava na região da Cova da Iria, junto com meus primos quando vi, em cima de uma arvorezinha, uma menina clara, linda, de olhos brilhantes e expressão feliz. Chamei por Jacinta e Francisca, mas eles nada viram. Fiquei com medo, mas aproximei-me, e pude ver com detalhes uma mocinha.

             Era mais ou menos do tamanho de minha prima Jacinta, um metro e dez centímetros de altura, mas tinha cabelos claros, semi-cobertos por um lenço. Vestia uma roupa colorida, bonita, e alguns pontos de bordado eram brilhantes e se destacavam. Sorria para mim, com ar amigo, mas nada falou. Sua roupa era muito parecida às roupas das roms que víamos na feira de Vila Nova, e deixavam os joelhos à mostra, e assim se viam também sapatos e meias brancas. Tinha uma pequena tiara com lantejoulas na testa, que pendiam do lenço e pude ver brincos em suas orelhas, argolas douradas que faiscavam com a luz do sol. Meus primos ficaram olhando pra mim, devido à expressão de espanto que eu apresentava. Não consegui articular qualquer palavra. A visão durou alguns minutos, talvez três ou quatro, e foi se dissolvendo no ar, até que desapareceu. Não mais a vi, e os relatos das outras aparições que eu dizia ter, era por orientação dos padres ou por imagens que vinham à minha cabeça, nas visões.". 

Suspirando fundo, como a desabafar, o espírito de Lúcia, já mais refeita, continua a dissertar sobre o que tinha contado para os padres José Faustino, Manuel Formigão e José Lacerda:


-" Naquela manhã voltei apavorada para casa, e meus primos me seguiram. Mas, como eles nada tinham visto, ficavam rindo de mim, pois eu parecia uma maluca. Quando cheguei em casa fui logo contar pra minha mãe o que tinha acontecido. Minha mãe não acreditou, e repreendeu-me, dizendo que aquilo era criação de minha cabeça. Meu pai, que descansava do lado de fora da casa, achou graça da situação, e tio Manuel, que chegava em casa, acompanhou o argumento, pelo relato que seus meninos Jacinta e Francisco tinham feito. 


          Naquele domingo e durante a semana esse foi o assunto predominante.                        Comentavam. "Bebeu leite talhado com azeitona, e girou" -disse minha irmã acima de mim, Carola. Foi repreendida porém, por Maria Rosa, minha irmã mais velha, que junto com Teresa e Maria Justina, também tinham visto "fantasmas" na Loca do Cabeço, ali perto de casa, um ano antes. A notícia caminhou rapidamente até o povoado, sempre com a conotação pejorativa, de deboche, como "a santa das urtigas ataca novamente", referindo-se à lenda sobre outra aparição, próxima dali."

E prossegue:
- "Na semana seguinte, chegou em minha casa um jornal, que minha mãe leu. Contava a história que todos sabem:- três pastorinhos, na Cova da Iria, viram Nossa Senhora....e segue-se um relato fantasioso, com diálogos que nunca aconteceram.                  Mas era uma história bem contada, como se fosse um feito maravilhoso, e logo ficamos orgulhosas de nós mesmas. E à partir daí todos sabem o que fizeram acontecer... com novas invenções..."

Interrompi Irmã Lúcia com uma indagação enfática:- "Então a Lúcia não viu Nossa Senhora? "

E, prontamente, com tom indignado, respondeu:
-"NUNCA VI SANTA NENHUMA!"- afirmou a vidente de Fátima, alteando um pouco a voz.

Esta foto, segundo Pier Giorgio- espírito, é a que mais se aproxima da aparência de Lúcia, espírito, na Colônia onde se recupera, hoje.

- "Eu via aquelas figuras que  já relatei, mais uma ou duas vezes, e foi só!                      Criaram tudo, organizadamente programado, com detalhes, e confesso até que, em alguns instantes e situações agiram de modo infantil, ridículo. 
           Por exemplo: dizem que quando perguntei quem ela era , respondeu- Sou  Nossa Senhora do Rosário! absurdo. Se respondesse- Sou a Senhora, .... dava pra enganar melhor! De outra feita, a santa teria dito: - que se dediquem ao meu Imaculado coração...(sic)... atribuir isso à mãe de Jesus é uma agressão, pelo vitupério. E tantas outras bobagens que inventaram, como certa vez eu disse ter visto quatro Nossas Senhoras, Das Dores, do Carmo, de Lourdes e de Fátima, de uma vez só,.... que imaginação pobre e podre! 
          Lembro-me agora, que o padre Formigão recomendou que eu não falasse da Senhora de Lourdes, porque a nossa santa era melhor, mais bonita e mais forte que a de lá. Fiquei sabendo depois que a rivalidade é real, e isso pode ser percebido facilmente, quando a gente sabe que há seis línguas oficiais faladas no Santuário de Lourdes: francês, inglês, italiano, espanhol, holandês e alemão e nada em Português, pois. E tem a história dos andores, com lençóis pra recolher as ofertas... um absurdo... usar a Mãe de Jesus pra esses propósitos é, no mínimo, lamentável."

Novamente inquiri:- Então o relato das outras aparições, em junho, agosto e outubro foi tudo fantasia?

        -" Sim...fantasia... invenção e condicionamento. Nos dois dias antes do dia 13 de cada mês aparecia ora o padre Faustino, ora o padre Formigão e se reunia comigo e em alguns casos com meus primos, para dizer o que a Nossa Senhora tinha mandado dizer... foi assim até outubro de 1917...." 


OS MILAGRES DO SOL

Continuei indagando: -" Mas em 13 de outubro de 1917 houve a presença de uma multidão no local da aparições e os jornais (inclusive de Lisboa) noticiaram que o sol dançou nos céus, na presença de todos. A senhora contesta isso também?"- perguntei.
Foto publicada num jornal de Lisboa. As pessoas olham pra cima (algumas) a pedido do fotógrafo. Nem todas, porém, parecem estar interessadas...
          Irmã Lúcia, a vidente de Fátima, respirou, e denotando firmeza, respondeu: -                "Olha, estávamos em mudança de estação e já fazia muito frio, que com a chuva forma a neblina. Naquele sábado chovia muito...muito. Chegamos cedo ao local de costume. A multidão era impressionante. Muita gente mesmo. Souberam pelos jornais e pela paróquias, que naquele dia Nossa Senhora tinha prometido muitas curas e milagres e um feito muito significativo, que faria todos acreditarem nas aparições. Veio gente de toda parte de Portugal e acho que até da Espanha também.
          Era uma época de muita crise e muito sofrimento no país. Pobreza, doenças, guerra, era horrorosa a situação. E as pessoas se acotovelavam nos  grandes lamaçais que se formaram com a tempestade. Por volta do meio dia começou a ventar muito forte, e logo a chuva cessou. O sol foi então surgindo entre as nuvens. Vento forte, nuvens de chuva se dissipando, sol de meio dia... Não houve dança, ou giro ou coisa parecida. Aquilo era muito comum naquele ponto da serra do Reguengo, na esplanada do Mamede. Aliás, até hoje isso ocorre, com frequência.
          Mas houve como que um arrebatamento coletivo, e as pessoas rezavam, e clamavam, em alvoroço alucinante, ajoelhadas na lama, algumas rastejando. E aí vêm trovões, relâmpagos, mais vento, e sol, gritos histéricos, aleluias, e o cenário e o palco estavam prontos! 
            Eu tinha dito, por volta de 11 horas, no alto de um balcão, protegida da chuva, o que o padre Formigão pediu que eu dissesse:- Nossa Senhora diz para todos que a a guerra se acaba hoje. Os soldados portugueses vão voltar pra casa....inclusive meu primo....e que todos rezem o terço todos os dias... E que a Rússia precisa se voltar para o seu Imaculado coração. 
Naquela altura eu pensava que a Rússia era uma mulher de vida errada..." 
Novamente interrompi:-"Mas os jornais falaram do fenômeno do sol, e mostraram fotos...."
- " Sim..."- responde o espírito de Lúcia- "Mostraram fotos das pessoas olhando pra cima, e isso não é estranho? Por que não mostraram o sol? Imagine  fazer uma cobertura de um jogo de futebol e na hora do gol mostrar a torcida, só a torcida!
           Bateram mais de 50 fotos, mas nenhuma do sol, ou do que chamaram de fenômeno do sol, que na região acontece sempre... E a guerra... bem... só acabou 14 meses depois, naturalmente por minha culpa, diziam eles, por ter falado que acabaria naquele dia ao invés de ...em breve."

E indaguei novamente:- "Mas, efetivamente, aconteceram muitos milagres..."

E ela:-" Sim... curas comuns, a maioria pela fé e pela auto sugestão, pela comoção coletiva.... mas observem bem: em qualquer hospital, no mundo, acontecem muitas curas, algumas muito difíceis, todos os dias! Mas não são milagres, no sentido pleno. São curas, algumas motivadas pela força das orações, pela fé, e até mesmo pela intercessão de espíritos santos, mas sobretudo pela atuação de médicos, enfermeiros...medicamentos....e claro, também a força maravilhosa da Fé. Lembram-se de quando Jesus sempre falava- a tua fé te curou- é isso."

-" Então, pelo visto, a senhora não crê em milagres?"- provoquei

- "Claro que creio... e até mesmo lá, ao longo do tempo aconteceram e acontecem, mas não nestas fabricações, nesse artificialismo, movidos pelo e para a fanatização das pessoas. A vulgarização destes falsos fenômenos é usada como isca para os simples, incautos e pacatos. E que venham as ofertas...que se encham os lençóis e andores..."- acrescenta.
-"E como foi a sua vida após aquela tarde de outubro?"- perguntei
-"Posso afirmar que ali começou uma terrível provação pra mim. E infelizmente, ao final, fora do corpo, constatei que não tinha sido bem sucedida em minha missão, em meu compromisso.."- e relata:

-" Logo após parte da multidão ter ido embora, Padre Formigão conversou com meu pai, e passou outro pacote com dinheiro para ele. Minha mãe apareceu com uma sacola, contendo minhas roupas, sapatos, casacos, coisas minhas e cinco terços novos. Pela primeira vez eu viajei pra longe, de automóvel. Fui levada pelo padre Formigão até o asilo de Vilar, na cidade do Porto, com a expressa recomendação de não conversar com ninguém, e nem contar sobre quem eu era e de onde viera. Disse-me que Nossa Senhora ordenava isso, para preservar-me do ataque do demônio, e que à partir dali eu seria chamada de Dores. Insistia para que ninguém soubesse quem eu era e que se eu me revelasse o castigo seria muito cruel."


Mais confortável, o espírito de Lúcia, a vidente de Fátima, continuava:



O CASTIGO NO SANGUE QUE JORRAVA...

-" Eu sentia muita saudade de minha casa, de minhas irmãs, de minha mãe.  E foi nesse asilo que aconteceu uma situação horrorosa pra mim, dentre outras. Uma das auxiliares de limpeza do asilo (que era todo fechado, sem comunicação com ninguém, e onde eu ficava o dia inteiro num quarto isolado, sem contato) era a única pessoa com quem eu trocava algumas palavras, e ela sentia pena de mim, porque sempre me encontrava chorando. E, no desespero contei a ela quem eu era, de onde vinha, contei. Foi um erro!


           Ela ficou muito assustada, pois tinha ouvido  falar das aparições, e olhou-me como se eu fosse um fantasma. Passados poucos instantes a Madre que dirigia o asilo veio ao meu quarto, brava, e trancou a porta. Eu já não saía, e agora estava efetivamente presa. Fez-me rezar o terço de joelhos, com a cara na parede e disse que isso ainda iria dar problema pra mim! 

          O pior, foi, que naquela noite, (talvez em decorrência da grande carga emocional) precipitou-se a minha menarca, com menorragia. Minha cama e as roupas se encharcaram de sangue! Pra mim aquilo era o prometido castigo, por ter revelado minha identidade à zeladora."

-" Na tarde seguinte o padre Formigão apareceu com o bispo de Leiria, D. José Correia. Repreenderam-me com energia, e o padre Formigão (naturalmente informado pela Madre sobre o sangramento da noite) reforçou minhas suspeitas, informando que o sangramento era um aviso de Nossa Senhora, e que todo mês eu seria lembrada disso!. 

          Eu, uma menina, tinha pouco menos de 11 anos, ignorante, simples, sem qualquer informação. Uma presa fácil, portanto. Naquela mesma tarde fui levada para um sítio do bispo na rua da Formigueira, em  Frossos, Braga. As recomendações sobre os cuidados e anonimato eram reforçadas por meu pavor, diante do castigo que eu havia recebido! 
         Naquele sítio fiquei confinada por longo tempo. Tentei fugir por duas vezes. Uma delas com a ajuda do cuidador dos animais, que virou meu amigo, consegui pegar o trem e descer em Coimbra. Pretendia ir pra Fátima, mas a parada final do comboio era Coimbra. E fui me abrigar numa igreja que me pareceu muito simpática, a igreja de São Domingos, na rua da Sofia. Fui recebida por Diogo, um noviço que lá ficava.               
         Ele ofereceu-me para que eu ficasse ali, naquele dia. No entanto, antes que chegasse a noite, o carro do padre Lacerda parou na porta, avisado que tinha sido pelo meu hipotético protetor. Voltei para o sítio do bispo, na manhã seguinte, tendo ido dormir na Igreja próxima, a de Santa Cruz, onde havia uma sacristia, com cama e roupas."-
ISOLADA, APAVORADA, AMEAÇADA

O espírito de Irmã Lúcia, na medida em que relatava os fatos parecia renovar-se. Levantou-se e pediu que fôssemos para o jardim, próximo dali, saindo pelo corredor, à direita. Lugar tranquilo, arejado, com sol, com flores e alguns banquinhos, onde eu, Irmã Tereza e ela nos acomodamos. 

          Era um bom sinal, já que ela nunca se levantava, há alguns meses. O desabafo estava destilando os maus humores daquele espírito amargurado. E ela prosseguiu:

-"Durante alguns tempo fiquei na Quinta da Formigueira em Frossos, Braga, propriedade do bispo de Leiria D. José. Claro, Pedro, o tratador, meu amigo clandestino, foi sumariamente mandado embora. E as restrições a mim aumentaram ainda mais. 
Arael na porta da antiga Igreja de São Domingos
na Rua da Sofia, em Coimbra, 

onde Lúcia fugiu pela
 primeira vez. Agora é um shopping... 

mudou de ramo.
           Fiquei sabendo através de minha irmã Carolina, que conseguira me visitar, que meu primos haviam falecido. Ela riu muito da história que lhe contei do castigo de Nossa Senhora, e foi aí que entendi o que eram os ciclos menstruais. 
           Consegui conversar por quase uma hora com minha irmã, depois de mais de um ano de isolamento. Mas fomos vigiadas e assistidas o tempo todo por duas noviças, que prestavam serviços ao bispo. Carola levou pra mim uma pequena estampa com a figura minha e de meus dois primos, aos pés de Nossa Senhora. Achei lindo o cartão, mesmo sabendo que não tinha nenhuma verdade naquilo. 
           Eu estava, cada dia, mais rebelde e revoltada. Queria sair de lá a todo o custo. Como já estava mais crescida, enfrentava as irmãs que tentavam me deter, mas só era contida com ajuda dos homens, que às vezes trabalhavam na chácara. Nas duas vezes que consegui fugir fui recapturada por membros da igreja. 
       Todos os padres da região sabiam de minha história, e assim, quando aconteceram os dois fatos (o de Coimbra e de uma localidade próxima a Porto, chamada Pintos) fui pega por membros das paróquias citadas. Meu temperamento estava cada vez pior. Eu estava insuportável e piorava cada vez mais."


OS SEDATIVOS E CALMANTES...


Parando e refletindo, como a buscar as lembranças (amargas), o espírito de Lúcia continua:
-" Certa vez tive uma infecção de garganta e deram-me muitos remédios. Dentre estes (vim a saber depois) estavam comprimidos de salitre e sedativos, com o objetivo em acalmar meu gênio e conter minha libido, que nesta altura, aos 17 anos, explodia.
           Quando descobriram que eu parei de tomá-los, colocavam o pó em minha comida. Muitas vezes, devido às doses de calmantes, passava dois, três dias dormindo. Isso trouxe-me diversos problemas, de rins, diabetes e outros. Fui tomando consciência de que jamais conseguiria sair dali, e por isso minhas crises aumentavam cada vez mais."
-"No meado de 1921 fui mandada para o noviciado das Irmãs Dorotheas, ali mesmo em Vilar, no Porto. Ali também o mesmo sistema de isolamento, a distância de tudo, a vigilância, a segregação do mundo. Mas, apesar de minha rebeldia crescente. naquele lugar tive um grande desenvolvimento pessoal, pois aprendi a ler e escrever. 
           E tinha atividades interessantes, como artesanato, bordados, pintura e outros, o que tornava minha vida um pouco melhor. Ali também comecei a aprender o espanhol e alguma coisa de italiano, línguas que vim a evoluir bastante, depois, na Espanha, pelo contato com as freiras."
Irmã Lúcia, espírito, a vidente de Fátima, relata:
-" Claro...eu não tinha liberdade pra nada, e pedia sempre pra voltar pra casa, porque eu não queria ser freira, mas sim uma moça normal, como minhas irmãs e primas. E quando as minhas reações eram mais escandalosas, vinha sempre um padre, ou até mesmo o bispo, e muitas vezes o padre Formigão, que conversavam longa e autoritariamente comigo. Mas, a essa altura eu já me encontrava com a mente escravizada. Passei a ter alucinações, pesadelos, crises de histeria, e isso era constante e repetitivo. Creio que tenha aflorado em mim a esquizofrenia. E claro, tudo isso era traduzido como sendo visões de Maria de Nazaré, de Jesus, um monte de coisas. 
           Era Nossa Senhora de tudo o quanto é jeito e nome. 
           A minha insistência em escapar, e as crises, fizeram com que eu tivesse que sair de lá. Era arriscado pra eles continuar comigo, do jeito que eu estava, doente, descontrolada e ainda revoltada. Mandaram-me então para a Espanha, onde fiquei em Pontevedra e Tui, alternando. 
           Nessa altura, com a carga maior de medicamentos, estava mais domesticada, e, já compreendia que, se eu quisesse continuar viva, tinha que me submeter às ordens deles. Recordo-me que a Madre Superiora, numa tarde, conversou longamente comigo, e dizia que eu tinha relatado, em transe, algumas memórias, alguns acontecimentos, que eu não havia dito, e que o Padre Formigão estaria preparando uma publicação sobre isso. 
            Mas, que eu não me preocupasse, porque tudo estava no sentido em valorizar a minha convivência com Nossa Senhora, e que eu estava ajudando a salvar muita gente do inferno. Pediu-me que eu me controlasse, e que demonstrasse gratidão a Nossa Senhora, porque assim as coisas seriam facilitadas para mim."


O MENINO JESUS.... NÃO ERA MENINO...

Lúcia de Jesus, a vidente de Fátima relata então um fato desconhecido em Pontevedra, Espanha:

-"Se eu não tivesse participado nem acreditaria nas coisas que eu passei lá, e que eles transformavam, sem qualquer constrangimento, em situações anormais, miraculosas.
           Certa vez fiquei enclausurada por mais de um mês, com ração regrada, água e pão, porque descobriram que eu tinha saído do convento para me encontrar na igreja, com um rapaz que entregava pão para as irmãs.
            Isso virou até um episódio, criado pela superiora, que disse que eu saía para encontrar-me com um menino para ensiná-lo a rezar. E que depois de certo tempo o menino se revelou como sendo o menino Jesus! Virou milagre, fato santo! Mas... Não era menino, nem ia ensinar a rezar e nem era fora do convento..."

Interrompi:-" Mas, você não conseguia se controlar?..."


-" Não... havia dentro de mim uma necessidade de afeto... e mesmo privada de toda liberdade eu alimentava meus sonhos, meus projetos pessoais. Eu, desde pequena, sempre fui muito carente. Apavorava-me a ideia em passar toda a minha vida reclusa, longe de minha família, longe de minha terra. 

         Um belo dia A Madre Dolores trouxe-me um exemplar de uma publicação, "Memórias de Irmã Lúcia sobre as Aparições de Fátima". A princípio fiquei muito feliz por ser a figura central daquelas coisas tão bonitas. Saíram outras, creio que seis. E eram levadas a mim. Fiquei impressionada com a imaginação dos padres que as fizeram. Se eu não soubesse da tramoia, até acreditaria. 
         Recebi na cela, alguns padres, inclusive estrangeiros, que já vinham com a história pronta. Todos tentavam, de alguma forma, fazer com que eu me sentisse escolhida e agraciada com tudo aquilo, já que milhares de pessoas estavam se beneficiando. Chegavam centenas de cartas ao convento, com pedidos e rogativas, relatos e agradecimentos. Todas eram respondidas....pelas irmãs!"-


MINHA IDA PARA COIMBRA

-" Eu comecei a achar bem interessante tudo aquilo, e de repente, mudei o comportamento, a postura, o tratamento, e passei a ser uma exemplar religiosa.
           Mas, nessa altura, com quase 40 anos, eu estava muito doente, com sérios problemas renais, diabetes, má circulação e algumas feridas na perna produzidas por varizes que estouraram. Eu quase não conseguia mais andar. Foi então que pedi a madre Superiora que deixasse que eu visitasse minha terra, porque sentia que poderia morrer a qualquer momento, sem voltar a subir a serra do Reguengo, atravessar o planalto de S. Mamede, e ver meu lugar, Aljustrel. Ela se comoveu e prometeu que me ajudaria nesse intento."
Com tranquilidade e serena postura, o espírito de Lúcia conta sua ida para Coimbra:
-"Ninguém de minha família, nem minha irmã Carolina, ficaram sabendo de minha viagem. Saímos de tardinha, de Pontevedra, e chegamos a Coimbra por volta de 8 da noite. Mesmo tendo parado um pouco no convento em Tuí, foram com certeza, as melhores e mais felizes 4 horas de minha vida. Levaram-me para o Colégio do Sardão, em Gaia. Fui recebida com uma certa reverência, porém, com o cuidado para que se mantivesse em segredo a minha presença."- 
           E explica-" A alegação era  por razões de minha segurança... o povo substituiu o demônio."
-"Na manha seguinte, uma segunda feira, levaram-me para visitar Fátima. 

Disseram-me que, uma semana antes, milhares de pessoas ali estiveram.

           Quando cheguei não reconheci nem mesmo a serra. Tudo mudado, tudo transformado, com muitas casas, construções, e pela primeira vez pude ver de perto a imagem de Nossa Senhora de Fátima, mais de um metro, cheia de jóias e coroada.
            Realmente linda e emocionante. Foi feita baseada na imagem de Nossa Senhora da Paz. Aí me informaram, que foi esculpida em madeira, (cedro vindo do Brasil) e que estavam já elaborando muitas outras construções para abrigar os peregrinos, os doentes, um monte de providências. Estavam lá os padres Formigão e outros. Fui rapidamente à Loca do Cabeço, também muito modificada. 


Pela primeira vez, em 1946, Lúcia vê, de perto, a imagem de N.S Fátima.
Debilitada pelas doenças não demonstrou alegria.
          Sem explicar porquê, não me levaram à minha comunidade, onde eu ainda tinha parentes. Como estava fraca e doente, não havia como resistir e então retornaram comigo ao Colégio em Gaia. Fiquei lá por pouco tempo, já que a superiora das Dorotheas, em conversa com os padres, decidiu que eu não mais ficasse na congregação. Alegou dificuldades para cuidar de mim, pelas doenças e pela rebeldia (ainda existia). Assim, não demorou para que providenciassem minha transferência para o Mosteiro das Carmelitas Descalças, em Coimbra, para onde fui, e fiquei até o meu desencarne, como monja de clausura..."


IMAGINAÇÃO FÉRTIL ... FANTASIOSA

" Bem, Irmã Lúcia,"- abordei- "Então os segredos, as previsões, as recomendações, as memórias, pelo que a senhora conta, não partiram da senhora. Foram criados por eles?"
-"Sim...sim.. foram todos criados por eles, elaborados, estruturados, divulgados e espalhados para que atendessem aos interesses deles. Desde o início, lá em 1917, passando pelas declarações, pelas memórias, pela revisão das aparições, pelas cartas escritas, nada, nada, foi feito ou dito por mim. Principalmente os padres Manuel, Faustino, Lacerda, Formigão, o bispo D. José, a Madre Dolores, e outras freiras e padres, foram os construtores desta lenda, destas histórias. Algumas revelam pouco cuidado na criatividade, e beiram o cômico, o ridículo. Como a que diz ter aparecido ao mesmo tempo aquele punhado de Nossas Senhoras, de diversos nomes, o Menino Jesus, São José, os anjos... histórias do inferno para as crianças, coisas absurdas. 
           E a gente pergunta: então Maria era mãe só dos soldados portugueses? Muita garatujice... definitivamente eles subestimam a inteligência das pessoas. Infelizmente, hoje sei, o Vaticano faz isso com frequência, explorando e abusando da credulidade, das crendices e da ingenuidade espiritual de pessoas simples, pacatas e medrosas."


A COBRANÇA NÃO É DE DEUS... É DA PRÓPRIA CONSCIÊNCIA

- "Mas, pelo sucedido, Irmã Lúcia, não há, a meu ver, razão para que a senhora se encontre nesse sofrimento e provação... se a senhora foi usada e não teve culpa...."- objetei.

-" Mas eu falhei, meu filho...Falhei pela aceitação, pela conivência, pela manutenção do teatro. Apesar da pressão, do medo e do sofrimento que me impuseram, apesar de toda a vigilância, foram muitas as oportunidades que eu tive para colocar tudo a limpo, revelar a mentirada toda. Tanto em Aljustrel, quanto em Braga, no Porto, em Tui, em Pontevedra, em Coimbra, em todos os lugares, eu tive a chance de falar, de revelar isso. 
             Mas, em verdade em nunca quis que isso acontecesse, pois para mim era uma situação relativamente cômoda. Sabia que se eu quisesse (por exemplo, das vezes que eu fugi) poderia procurar a polícia, ou alguma autoridade e seria acolhida e a farsa cairia por terra. Mas, infelizmente, usei minha situação como ponto de pressão, como moeda de escambo, e isso trouxe-me, após a despedida da carne, a presença permanente do monstro chamado remorso. Comecei a receber os informes das pessoas que se perderam na vida, que foram destruídas, pelo fanatismo, pela revolta, pela inaceitação, pela ignorância, e assim, não evoluíram para a compreensão e  discernimento. 
         Cada um destes seres representaram na minha relação de dívidas, mais um ponto, mais uma fatura a ser quitada. E multiplique isso por milhões!... 
         Certa noite, após o desenlace, vi uma criança chorando, sentada no meio fio, próxima ao Carmelo. Perguntei por que chorava, ao que ela me respondeu:- A dona do hospital disse que Nossa Senhora de Fátima levou minha mãe..."
Demonstrando viva emoção, o espírito de Lúcia, a vidente de Fátima, complementa:
-"Vejam a que ponto, que covardia, cometem com a doce Mãe de Jesus. Imagine a revolta e a dor dessa criança!"


TENTATIVAS DE REVELAÇÃO

-"Mas depois de seu desencarne a senhora não tentou falar sobre isso, sobre essas situações, como faz agora?"- perguntei
-"Tentei, mas foi em vão...tentei com minha irmã Carola, através de sonhos, mas passei por assombração. Depois que a nossa querida Irmã Tereza esteve aqui, da primeira vez, há dois anos, fui com um enfermeiro aqui da Colônia, até um centro espírita em Lisboa, mas achei o ambiente ruim, com muita gente estranha e certamente não me ajudariam. Depois, com o mesmo amigo fui a Coimbra, num centro kardecista, mas também não fui bem sucedida. Na reunião que participei, num domingo, estava lá um senhor que se diz médium, brasileiro, apregoando as maravilhas do milagre da rainha "Santa" Isabel, e nós todos sabemos que isso também é uma grande balela, uma cópia mal feita da "proeza" criada para a rainha de Espanha. Aí vi que não ia dar certo, também. Mercenários e enganadores estão em todas as religiões, a gente sabe. Aceitei fazer esse relato (e sinto-me bem melhor agora) por causa da Irmã Tereza, que é uma grande amiga, uma protetora, a quem eu devo muita gratidão."

E respirando fundo, o espírito de Lúcia, a vidente de Fátima prossegue-

-" Quando a Irmã Tereza esteve aqui, junto com o Monsenhor Ângelo Roncalli, foi ele quem sugeriu que houvesse esse encontro. E afirmo que não me importo se creem ou não. Isso é irrelevante. Importa que as pessoas saibam, e pesquisem, e vasculhem e descubram por si, se assim o quiserem. Posso garantir, de coração aberto, que não há em mim resquício de mágoa ou de rancor pelo que me fizeram, durante esse tempo. Sofro ainda, pelo sentimento de ter falhado com minha omissão, meu silêncio. Sofro pelas pessoas que ajudei a cair nas armadilhas do fanatismo. Mas já estou quase pronta, Graças a Deus, e devo recomeçar em breve, nova etapa. Espero não falhar dessa vez."


LÚCIA, A VIDENTE DE COIMBRA 
DESENCARNOU HÁ  60 ANOS !!!


Não é preciso ser médico legista para perceber que se tratam de duas pessoas diferentes.
         -" A senhora deixa a entender que estará voltando à carne, em breve...mas não é muito cedo? O seu desenlace foi há pouco mais de 12 anos...segundo a Igreja informa"- perguntei.
E Irmã Lúcia, a vidente de Fátima, faz uma constatação de suspeitas já suscitadas sobre a data certa de seu falecimento na última romagem:
-"Pois sim... é mais uma balela, mais uma fatia desse bolo de falsidades que construíram. Eu deixei a carne na clausura do Carmelo em Coimbra no dia 24 de outubro de 1958! Estava doente, muito doente e por falência múltipla, problemas cardíacos e renais, uma sexta feira chuvosa. Colocaram, alguns meses depois, uma outra em meu lugar, que também veio a morrer alguns anos após. E finalmente colocaram a outra que veio a falecer em 2005. Os ossos que trasladaram para Fátima são meus. Só que, se fizerem uma análise, vão descobrir que eles são de alguém que desencarnou 60 anos atrás!"
-"Os papas sabiam disso?"
-"Sim"- responde Lúcia- "Sabiam. Inclusive os dois que ainda estão encarnados, Ratzingher e Bergoglio, sabem! Muita gente na igreja conhece a verdade. Padres, freiras, bispos, cardeais, mas, há conveniências que impedem que eles sejam honestos, cometendo o mesmo erro de silêncio e omissão que eu cometi. Afinal de contas, basta ver o borderô de arrecadação de Fátima, que conforme me informaram, em 2017, passou dos 100 milhões de euros... Não é fácil pra eles abdicarem disso...vendem assim a própria alma" - afirma.
-"E sobre a nova experiência na carne, já está preparando como?
-"Já. Devo reencarnar em sua terra, talvez na Calábria. Já sei que vou nascer muda...."- explica
-Xiii... será que a senhora das urtigas atacará novamente?"- brinquei....

Desse modo encerramos a conversa longa com Lúcia de Jesus, espírito. Nos despedimos ali mesmo no jardim, e Irmã Tereza, muito afável, prometeu à nossa entrevistada que voltaria em breve. Ainda no saguão da Colônia, ao lado do dirigente Frei Fernando, Irmã Tereza da Cruz, atual Coordenadora do Projeto Alfa, deu um importante depoimento, após bela prece de agradecimento, a Jesus e à sua mãe, Maria de Nazaré.

Claro que não são a mesma pessoa


Esta, com Paulo VI é de 1967. Óbvia substituição.
E outra com João Paulo II...98... pessoas diferentes
: EXPLICAÇÕES NECESSÁRIAS - 
Por Irmã Tereza da Cruz- espírito

Alguns aspectos devem ser analisados para melhor compreensão dos atos da Igreja, com relação a esses equivocados episódios, como o das "Aparições de Fátima" e outros:

Em princípio é indispensável que se reconheça a importância e a necessidade da FÉ em todas as comunidades, e esta deve ser respeitada e alimentada. No entanto, esta precisa estar embasada em virtude...pois a virtude é libertadora, e nos evolui. Sem VERDADE não há virtude! Conhecereis a Verdade ...

Em 1910 houve a implantação da República em Portugal, o que ensejou a instituição do estado laico. A retomada de propriedades que estavam com a Igreja, e o fim das dotações oficiais, fizeram com que diversas sedes de bispado fossem desfeitas. Reduzido o domínio clerical, naturalmente diminuiu-se a receita. O fator econômico, a busca de novos meios de coleta, era uma necessidade. 

Além do econômico, também o viés político, da presença do bispado, foi importante para arregimentar empenho para a concretização do falso fenômeno, transformando as "aparições" em suporte para reivindicações de retorno do bispado para a região de Leiria. Os padres Faustino Ferreira, Manoel Formigão e José Lacerda sabiam do alcance e das possibilidades destes expedientes, pois conheciam em detalhes os bons efeitos que haviam sido conseguidos em Lourdes, na França. 

            Aliás, as histórias têm semelhanças e coincidências quase milagrosas, mas, ao invés de confirmar, contribuem para o desbaratamento do teatro.
Mas, do ponto de vista fenomenológico, o aspecto que dá sustentação total a essas criações milagrescas, como também a escatologia, parte da imperiosa determinação da Cúria Romana, centrada no Vaticano, em ser suportada e mantida no mundo, a despeito de todas as vertentes racionais indicarem a improcedência, a ingenuidade, as pantomimas, a fantasia com que cercam a religião.

        Frise-se, que esse procedimento, infelizmente, é esteio em TODAS as vertentes religiosas, visto que ao invés de religar a Humanidade a Deus (como seria o desejável), presta-se a tentar grudar seus seguidores ao espetaculoso, ao ameaçador, ao demoníaco, ao sub-natural, místico, excepcional. São o medo e a barganha com Deus, com os santos, com os místicos, a salvação, os ingredientes presentes em todas as facções seitas e doutrinas. Assim são criados os ícones, e em torno deles, a mentira, as ridículas manifestações e enganos.
No caso da Mãe de Jesus, a coisa é séria e grave, pois passa dos limites do abuso, da tolerância e compreensão medianas, o que fazem com a doce Maria. 
        E pergunta-se o "por quê?" disso.
        É fácil descobrir: Porque Maria exala e inspira amor, piedade, afeto, proteção. É a figura materna, compreensiva e tolerante, que exige pouco. No caso das "Nossas Senhoras" exige-se apenas que se façam orações, que se repitam as ladainhas, que rezem o terço, que se dediquem ao seu "Imaculado coração", que rastejem na lama e na poeira, nas peregrinações, e que façam alguma contribuição para a construção de capelas, igrejas, catedrais, basílicas! E todos estarão salvos, no hipotético e irreal céu!
         E essa figura tem partidarismo político, tem preferências clubísticas. Combate o comunismo e nada fala sobre o nazismo. As atrocidades cometidas contra os judeus, os ciganos, ou as protagonizadas pelo regime vermelho, bem como as atuais, em todos os cantos do mundo, tem as mesmas características de perversidade condenável. Mas nem se toca no assunto. Ou seja, aquela é mãe, mas só daqueles que se ajoelharem em louvaminhas a ela. E os russos? E os chineses, os indianos, e os que nem conhecem o cristianismo? Claro... vão para o inferno, eternos assados, mandados por um deus vingativo e destruidor. Que pai e que mãe arranjaram pra gente, hein?!
Céu e inferno, criações infantis e mentirosas, frutos de fantasias, adotadas para estabelecer uma relação de dependência a um deus, que pelo jeito é um pai que manda seus filhos a um fogo eterno, ou os conduz a uma vida tediosa e improdutiva, nos páramos paradisíacos de um gozo imerecido. Esse não é o Deus de Amor nem de Justiça, obviamente!
Mas, por que a Cúria Romana prefere Maria, ao seu filho, Jesus? Simples: Maria é amor contemplativo e complacente. Jesus é amor EXIGENTE! 
        Seguir Maria é rezar repetidamente, acender uma vela, e esperar as graças. Seguir Jesus é praticar seus ensinamentos, colher o fruto de suas próprias atitudes, perdoar os inimigos, ter humildade, amar como Ele nos amou, ter coragem de oferecer a outra face a quem nos agride... Realmente é muito difícil e trabalhoso seguir Jesus! 
         E mais, (e isso incomoda demais aos do Vaticano): - “Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me”! Como Jesus disse ao jovem rico, e que podemos encontrar em Mateus 10-17/30.
        Imagine o pessoal da Cúria Romana seguindo essa determinação do Mestre!                Claro, incogitável! 
        Por que pulam essa página e tantas outras? 
        E o Nazareno ainda disse que "Deus não habita em templos feitos pelo ser humano"...complicaria demais, se resolvessem atender ao Mestre e seguirem isto. Tantas catedrais, tantos tesouros, tanta riqueza, seguramente a maior latifundiária e hiper proprietária de imóveis do planeta, não pode ouvir Jesus. A Máfia-Mor, definitivamente, não combina com Jesus... que nasceu na manjedoura, que não tinha uma pedra pra recostar a cabeça!

Estou sabendo que no próximo mês de maio o papa argentino vai levar mais uma rosa de ouro para a imagem de Fátima! É a terceira. E já tem as coroas de pedras preciosas, de ouro e os outros tesouros... não seria melhor se fossem aplicados aos pobres, aos necessitados, aos doentes, aos refugiados? Claro que não... já que na concepção (errada, falsa, fantasiosa) deles a "salvação por Maria" contempla isso, e ainda "permite" as doações, as espórtulas, as bem vindas ofertas santas. Mesmo que sejam oriundas de dinheiro roubado, de comércio ilícito, dinheiro podre..!

A Humanidade precisa ser orientada, pela inteligência e sinceridade, de que esta experiência na Terra, a encarnação, é uma oportunidade de crescimento, de refazimento, de reconstrução, de reparação de erros, de aprendizado. 
        Podemos afirmar que a Terra é um plano de ensino. Claro, uma escolinha bem atrasada,  de nível bem baixo, com um corpo de alunos bem primitivo, grosseiro, como o planeta, bem periférico, no sentido de iluminação. Uma escola de classe bem inferior.
        Uma escolinha bem rasteira. Mas, é uma escola. Podemos atribuir a direção desta escola a avatares, seres luminosos que trazem os roteiros, os caminhos, as recomendações, as receitas para que se possa evoluir. Meu avatar predileto é Jesus.          Agora, imagine que seu filho estude num colégio, com um austero e exigente diretor. E por ele estar indo mal (sofrendo) você recorre à mãe dele, para que ele seja aprovado, promovido! É assim que imaginam fazer com Maria, a mãe do abençoado dirigente. E também aqueles (como os protestantes) que apregoam que Jesus salva... que vai fazer as provas por nós, que vai excluir nossos desmandos, maldades e preguiça, estão enganados! Nada disso! 
        Jesus quer que O sigamos, ou seja, que imitemos o exemplo que nos deixou, com todos aqueles itens, sem tirar nem pôr. Aí, no final do "curso" teremos nossa avaliação individual, no retrospecto de nossa consciência. Se não conseguimos a nota necessária, temos que repetir a fase, com outra oportunidade na carne. Pensar que somos privilegiados porque levamos maçã pra professora ou bajulamos a mãe do diretor é debilidade infantil.
         Daí vem as invencionices. Não se enganem, não há mágica, há méritos e efeitos de nossos próprios atos, pensamentos e palavras. É simples assim.
         A Misericórdia Divina aparecerá sempre, desde que a mereçamos. É como a aluna com a garganta inflamada, que tem a sua falta justificada. E sabe quem é que escolhe as provações e os caminhos por onde vamos passar? Claro, nós mesmos, que apregoamos antes de vir, que ...pode deixar que eu vou dar conta!

As regiões de penúria e sofrimento, que existem na espiritualidade, são infernos de verdade. Provisórios e temporários, certo, para onde têm sido levados os que falham em suas missões, e principalmente os que induzem os simples e ignorantes à idolatria ou às mentiras da barganha com Deus. Mas terão outras oportunidades de se regenerar, inclusive com a ajuda de bons e santos espíritos, mais evoluídos e iluminados. Mas, terão que trilhar os caminhos por seus próprios esforços.

Jesus é Caminho, Verdade, é Vida! 
        Cúria Romana e religiões são desvios, mentira e atraso. O Pai quer que tenhamos progresso, que cresçamos, que nos aperfeiçoemos, com ou sem religião.            Não nos esqueçamos de que os cambistas e corretores que vendem os lotes no fantasioso céu, vão experimentar tenebrosos tempos onde há vagidos de dor e ranger de dentes. Efeitos de seus atos errados.

Por causa dos desvios dos que comandam as religiões, aumenta a cada dia mais o ateísmo. Na Itália, por exemplo, está concentrada a maior população de ateus do mundo. mais até que nos países comunistas, pela desilusão dos que assistem aos desatinos e constatam de perto, as mentiras. 

        A busca da VERDADE, sem sofismas, sem enganações ou teatros, na prática dos ensinamentos, é a única forma que vai permitir a subida de patamar dessa grosseira, primitiva, atrasada Humanidade. A FÉ é patrimônio individual poderoso, que nos livra (e aos nossos) de muitos males e reduz dores. Mas precisa estar encabeçada por uma atitude de BEM, de VERDADE e de AMOR, sem o que vai continuar atolada na lama da indigência espiritual.
Tereza da Cruz- espírito

        Mensagens via psicofonia gravada, de Pier Giorgio Frassati, espírito, recebidas pelo canal Arael Magnus em Cacilhas, Portugal, no Mirante da Casa da Cerca, em 20 de abril de 2018. 
        A gravação original foi feita em celular, no idioma italiano, e deverá ser disponibilizada em breve, aqui no site, após correções da qualidade de áudio.

        Tradução e adaptação de Estevão Silva Morais.


Arael Magnus em Fátima: A vibração e energias são muito positivas.

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