Respeitável público... Hoje tem espetáculo?...Tem sim senhor!
O som possante da bandinha da ventura anuncia em acordes de bondade que a alegria chegou. Verdade.
Abre-se a porta de lona, do belo mundo infantil. Pureza.
Quais aves inquietas em revoada de luzes, crianças ocupam a bancada multicolor do circo simples da vida. Nobreza.
Ansiosa algazarra estampa um fundo pleno, sereno. Inocência.
Pulando, peraltas, os malabares da dificuldade, sobem até o topo, nos oníricos monociclos, como gente curiosa. Esperança.
A mão sagrada, na cartola invisível, desfralda a cortina da realidade. Vitória.
Surge o palhaço, com sua roupa de estrelas, nariz vermelho de bola, coração iluminado. Candura.
Distraído pela dança da borboleta de papel, tropeça na geringonça... e a platéia explode em graça. Presença.
Platéia?- espirra com bom humor, em piruetas seguidas - Alguém disse platéia? E rola no chão de pérolas do confete solidário. Vontade.
Ali, um menino branco, esparramando amizade, em confortável lufada de irrefreável risada. Respeito.
Do lado, a boneca loira, comendo a verde pipoca do futuro, força a passagem no furo dos dentes, ausentes, com expressão de delícia. Sentimento.
Em cima, grudado ao balão do entendimento, o garoto negro, atento, ilumina o seu redor com voz dourada, devorando o suspiro sobrante na boca branca. Harmonia.
A indiana, da roupa bordada em seda, equilibra no abraço o pirulito gigante, com doce som de carinho. Cuidado de acrobata pra não sujar a roupinha. Capricho.
O moleque de olhos puxados estende mãos generosas para a princesa africana, com a perna arranhada na escada da tolerância. E ela nem soluça mais. Companhia.
A calda da maçã do amor com cheiro bom de baunilha devolve o brilho, o fulgor do iluminado sorriso de compreensão estendida. Cordial.
A lantejoula alcaçuz, na beira de forte teia, cintila o riso feliz do indiozinho marrom, com seus olhos de açaí. Oferta compartilhada na louvação irmanada. Fraterno.
Prossegue a apresentação no picadeiro do Bem, esparramando a poção da fantasia, imaginação e liberdade... Alegria...
O sapato folgado da proteção faz ploft... ploft... Ao som da marchinha que fala de pássaros, de flores e cores. “Desata o nó, amarra o ioiô, no beijo da vó, no abraço do vô”. Dignidade.
De repente, tudo cessa. Silêncio.
O repicar do tarol da paz estrila, insistente: vai começar a grande roda de gente. Família!
Todos são saltimbancos no atraente vitral de mosaicos violetas. De mãos dadas, perfumadas, se abrem num lindo sol. Radiante.
No meio, o palhaço, atrapalhado na bola gigante, enrola o novelo, na calça de mola, que não fica no lugar. Dedicação.
Dá saltos de entusiasmo, com o apoio da fivela, branca, verde e amarela. Perseverança.
Sublime momento. Apoio.
Um lenço que não se finda, saído de um dedal, enxuga suor de mil perfumes, mistura do diamante, vibrante lágrima da caridade. Felicidade,
Desce do céu, no trapézio da virtude, um hino de união, a exaltar que todos são um, iguais, perante o Criador, Pai de tantas diferenças. Excelência.
Escondido no algodão-doce da coragem, emocionado, o arlequim chora. Seguro nas argolas do ensino, que vem do além, confia. Humildade.
No redemoinho da gratidão vê meninos como seus, e sente-se luz. Vida.
Assim um circo é o céu.
Assim um palhaço é Deus.
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Encerra-se a função. Saem todos, e crescem.
Crescem?
Vem a noite que gera sombra. Retalha, divide, fatia, separa.
Aqueles não são mais gente. Encerram-se em jaulas.
São daqui, ou hindus, europeus, africanos, judeus, cristãos e ateus, feras, e fúrias, calúnias, injúrias, em constante desavença.
Monstrengos dominantes de cruel sociedade, ilimitada maldade.
Chicotes, ferrolhos, látegos da indiferença. Descrença.
Luxúria, ganância, fanatismo, domínio, poder, racismo, credos, medos, crises, bombas, forja de infelizes, falsidade, traições, brutalidade, desrespeito, preconceito...
É a miséria desfiando as infindas levas, nas trevas, a rolar em ribanceiras de ódio, dor e mentira. O Bem expira. O mal impera.
E o ser insano apodrece inumano, sem clemência,
perdido na vala espúria do terror, indecência!.
Vale de dores, estertores e ranger de dentes, dementes.
Amarga expressão embola o grunhido som materno, desespero.
Na oração se imola, no praguejar se consola, destempero.
Olhando o filho morto, mártir inútil de vulgar violência, bagaço.
Assim o circo é um inferno.
Assim, Deus é um palhaço.
GEORGE SAVALLA- espírito
............................................................(Mensagem recebida em reunião pública em 4 de Outubro de 2009, pelo médium Arael Magnus, no Celest- Centro Espírita Luz na Estrada- Castanheiras –Sabará-MG)
Obs. George Savalla Gomes é o nome do palhaço Carequinha, nascido em 1917 e desencarnado em 2006.
Ouça músicas mediúnicas recebidas por Arael Magnus clicando no link
http://www.youtube.com/tvintermedium?gl=BR&hl=pt
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