Aprendi, com a vida, a não temer nada, mas a precaver-me de tudo. E a nunca subestimar a inteligência do mal e dos maus.
Meus pensamentos, às vezes se perdem em descaminhos, e retornam sonolentos, sem trazer indicativos de soluções. Sugerem cama. Perguntas ficam pululando na cabeça, sem desenvergar as interrogações. A desejada exclamação não aparece. E a bruxa da dúvida permanece. Dúvidas são emissárias do Hades.
A pergunta de agora é: Quem projetou e executará o ataque terrorista à sede da televisão?
Uma das almas que estão aqui na colônia, se refazendo, mas, com bom progresso e vencendo as dificuldades é Yvens Hublet. Fica numa ala dos escritores, onde belas figuras também se reabastecem, ganham fôlego, na expectativa de uma nova chance. Pode ser amanhã ou daqui há 30 anos... e por isso muitos preferem o ostracismo, se recolhem, pouco falam, não se socializam. Mas, continuam a escrever.
Dentre estes está Yvens.
Consegui conversar com ele, o "velhinho que deu as bengaladas no corrupto ministro, e, depois de passar tempo na cela da Polícia Federal em Brasília, morreu,... ou foi morto, não defini bem".
Mas, o que eu queria saber o sr. Hublet não me disse. Seu olhar era estranho, parecia com medo de tudo, ainda. Tem um coração generoso, jeitão simples, mas circunspecto, retraído, quase ingênuo, porém, cultiva algumas sementes de vendetta, o que não é bom. Vai se libertar disso.
Quando me apresentei, ele se abriu um pouco, e teceu elogios sobre crônicas de minha autoria, o que me deixou lisonjeado.
Com ar misterioso, chamou-me a um canto, e quase sussurrando, contou-me seu segredo:
- "Olha... a qualquer momento vai acontecer o ataque. Vai ser pesado, serão pelo menos 10 bombas de dinamite, cada uma com forte potência. 6 bananas por unidade.
Minha primeira reação não foi de surpresa, mas de questionamento: Estará o escritor catarinense com a mente destramelada? Antes que continuasse a conjecturar sobre a sanidade mental de meu interlocutor, ele (pegando-me pelo braço) chamou-me a um canto do parque em que estamos, e falou:
-"É um plano macabro... destruidor...eles virão num helicóptero, de madrugada... que passará perto do Morro Dois Irmãos. Quando descerem na região da Bandeirantes, vão entrar na Curicica, e ali começarão a despejar as bombas...explosões e incêndios, muitos... questão de, no máximo, 8..10 minutos... suficientes para despejar as 10 bombas, fazendo o circuito da Curicica, retornando à Bandeirantes."- e recobrou o ar... para prosseguir.
Ainda bem desconfiado, perguntei :
-" Mas, como você sabe disso, como teve acesso a esses detalhes?
Mr. Hublet pareceu não entender ou se interessar por minha desconfiança. E preencheu seu relato:
-" Já fizeram voos preparatórios...pelo menos dois... para calcular como despejar, quanto tempo será preciso, e quais os alvos a serem atingidos..."
E suspirando, com um certo pavor nos olhos, informou:
-"Se eu soubesse disso e estivesse lá, nem sei se deduraria... eu não gosto da globogay... eles são mercenários, destroem a família, são racistas... mas daí a um ato terrorista..."
Aí objetei...-"Racistas? Creio que não... eles até fazem campanhas pela igualdade, promovem artistas e apresentadores negros... acho que você está enganado...
-" Não.. não!... Enxergue por outro prisma... fazem o racismo inverso...culpam os brancos por serem brancos... e exploram fatos para vitimizar os coloreds. Insuflam o negro contra os outros, se é que existem outros. Você viu o artigo do Gilberto (Freyre), sobre a "metarraça brasiliensis"? pois é...Como é que se pode definir a raça branca ou negra, ou amarela, ou marrom, ou azul, se no liquidificador das raças no Brasil todos são mestiços, numa mistura nacional? .. Acho que só os pomerodes na minha terra são diferentes... mas são poucos..."
Eu li o artigo do Gilberto, e ali ele pondera exatamente o que Hublet adverte, sobre a fermentação de ódio do negro contra os brancos, como se houvessem puros, de raça limpa, o que, no Brasil, praticamente não há. Segundo Freyre, 95 por cento das pessoas no Brasil são misturas multirraciais. Deveriam todos pleitear a convivência pacífica, não insuflar a discórdia. Racismo de qualquer lado é estupidez... violência é idiotice.
Mas não é este o assunto de agora. É do atentado, a explosão das instalações.
Mas, quem estaria projetando isso? Seria mesmo verdade ou é obra da cabeça do barriga verde?
E perguntei aos meus escancarados botões:-"A quem interessaria esse atentado?"
As respostas vieram em solavancos: ... A muita gente!..:
Aos petralhas, sobretudo, com seu antológico ódio contra a Vênus platinada e pelo fato de a cada dia ficarem mais distantes das tetas em que mamaram, corromperam e morderam durante 15 anos;
Aos aliados do atual governo, principalmente pela criação dos "balões de ensaio" e barrigadas propositais recentes da emissora, que descobriu uma saída eficaz (mas não muito honrosa pela recidivância) de pedir desculpas. O caráter belicoso do eleito e sequazes não é novidade... e deveria ser corrigido, contido. É necessário;
Também deve interessar ao histriônico e fanático pelo poder, governador, que dessa forma jogaria (mais uma vez) a culpa sobre o capitão. Não cola, mas abala...;
Ou ao prefeito, cunhado do espertalhão da igreja, que atenderia ao desejo da prevalência da banquinha de picaretagem chamada Brechord?
Todas as hipóteses são possíveis. Ou sejam: as vertentes indicam que a coisa está preta para a turma do jacaré... Tem uma pá de gente torcendo por esse condenável ato.
Não percebi, enquanto matutava, que Yvens se afastara, e estava parado à frente, como conversasse sozinho ou com algum emissário invisível a meus olhos. Decidi não incomodá-lo com minhas dúvidas. Afinal, tudo pode ter sido mera criação (ou desejo) dele.
Deixei-o quieto, e eu tinha razão pra isso: Ele ainda não se separou de sua eficiente bengala.
Que eu não ouça daqui o madrugador voo dos helicópteros.
O risco e as dúvidas continuam.
RUBEM BRAGA- espírito
Mensagem psicográfica recebida pelo canal Arael Magnus, em 2 de dezembro de 2019, em Coroa Vermelha- Bahia
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