terça-feira, 20 de maio de 2014

Padre Júlio Maria Lombaerde

PRIMEIRA CARTA AO AMAPÁ 

ADVERTÊNCIA
                                                                                                                                            Padre Julio Maria Lombaerde - S.D.N.

      Em 1913, a 27 de fevereiro, uma quinta feira, cheguei em Macapá. Depois de viagem assustadora de barco, aportamos debaixo de um intenso temporal que durou todo o final de semana. A primeira impressão era muito ruim. A lama, a pobreza, as crianças doentes, velhos caídos debaixo de árvores, índias com pequeninos nos colos, mendigando, algumas palafitas próximas ao atracadouro. Um quadro triste. Comigo estavam os padres Joseph Lauth e Hermann, irmãos de Congregação, que me acolheram, temerosos porém de que eu pegasse o primeiro barco de volta a Belém.
      Mas, ao contrário, desde que pus os pés nesta terra, uma emoção extraordinária tomou conta de mim e senti a convicção de que o Senhor tinha me incluído em seus projetos. Meu sentimento era de alegria, manifestava isso. Meus anfitriões pensavam que eu já estava com a febre... pois não compreenderam, de pronto, como eu poderia estar feliz com toda aquela situação.
      Era um povoado raso, com casinhas baixas, e poucas lojas de comércio, as vendas, as bancas de frutas e algumas hortaliças. A igreja era acolhedora, agradável, com bons paramentos, mas para que se chegasse lá era complicado. As pessoas tinham que andar pelo barro, pela água. O primeiro nascer do sol, mesmo sob chuva, foi minha unção e bênção.
     Gostei das pessoas e senti o amor à primeira vista, principalmente para os mais pobres, os mais sofridos. Logo perceberam isso. Meu objetivo era salvar almas, evangelizar, mas com as epidemias de febre, malária, úlceras, pneumonias, tive que me valer de alguns conhecimentos de medicina obtidos em minha estada na África, para também tentar salvar corpos, vidas. A notícia correu e na região souberam do padre que tratava da febre e isso tornou-me muito popular. Fiz uma viagem perigosa até uma aldeia de índios Tumuc Umac e de lá trouxe muito saber e conseguimos sarar muita gente com medicamentos das plantas.
      Poucos sabem, mas mesmo tendo nascido na Bélgica (Waregen- Kortrijk) me naturalizei brasileiro, por amor a Deus e a sua gente. Ao ver o crescimento da “precoce perda da inocência”, da prostituição em Macapá, de jovens e crianças à beira do porto, decidi lutar contra esse monstruoso mal. Mas pouco podia fazer, pois eram inúmeras minhas atividades pastorais e “médicas” e, com recursos de Deus, sob a intercessão de nossa Mãezinha Maria, decidimos criar uma congregação feminina, e assim nasceu a Congregação das Filhas do Coração Imaculado de Maria. Essa foi a semente das Congregações Sacramentinas e outras instituições que se sucederam, das quais fui usado como instrumento para fundação, hoje espalhadas por aí, na prática do bem, intercedendo efetivamente no crescimento individual e coletivo.
      Foi nesse tempo que tive uma das maiores manifestações espirituais que vivi, por ter contraído a sezão, com muitas feridas, febre altíssima, frios destruidores. Quando as esperanças de todos se esvaíam, certa madrugada iluminou-se meu quarto como um farol e surgiu no meio da luz Irmã Celeste, uma das que participavam da nossa congregação e que havia morrido algum tempo antes. Falou algumas palavras, evocou Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e desapareceu. Todas as irmãs a viram e disseram que fiquei prostrado, desmaiado até o meio dia seguinte. Ao acordar estava são, forte, lúcido e as feridas desapareceram. Foi um milagre!
      Nos tempos seguintes a doença na região recrudesceu e isso fez com que fôssemos com o convento das irmãs para perto de Belém, mas o coração jamais se afastou de Macapá. De lá segui para o meu destino, principalmente na também muito amada Manhumirim, nas Minas Gerais, onde passei a maior parte do tempo que me foi dado, onde também exerci o amar o povo, sobremaneira os pequenos, os sofredores.
     Nesses quase 16 anos que vivi em Macapá procurei principalmente ser útil aos pobres, às crianças, à juventude, e jamais recusamos qualquer pessoa nos tratamentos, no acolhimento, na misericórdia e na caridade. “Sursum Corda!”
     Quando um numeroso e qualitativo número me procurou no início deste ano, sobre o movimento de restauração moral do estado do Amapá, não vacilei, pois amo essa terra e já bebi dessa água. Não há como refutar. Há radicado em meu coração aquele mesmo amor da chegada.
     Trouxeram-me um levantamento com informações e as conclusões são as mais alarmantes e lamentáveis, mostrando que há uma generalizada infecção em todos os pontos do organismo político/social. Assim, a corrupção grassa nos diversos níveis de governo, tanto estadual quanto municipais e nos órgãos federais aqui instalados. A deplorável falta de controle das verbas, dos gastos, as propinas, os desvios, a apropriação indevida de dinheiro que deve atender às necessidades da população se verifica em todos os pontos para onde são enviados os valores. Não consegui ainda ver exceções e isso causa estupefação! Essa intoxicação do mal é fatídica e levará ao colapso absoluto, em breve, se não for contida, controlada, se não extirpada pelo menos grandemente reduzida.
.     Executivo, Legislativo e Judiciário necessitam urgentemente de grande profilaxia, limpeza pesada, faxina geral. Isso inclui as estâncias maiores e as municipais. Como exemplo, o desnível e a ilegalidade de salários, proventos e subsídios que persistem em 16 municípios, com avultamento na capital. A situação do Parlamento estadual é vexatória, vergonhosa, e dos 24 ocupantes, 27 estão comprometidos por ação e/ou por omissão, simultaneamente. Aguardem os dados.
      As negociatas feitas entre os membros dos 3 poderes se processam quase às claras, numa vulgaridade da ação criminosa. Inaceitável quadro! O comprometimento moral está cada vez maior, e as forças que precisam, podem e devem se interpor a essa súcia, de corrupção desbragada, estão caladas, silentes, distantes, e muitas, infelizmente não apenas conscientes, mas também participantes das tramóias, dos desvios.
      Igreja, clubes de serviço, entidades religiosas, associações de têmpera e força moral precisam se levantar contra esse descalabro. A imprensa precisa responder com a lisura e honestidade que dela se espera, sem submissão, sem agachamento, sem usufruir de recursos escamoteados, apodrecidos pelos roubos.
      A indignação será coroada por Deus, mas a covardia terá um alto preço.  Não se pode conceber impunemente essa derrocada do caminho correto, digno, principalmente quando olhamos ao redor as carências, a pobreza, a miséria, a doença, o abandono dos simples, dos marginalizados. Podemos hoje considerar que os ¾ de milhão de pessoas de hoje no Amapá mais de 650 mil vivem na penúria, na miséria, em condições indignas, insalubres, desumanas.
    Perguntariam: Mas o que podem os espíritos, as almas, que não têm corpo físico, fazer? Assombrar?
    Creiam, (não duvidem!), o preço da descrença pode ser muito caro: Podemos mais que simplesmente assustar. Podemos (e já estamos fazendo isso!) interferir nos rumos, pensamentos, destinos, porque isso nos foi permitido por ordens de Mais Alto. Certa vez uma jovem de uma pequena província francesa conduziu o país à liberdade e à vitória, inspirada por enviados celestiais que lhe ditavam os passos. Existem novas “Joanas D’Arcs”. Os que puderem ouvir ouvirão. Os que puderem ver verão. Mas todos sentirão nossa presença e ação.
     Essa terra que tantos amam e que por ela deram o melhor de si, no esforço para a conquista de uma sociedade equilibrada, com probidade e caráter. Esses que se empenharam na educação, na preparação, ao assistir a esse derribar da decência, da honradez, agora se movimentam para reverter esse giro desgovernado do leme. Não pretendemos o ataque a pessoas, mas vigorosa e intimoratamente, com nossa senda iluminada pela tocha da verdade, com a Fé em Jesus e a confiança na Mãe desta terra, a Santíssima Mãe Maria, nos atiraremos contra o erro, contra os desvios, contra a corrupção, contra a saga imoral que impera e cresce nos níveis de comando desta região tão cara a nossos sentimentos. Os que se desviam que se arrependam antes que os escândalos ocorram, porque os faremos esguichar do chão como fontes termais, no espetar das pustulentas e mal cheirosas mazelas. A comunidade de bem precisa se voltar para as orações, para a reflexão diante da incúria, e não se omitir, sem cumplicidade com o mal. Não há luta por lados ou esquadrões, mas sim pela virtude, pela honestidade, pela dignidade humana.
      Eu e todos os mais de 12 mil que estão empenhados nessa ressurreição do Amapá vamos nos comunicar mais vezes, de diversas formas. Não dependemos de pessoas ou grupos, e ninguém é indispensável, pois nossos rumos e objetivos contemplam causas, não indivíduos ou facções. Terão, daqui a pouco, a certeza de que “Sementem ut feceris, ita metes”- Cada um colhe o que planta.
     Estaremos presentes nos cultos sérios, nas missas comprometidas com o Amor de Cristo, nas reuniões de pessoas de valor, no encontro daqueles que se postaram diante do perigoso desfiladeiro, independente de rótulos ou preferências. Não apenas como assistentes, mas como inspiradores e até mesmo instigando uma postura mais enérgica, mais crítica e atuante, já que o quadro deletério que se apresenta exige Força e Fé. Isso urge, pelo tamanho da fenda moral que se abriu em rio de lama, putrefata, asquerosa, inadmissível.
      Pelo ardor missionário que evoca minha Fé e congregação, conclamamos a toda a sociedade com bons propósitos a esse soerguimento. Conversar sobre isso, falar disso é uma oportunidade que temos de mostrar nosso amor a Deus, no cumprimento de suas lições para a evolução de cada um, para o bem geral.
Que Jesus e nossa Mãe Adorada Maria de Nazaré possam abençoar a todos.

                                                                          Pe. Julio Maria De Lombaerde – S.D.N. – espírito-

“Non nobis, Domine, non nobis, sed nomini Tuo da gloriam -"Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Vosso nome dai a glória”
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         NOTA ANEXA- Conheci o Padre Julio Maria primeiro pelas notícias. Sua coragem e determinação percorreram não só o mundo eclesiástico, mas ultrapassaram fronteiras. Estóico, corajoso, caridoso, obstinado a melhorar o mundo, esse brasileiro nascido na Bélgica, mas que se dizia francês, sempre recebeu de todos nós os mais fervorosos elogios, pelo espírito empreendedor, pela fulgurante Fé, pela entrega da vida ao semelhante, minorando dores, curando feridas do corpo e da alma. A santificada missão desse bem aventurado discípulo de São Luis, servo intransigente da Santíssima Maria, trouxe à Humanidade frutos que até hoje vigoram e se multiplicaram. Vim saber que uma de suas avós era aparentada com minha querida mãe, também nederlanda, da região em que nasci, Leiden. Em sua passagem por Macapá, o bom Padre Júlio deixou indeléveis sinais, como as pioneiras obras, da criação da Banda São José, o Cine Olímpia, o colégio, o convento, a primeira escola de teatro, além de projetar e coordenar obras importantes do município que até hoje auxiliam à comunidade. Indo para Minas ali também edificou pela Fé e para a Glória de Deus a importantíssima Congregação Sacramentina, colégios, hospitais e muitas outras de interferência benéfica na vida comunitária, além da criação de um jornal “ O Lutador”, autêntico, destemido e sábio bastião da Fé.
Deus nos premia com essa iniciativa e com essa abençoada presença e atuação, tenhamos certeza disso.
Esta é, concretamente, a intercessão do Espírito Santo.
Que Jesus nos conduza, sempre.
Padre Aldo- espírito*

-Padre Aldo (Baldwin Van Pettersen) é o coordenador do Projeto Alfa- Almas libertas Francisco de Assis.


Mensagens recebidas em sessão reservada no CEFEC- Valparaíso de Goiás, pelo canal Arael Magnus em 29 de março de 2014.
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