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sábado, 16 de março de 2024

Abertura de Consciências e Horizontes


“O ser Humano não é capaz de imaginar o que não existe”-
Albert Einstein

        Esta frase do conceituado físico moderno descortina um parecer que deveria ser analisado pelos que buscam a Verdade com o sincero desejo de encontrá-la, e para tanto, despidos de todo e qualquer preconceito, juízo prévio. A afirmativa consagra a condição do ser atrasado, ainda em evolução, muito distante do Absoluto, falível, carente e semicego, que o são, em síntese os que vêm para a Terra no cumprimento de suas tarefas. Desta feita, uma análise desse intrigante - e desconfortável para muitos-, axioma, nos revela que, de alguma maneira, em algum lugar, de alguma forma, em tempos diversos, tudo aquilo que nosso pensamento, nossa imaginação, nossa intuição puder conceber, existe. Na oportunidade em que nos trazia essa conclusão, o cientista assustava à sociedade intelectual, ao afirmar que a imaginação era sempre melhor, maior e mais importante que o conhecimento.

          Não foi exposto, mas sub-apreendeu-se que as obras, os inventos, os feitos consagrados a seus autores, são cópias, lembranças ou frutos de revelações externas, misteriosas, místicas, enfim.

          A intuição foi citada como uma das geratrizes desse fenômeno, e justificando sua revolucionária “Teoria da Relatividade”, declina o cientista que obteve estas conclusões, com a frase: “I started to think about what I didn´t know!” - Comecei a pensar sobre o que eu não sabia!

          Afinal, estagnados diante das teses cartesianas (Cogito, ergo sum - Penso, logo existo)- “isso se torna Ilógico, inaceitável, incompreensível”, bradaram os adeptos da ortodoxia filosófica. No entanto, quem traz essa prédica não é um qualquer, do vulgo ou do “fanatic team” mas aquele a quem foi atribuído o mais elevado quociente de inteligência (QI) que a sociedade contemporânea pode mensurar. Declarando sua crença em Deus, Einstein também pontificou o seu lado místico. Corroborando uma lei consagrada por Antoine Laurent Lavoisier - (Dans la nature rien ne se perd, rien ne se crée, tout se transforme ...) e o ensinamento espiritualista completa...(et évolue), o cientista germano-judeu, que até hoje assombra por conclusões atômicas macro e microcósmicas, consolida para nossa civilização um entendimento novo. Compreensão que ao longo dos séculos vem sendo repetida por luminares, líderes espirituais, cientistas, filósofos, sábios, bíblicos profetas, místicos na essência, mas que encontra resistência na ignorância renitente e limitação reinantes, barreiras intransigentes de incredulidade empedernida, viciosa, dogmática.

          A insistência recrudescida em abominar e lançar anátemas contra todos os que se assanham em “perscrutar o insondável”, longe de identificar sabedoria, esconde fraqueza, medo, e entranhado egoísmo, pois os que assim agem se sentem abalados em suas convicções, estremecidos em seus pseudo-fundamentos. Revelam temor, pavor mesmo, aos berros de “Dies der Verdammnis Schreckgebot!” - Este é o mandamento terrível da condenação do diabo!”- no eco da wagneriana saga. E olham para o Céu, assumindo ares de paladinos bastoneados da divindade, como se a eles fosse dada tal autoridade!

          Com o advento das portentosas conclusões auferidas na doutrina dos espíritos, codificada e didaticamente encetada pelo professor de Lião, imaginou-se que pelo menos uma boa parcela da falange patrulhesca e inquisitorial fosse se debruçar sobre os PILARES DA REVELAÇÃO, e à luz da razão, consoante à Fé raciocinada, cuidasse dos chamados fenômenos e práticas herméticos, sem o casuístico e ultrapassado preconceito, sob um estrito crivo crítico, analítico e científico, filosófico e religioso. Desejava-se um térmo-choque de tolerância no mínimo e de real fraternidade, ao máximo.

          Entretanto não se viraram para a luz, para a decepção de uma espiritualidade Superior, que anseia pelas mentes e corações abertos de uma Humanidade coexistente e operosa no amor, no serviço e no saber. O que se vê é um despejar de velhas cantilenas, surradas acusações, revivescentes práticas dos índex, das heresias, da perseguição às bruxas, aos alquimistas, aos mágicos, aos oráculos, aos esotéricos (também com x) aos ciganos, aos iniciados, aos cultores das tradições africanas. Supõem assim conter, com suas imperecíveis fogueiras, torturas e castigos, um fluxo espiritual incessante, inerente à própria condição do inquieto espírito humano. São os mesmos que esparramaram o sangue e a dor, nos campos da maldade, em nome do Cristo, reprisando o ideal das Cruzadas -(Deus Vult!- Deus quer isso!), agora reencarnados e orgulhosamente albergados no códice kardeciano.

          Ao usar de argumentações bolorentas, pobres de essência, detratoras e falsas, tentam não apenas se contrapor, mas debochar de coisas profundas (às quais não conhecem) se utilizando de citações zombeteiras, com o propósito em criar uma pecha de “superstição pueril” sobre assuntos que seus níveis de entendimento ainda não alcançaram. Combatem às práticas dos umbandistas como se estas fossem dilapidárias da exaltação espiritualista, e mesmo cristã, sem reconhecer a excepcional fluência energética que delas se desprendem. Enxergam na simplicidade ingênua dos cultos oriundos das terras dos negros, o explorar de crendices, ao invés do admirável nascedouro de mediunidade genuína, a ser lapidado, orientado, nunca (como fazem) agredido com a fúria destruidora, desmesurada. Lembram na crueldade verbal as “divinais justezas” dos protestantes de Fox, no massacre da Escócia, elegendo de modo gratuito, uma legião de inimigos deles e de Deus!

          Vislumbram em estudos multimilenares, como os cabalísticos, ameaças à integridade espiritual e moral de seus profitentes, baseando-se em ilações superficiais, impróprias, rasteiras, medíocres.

          Esquecem-se de que este “Estudo do Incognoscível” é o berço-matriz de onde surgiram ciências notáveis, como a Astronomia, a Meteorologia, a Química, a Agronomia, alimentando outras como a psiquiatria, a psicologia, ocupando o interesse e a investigação de figuras de elevada estatura no conhecimento, como Platão, Sócrates, Hermes Thot, Pitágoras, Aristóteles, Arquimedes, Johannes Kepler, Galileu, Copérnico, CG Yung, Confúcio, dos oráculos, dos profetas, dos magos de todos os matizes e rincões (dentre os quais Baltazar, Melchior e Gaspar, anunciadores e testemunhas da vinda de Jesus), envolvendo todas as civilizações, dentre as mais desenvolvidas (Caldeus, assírios, mesopotâmios, babilônicos, vedas, coptas, multi-indos, chineses, suevos, escandinavos, orientais, judaicas, gregas, maias, astecas, e outras). Isso tudo, sem citar Kardec, que aí se enquadra, com a Doutrina dos Espíritos.

          Para o achincalhe se valem de figuras de retórica ensebadas pelo ranço de uma pseudo pureza doutrinária míope, que em sua intolerância se constitui num igrejístico arcabouço de preconceitos, discriminação, cercear ideológico, tentativa de aniquilamento da liberdade de pensar, de arguir, de vasculhar, de questionar, (processos insubstituíveis para a aquisição do conhecimento e evolução verdadeiros, plenos).

          Compete ao espírito buscar o saber em suas várias fontes. Como na ode esperantista “Simile al lá faleno ebria de libereco kaj lumo, flirtanta de floro al floro.”

          Tentam qualificar as ciências chamadas de ocultas, tais que a cabala, a numerologia, a astrologia, a tarologia, a quiromancia, a onírica, onomatomancia, e outras, por suas aparições casuais e manifestações mais vulgares, até mesmo mais infantís. Rotulam estudos sérios, superiores, profundos, multisseculares sob a ótica da ação deletéria de insensatos, amadores, curiosos, não poupando aí os qualificativos mais agressivos, mais contundentes, mesmo humilhantes. Isso é tão falso e tão injusto como seria falso e injusto definir o cristianismo pelos desvios dos desequilibrados sexuais que povoam os conventos, ou conceituar o espiritismo a partir das pancadas na parede de Hydesville, ou no amontoar dos códigos de Kardec como frutos das mesas girantes! Seria julgar a Doutrina pelos danos a ela causados por espertalhões que dela se valeram (e se valem) nas inumeráveis fraudes, nas mistificações e desvios (Abusus non tollit usum!)

          A evolução dos conhecimentos científicos em todos as épocas, e com predominância para a contemporaneidade, só tem confirmado as idéias defendidas e cultivadas pelos estudos herméticos. Em nosso cotidiano a presença e influência é indisfarçável, desde o calendário, aos dias da semana (lunedi, sábado, sunday, monday, etc.) com aos assuntos da ação da lua sobre o clima, a vegetação, os ventos, as marés, e por sua vez o sol, na fotossíntese, na energia vital e geral, na interferência da absorção das vitaminas, e daí por diante.

          Na divisão dodecadenal de casas zodiacais se detectam impressas nos indivíduos as qualidades e tendências elementares, essenciais, não generalidades. São assinaturas que distinguem os seres uns dos outros por qualidades intempestivas, definidoras. Parte-se daí para pesquisas mais profundas, sobre as gradativas mutações dos arcanos, dos momentos, das trilogias no fogo, terra, ar e água!. São assinalamentos que revelam aptidões, adequações, o talento, a vocação, a espécie, a estirpe. A aposição de nomenclatura simbólica não elimina a essência substancial. Como o magnésio, tem sua vida química, mesmo tendo sido antes, o fogo do bruxo.

          E o Destino? O que é o Destino? Um enquadramento compulsório da vida, tornando os indivíduos marionetes à mercê dos acontecimentos fatalistas? Claro que não! O Destino é um caminho no qual está determinada a trajetória da missão da existência. A forma, a maneira, a qualidade e a elaboração estão (aí sim!) condicionados ao Livre Arbítrio, à vontade de cada um. Mas, esse caminho tem limites e precondições, sendo consequência, em sua quase totalidade, dos acontecimentos pretéritos, confirmando o dístico cristão- “o plantio é livre, a colheita é obrigatória!”. É a Lei da Justiça e da Misericórdia Divina, na permissão da escolha (antecipada) dos carreiros a trilhar. Lembro aqui a frase zíngara- “Lia strada può variare, ma che è la strada.”- Pode-se variar na estrada, não mudá-la. O Livre Arbítrio estará condicionado àquela escolha. Cumpri-lo ou não depende da disposição, do interesse, do esforço, da boa vontade de cada um. Pode o ser humano conhecer esse caminho com antecedência, se ajudando, se orientando, definindo estratégias de enfrentamentos e evitando os riscos? Certo e justo que pode! É semelhante ao que hoje a ciência faz com o Deoxyribo-Nucleic-Acid -DNA- que determina de forma “ditatorial” os atributos genéticos, as qualidades e compleição física, como as fragilidades e predisposições. É impositiva, e carimba parâmetros, projetando o futuro. Mediante as informações e o conhecimento o indivíduo se cuida ou não, desenvolve-se ou não, dentro de sua liberdade de agir. Mas terá olhos castanhos ou azuis, predisponência ao diabetes ou aptidão ao atletismo, e isso pode ser lastreado mesmo antes que o espírito reencarne! No caso das ciências herméticas, vemos ser possível antever o futuro, ou seja, a estrada, num entendimento do “DNA” espiritual, mental, intelectual, com as tendências e talentos, fraquezas e inclinações.

          Estes comentários propedêuticos, ilustrativos, trazem em seu bojo o delinear inteligível do quanto é imperioso um cuidado maior dos que se aventuram a falar do assunto, condenando-o levianamente sem possuírem conhecimento para tanto. São os mesmos, certamente, a repetir o tribunal da igreja de Roma, sentenciando Galileu (“Eppur si muove”).

          Voltando ao Codificador, não nos esqueçamos de que ele se mostrou um observador profundo, místico em sua acepção mais acurada, de acentuado quilate e fulgor. Abandonando o ceticismo pragmático e refratário, absorvidos em sua vida secular de educador, com acentuação luterana, o prof. Denizard Rivail encarna (ou reincorpora) a figura do misterioso e oracular sacerdote druída, Allan Kardec, nome este que lhe foi revelado na mesa da quiromante Mme.Annelise Dorfand, sobrinha da famosa cartomante Mme. Lennormand*, de Alencon. E o próprio LHDR insiste na fixação de seu pseudônimo! Com clareza Kardec deixou gravadas suas impressões, como em “A Tiara Espiritual” - Obras Póstumas-, e outras, em nova consulta, desta vez com Mme.Du Cardonne, em Paris, pois ali enxergava ele uma manifestação da “dupla vista”, qualidade mediúnica própria de alguns sensitivos. Sem o histérico estardalhaço dos presunçosos “juízes desvairados”, adeptos do falar romeno “Nu vazut si nu a placut” - não vi e não gostei!- Kardec regista sua maneira de pensar, deixando entrever nesta, a salutar indagação, a hipótese construtiva, estímulo ao perquiridor. Do mesmo modo aceita e divulga, alardeia sem repulsas e estrebuchos, a proteção que lhe é oferecida pelo espírito que se identifica como Zéfiro (um ser mitológico, hermafrodita, chamado “o vento do Oeste”, que fecundava as éguas da Lusitânia). Mesmo que interpretações distorcidas posteriores possam substituir sua evidente valorização do que ele chamou de “ruptura do conceptual”, o mestre lionês não se entrincheirou em muros contentórios, mas construiu pontes e acessos, para o que ele não entendia, não conhecia, não tinha ainda uma explicação lógica. E como fundamento basilar, define como regra - Espíritas, Amai-vos e Instruí-vos! E aditamos o brado croata: ”Nema spasenja pojedinca” -

          Que os assacadores de opiniões condenatórias, eternas cassandras de plantão, se repliquem no lema da tese socrática, obtida no portal do Templo de Delphos, e conheçam-se a si mesmos, em sua rasa profundidade e parcos limites, antes de chacoalhar, de modo grosseiro, conceitos e pregações, que deixam os menos preparados, distantes das verdades maiores. A herança espiritual deixada por muitos luminares, inclusive por Kardec deve se pontuar, não pela posição excomuniatória que alguns tem adotado, mas pelo sistemático reinado do equilíbrio e verdade. O pseudenominado de Lião recebeu o merecido brasão de “O Bom Senso Encarnado” conferido por ocasião do enterro de seu corpo pelo amigo e confidente Camille Flammarion, que dentre outras virtudes intelectuais extraordinárias gostava sempre de ser identificado como um astrólogo e astrônomo que o era.

           Benata estu l’amo... Laüdata stu Dio!- O amor seja bendito, e Deus seja louvado!

Francisco Valdomiro Lorenz - espírito

Mensagem recebida pelo médium Arael Magnus no Celest-Centro Espírita Luz na Estrada em 12 de Julho de 2009- Sabará-MG
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UMA PEQUENA HISTÓRIA-

Pela pertinência ao assunto que cerca o fato, revelo-o, não de modo inédito: Certa feita, em 1946, com alegria, tive o encantado prazer em conversar com o inadjetivável pela grandeza, Francisco C. Xavier, num encontro “casual” na porta de uma livraria, no centro da cidade paulistana. Estando de passagem pelo local e atraído como dezenas de outras pessoas, pelo anúncio da presença do já consagrado psicógrafo, estava ali quando ouvi com indizível surpresa, o chamamento do próprio, em meio a tantos ilustres acompanhantes: -Lorenz... Lorenz... Venha pra cá... - chamava-me ele pelo nome, em calorosa intimidade, estranhável a muitos, pois que nos conhecíamos através de algumas correspondências trocadas, que não passavam de meia dúzia. Mas, abraçando-me com carinho legítimo, pegou-me pelo braço, na porta do estabelecimento. Sob os olhares assustados de alguns dirigentes e outros imponentes representantes da mais acirrada ortodoxia kardecista, apresentou-me: ”-Este irmão aqui é meu xará... Francisco... Lorenz é o maior ocultista que esse país já conheceu...”, exagerava o “Anjo Amor”, para o escândalo e estupefação, e por que não dizer, indignação de muitos que o anfitrionavam. Confidenciou-me então: - Vou enviar a você, em breve, um material mediúnico acerca de informações trazidas por Swami Vivekananda, pois podem interessar ao Círculo Esotérico! ” - Como de fato ocorreu, recebi indicações preciosas vindas do monge, iogue e filósofo hindu, fundador da Missão Ramakrishna, cujo material extremamente útil foi (e é) divulgado, calcado exatamente na prática da Fraternidade, do espiritualismo universal, na compreensão dos seres, sem que haja necessidade de se servir do discurso religioso para estimular as facções ou as posturas vindas do fanatismo, orgulho, prepotência!

Francisco Valdomiro Lorenz - espírito-

Recebida pelo médium Arael Magnus em 12 de Julho de 2009 no Celest - Centro Espírita Luz na Estrada. -Sabará MG

Obs.do canal receptor - Antecipando o inevitável e esperado despejar de acusações feitas por vigilantes e fiscais do espiritismo, literalmente “encarnados” pela intolerância, donos do "SPC do Céu" manifesto meu total apoio sobre as informações trazidas pelo querido espírito do prof. Lorenz, fazendo desse manifesto um atestado necessário para esclarecimentos muito oportunos, sendo eles identificados com a maneira que eu penso. (Arael Magnus)

Nota- *Marie Anne Adelaide Lenormand nasceu em 1772, em Alencon, França. Pertencia a uma família gitane provinda da Catalunha (Espanha), de tribo Callin.Sinti, de cuja raiz na Ucrânia, nos arredores de Kiev, também fazia parte Myron Magnuvitch. Por sua vez, Myron, após ter sido expulso da Áustria pelo intolerante regime, que fez também vítima o autor FV. Lorenz e família, veio para o Brasil, desembarcando no litoral capixaba no início do Século XX, de onde rumou para o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, pelo Rio Mucuri. Myron Magnuvitch no Brasil virou João Lage. O canal Arael Magnus é cigano por etnia, neto de Myron, por parte de mãe, e por parte de pai, Lazzarotti Giulio, zíngaro proveniente da região de Padova na linhagem da tribo de Zatta, de gerúndio hindu.

(Nota de Lídia Luiza Passos- Presidente do Celest- Sabará MG- 2009)

Ouça músicas mediúnicas recebidas por Arael Magnus clicando no link
http://www.youtube.com/tvintermedium?gl=BR&hl=pt e leia mais mensagens de Arael Magnus em http://intermedium.spaceblog.com.br/

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A ENTREVISTA COM CHICO XAVIER

......................Texto de Humberto de Campos- Espírito..............





PARTE I –


Chico, Emmanuel, Anchieta, Kardec

           Foi uma visita muito prazerosa que durou uma tarde inteira e boa parte da noite. Havia solicitado esse encontro nos meados deste ano, e fui surpreendido pelo chamamento, aproveitando a oportunidade de um raro momento de folga de nosso querido medianeiro.


          Quando cheguei, após rápido passeio por jardins majestáticos do caminho, pude, logo à entrada, perceber que era ali que ele ficava. O equilíbrio harmonioso e a forma simples de tudo o que estava em volta retratavam um pouco do ser extraordinário que conheci na bucólica Pedro Leopoldo, há mais de setenta anos.

         Ao pé de verdejante encosta, cercada por flores multicoloridas que dançavam ao embalo de leve brisa, uma casinha simples, de paredes brancas e duas janelas azuis, com pequenos nichos de folhagens, a pender graciosamente, compondo um belo modelo de paisagem. Na entrada uma varanda receptiva, com o chão brilhando em verde perolado, e alguns bancos, confortáveis, dispostos em meio círculo, convidavam ao descanso.

         Percebi logo que aquela era a chamada entrada comum, pois apesar da aparência contida, a casa possui muitos cômodos, e notava-se movimentação acentuada em seu interior. Ao me aproximar da soleira, surgiu a simpática figura de Dinorah, que me recebeu carinhosamente, anunciando que ele viria logo, e que eu deveria me assentar.

          Ainda resfolegava na emoção, quando ouvi seus passos. Era Chico Xavier, nosso querido Anjo Amor, que com aquele sorriso amigo e paternal, nos estendia um longo e generoso abraço.
         Depois que ele retornara ao mundo espiritual, há sete anos, era a segunda vez que nos encontrávamos, sendo que a anterior foi um contato muito rápido devido à multi-quilométrica fila de recepção. Nesse ínterim, porém, tivemos alguns encontros indiretos, através de relatos e notícias de amigos.

         O iluminado espírito demonstrava boa disposição, vivacidade, com uma calça de linho cinza-azulado, camisa branca com gola aberta, de onde pendiam do bolso, dois lápis. Trazia a expressão serena, e o sorriso de simpatia conhecido por todos.

         Como dois colegiais na volta de férias, no início da conversa misturamos perguntas e respostas simultâneas, de coisas e pessoas do trivial. Entusiasmado, o coração de ouro de tantos consolos e ensinamentos exultava com fartos adjetivos, à possibilidade em estar escrevendo para os povos orientais.

        - Meu irmão, - dizia ele, - tenho experimentado enorme emoção, ao penetrar cada vez mais em semelhanças e pontos convergentes entre grandes sábios das culturas orientais, antigos e contemporâneos, com os ensinamentos contidos nos sagrados Evangelhos de Jesus. 
         A magnanimidade do Criador soube distribuir a Verdade, em sua inteireza, a todos os filhos, em todos os cantos e em todas as culturas, facultando a cada um, por mais distante ou separado que esteja dos centros desenvolvidos, a possibilidade de se aperceber do rumo, do norte de seu processo evolutivo.  
        Através de emissários abnegados Deus envia, em cada rincão, para cada pontinho mais inexpressivo, a centelha que pode incendiar a luz do Amor e da Bondade em cada coração. - aduzia feliz.

        Durante alguns minutos ele falou dessas experiências, relatando visitas de evoluídos seres, que o assessoravam nestas novas caminhadas.

       - Mas, Chico, da última vez que me chegaram notícias suas, através do prof. Romanelli, as informações eram sobre os povos africanos...

         - Ah sim, foi no início deste ano, e ainda continuamos esse empenho, mas o que tem me ocupado mais o tempo agora é esse trabalho ligado, sobretudo aos islamitas e aos chineses. São culturas de uma profundidade e sabedoria formidáveis, que em muitos pontos parecem até ter dado origem aos ensinamentos de Jesus, pela beleza.
         Temos encontrado campo fértil em corações bondosos, e estamos lá empreendendo atividades mediúnicas de uma forma híbrida, aproveitando as bases da fé reinante, mas consoante aos padrões da Doutrina Espírita, e alguns resultados já se apresentam. 
          Claro, como em toda atividade que quebra ou altera estruturas, acontecem as reações, algumas até radicais, violentas....(suspira)... tem havido até mesmo algumas execuções, mas isso também é parte do processo...

          - É... - interrompi- nós temos notícias da violência, da discriminação, do sectarismo que cercam muitos seguidores e líderes fanáticos destas crenças...

           Antes que eu completasse minha opinião fui interrompido pelo interlocutor, com um carinhoso, mas eficaz, nocaute verbal:

          - E onde é que isso não existe, meu irmão? O ser humano ainda não se liberou de seu atavismo, de sua sede de posse territorial, e infelizmente a grande maioria ainda se pôe à porta, com a maça nas mãos, nas pré-históricas cavernas do sentimento, da fraternidade, da compreensão. 
          Vou te contar um caso, dos quais colhi detalhes há poucos dias: um dos maiores repositórios de revolta que os muçulmanos têm, se refere ao martírio cruel, ao assassinato coletivo de jovens, mulheres, crianças, cometidos nas Cruzadas Cristãs! Remontam aos martirizados nos terríveis episódios acontecidos por volta do Século XI. Já pensou que tragédia?! 
          Crimes horrorosos praticados com a espada nas mãos e a cruz de Cristo na outra! Para muitos, milhares, sobretudo fora da carne, a figura de uma cruz ainda simboliza o golpe da espada a fazer rolar, sanguinariamente, as cabeças de gente de seu povo... Deplorável!-

          Depois de retomar o fôlego, prossegue:
          - O sentimento de amor, sabemos, é uma energia extremamente poderosa, benfazeja, que precisa ser controlada, conduzida, pois temos ciência onde deságuam os curtos-circuitos das paixões e as conseqüências da sobrecarga que atende pelo pseudônimo de fanatismo. Infelizmente, meu amigo, creio que ainda falta muita estrada para caminhar até que alcancemos um patamar de reinado pleno, para a fraternidade pura. 

          E isso não é coisa de Idade Média, não. Acontece hoje, aqui e na crosta, onde as convicções pessoais de grupos, de congregações tentam se impor aos outros, a qualquer custo, com as mais “santificadas” explicações! E nós como espíritas detentores de um legado enorme de responsabilidade pelo esclarecimento da Humanidade, não podemos nos perder nessa trajetória, nem permitir que se troque a conquista de almas através do Evangelho Consolador pelas desarvoradas e até mesmo renhidas disputas de espaço e ocupação.                    Lembro a citação de Emmanuel, “Compreensão não se exige, se pratica”... -

         A entrada de uma simpática senhora, trazendo-nos um cheiroso café, foi o hiato oportuno para que eu pudesse recobrar-me daquela avalanche de informações que recebera, embalada em lição de caridade, ditadas pelo elevado anfitrião.


O CENTENÁRIO

         Meus pensamentos fervilhavam na absorção daquilo que ouvia, quando me aventurei a uma questão:

       - E aí Chico... E o nosso Emmanuel...?

       - Trabalhando... Trabalhando... - respondeu, com sinais de preocupação- tem se empenhado muito com nossos irmãos de Doutrina, exatamente para que abdiquem de algumas posturas diríamos, reacionárias, engessantes, porque isso o torna muito insatisfeito consigo mesmo...

       -Ué? Com ele próprio?

       -Sim... Porque dá a sensação de não ter cumprido bem a sua missão, ou que não conseguiu transmitir de modo a ser entendido, os ensinamentos que lhe passaram os responsáveis pela codificação...

        -Isso como Kardec?*

        -Sim, mas também como em sua performance recente como Emmanuel, o grande condutor da estrutura do espiritismo nascente, na qual também tenho sido usado. A Doutrina Codificada é um processo que tem suas fases continuadas. 
           Não é uma tarefa de empreitada onde selamos uma etiqueta de “finalizada, revista e corrigida”. Desdobra-se, e vai continuar assim, subindo degraus, dinamicamente, apesar de que alguns estão preferindo se assentar ou andar na horizontal, insistindo em não alçar planos mais altos...

          - Fale-me sobre isso, Caro Chico...

          - Não é nada muito novo, nem misterioso, e temos observado ao longo dos milênios essa resistência quanto ao partilhar coisas, conhecimentos, sentimentos. E aí é que está a principal questão: Quem conhece a Doutrina Espírita precisa praticar o novo, ser diferente, e na verdade, nada é novo, pois tem apenas (?) que imitar ou caminhar conforme Jesus caminhou!.... Entende?            Imagine que determinado benfeitor coloca para certa região um caminhão de toras, fortes, vigorosas, para que se erija naquela beira de rio uma ponte, em favor da travessia de todos. No entanto quando retorna percebe que, ao invés da ponte, construíram com o material uma grande cerca, uma fortaleza, isolando, separando... É mais ou menos nesse rumo. 
          Alguns companheiros, movimentados por ligações de recrudescidos egoísmos pretéritos, que imaginávamos superados, estão nessa linha. 
          Quem está fazendo isso tem a consciência do que está fazendo, e de que age contrário às leis de fraternidade e de amor cristãos, que são a essência, os fundamentos do espiritismo....

         -Entendi o que foi colocado... o raciocínio...

         -E nosso Emmanuel é muito suscetível a isso, e se cobra, o que o entristece. Outro dia ele estava comentando acerca de uma afirmação que está circulando em seu nome, e que nunca ele a faria. É sobre uma alteração de uma de suas frases, onde cometem a impropriedade de situar a Doutrina espírita como uma mendicante, carente, necessitada de ajuda. É aquela frase infantil... “ a maior caridade que fazem à doutrina... é a sua divulgação...” Ora, ora...                 Fazem uma grande caridade aos seres quando se lhes ensina a prática dos caminhos que o Cristianismo Redivivo trouxe, não essa veleidade que propagam. O pior é que tem muita gente “graúda” que sai repetindo isso, sem pensar na infantilidade que cometem...

           - É... a gente entende isso... É mais ou menos como aquela receita para emagrecer, feita em seu nome...

          -Sim... É mais ou menos (ri aliviadamente)... Só que você não sabe, mas tenho recebido orações de agradecimento, sinceras e fervorosas, de pessoas que, ingenuamente fizeram aquilo como se fosse eu o autor da “receita”, que efetivamente perderam bons quilos, e por isso me agradecem... 
         Tenho feito sempre as orações para que os que fizerem a dieta possam realmente emagrecer... (rindo de novo), e melhorar não só o corpo, mas também o coração. Até aí tudo bem, mas dizer que a Doutrina precisa de caridade... É como pedir nas orações que Deus tenha mais força... Mais ou menos por aí...

          -Chico... Aproximam-se as festividades do centenário... E aí?

          -Pois é... Existem alguns aspectos que devem ser considerados. O que o professor Romanelli disse e que você meu irmão ratificou naquela carta**, é uma verdade inexpungível. Ninguém, em sã consciência poderia concordar com os abusos anunciados, com o desperdício, com o desvio, principalmente numa época onde há miséria e sofrimento também material. Por efeito daquelas advertências tive notícias de que muitos planos foram revistos e reconduzidos.             Claro que outros preferem manter o exagero, mas que as próprias consciências os julguem, não nós. De outro lado, há uma gigantesca manifestação de apreço, de carinho, de amor verdadeiro e de imerecido reconhecimento a mim, aos quais não posso ficar insensível, e ao contrário, muito me tocam, me emocionam, me alegram, mesmo tendo a convicção de que não fiz o que apregoam que eu tenha feito, e que sei não dignificar tão elevadas homenagens. E todos conhecem minhas reações diante destas situações, que me constrangem, e não me permitem compartilhar dessa euforia que meus bondosos amigos desfrutam. 
        Entretanto podemos extrair disto muitos proveitos para a Doutrina, para as comunidades, para o despertar de interesse diante de obras maravilhosas das quais eu tive a incomensurável primazia em ser o burrico de carga, o agente de transporte. 
        Tenho rogado muito a Deus que nos auxilie nessa difícil prova, visto que não pretendemos ser instrumento de abuso, de desperdício, de exploração, de agressão à economia pública, portanto, bem comum, de todos. Mas também que isto não seja motivo de desagregação, de contendas, de desarmonia entre ninguém, predominantemente no nosso meio espírita, já tão assoberbado por tantas agressões externas.
        Peço a Jesus sempre, que inspire e oriente nossos irmãos que dirigem esses acontecimentos, para que tenham discernimento, moderação e, sobremaneira, caridade para com os que sofrem. - completou.

O APÓSTOLO DO BRASIL

        Percebi uma entonação de diferente teor nas palavras de Chico Xavier. Mas, este assunto, apesar de claramente incômodo, concernia, pois era um dos que me moveram até nosso querido amigo, visto a repercussão da “Lágrima do Chico”*. Pelas explicações nos sentimos satisfeitos, porém o sábio farol de Pedro Leopoldo/Uberaba prosseguiu:

       -Já tive, ainda recente, uma experiência semelhante a esta que estaremos enfrentando, e creio que os calos adquiridos nesta ocasião, me permitirão calçar melhor essa botina apertada...
       - Com as homenagens?


       - Sim...foi no ano de 1954, por ocasião das celebrações dos 400 anos do Centenário da cidade de São Paulo.... Coincidentemente estava na capital paulista, em trabalho editorial, no dia em que inauguraram a grande estátua de bronze, na Praça da Sé, para Anchieta. 
        Uma homenagem linda, de uma obra gigantesca, creio que de uns 8, 9 metros, feita por um extraordinário artista italiano radicado no Brasil, Heytor Usai. Um monumento maravilhoso, porém, no meu modo de entender, grande e desproporcional empenho de dinheiro público, já que ao pé da obra diversos irmãozinhos imploravam a esmola dos transeuntes...

         - Chico... Ali você se sentia constrangido, como José de Anchieta, então...


         - Sim, claro... Mas creio que foi uma prévia do que a gente vai enfrentar neste próximo ano... (espero que não)... como também rogo pela caridade do comedimento, a parcimônia e o controle por parte dos companheiros que organizarem, conduzirem e participarem.- afirmou.

ZÉFIRO...

        Meu raciocínio, de pronto, deduziu: Se Chico era Anchieta, Emmanuel por sua vez, tinha sido Manuel de Nóbrega e Kardec**, onde estaria então nosso iluminado amigo ao tempo da Codificação?

        Como a adivinhar-me os pensamentos, - o que, aliás, muito fez e faz- Chico pontificou:

        -Ao tempo da Codificação estava entre os espíritos que facilitavam à chegada dos que se manifestaram para a elaboração das obras básicas, tanto os luminares, os grandes filósofos e pensadores, como a dos mais simples e sofredores. 
         Durante um tempo, depois de passar pelos Estados Unidos, entre 1846/47, estivemos no acompanhamento das manifestações em Hydesville, com as irmãs Fox. Depois passamos pela Escócia, e nos detivemos por mais tempo na Ilha da Reunião, - uma possessão Francesa na Costa africana, banhada pelo Índico, na cidade de Saint Denis.
         Um de nossos amigos gostava de dizer que se havia necessidade de ser firme, aquela ilha era a ideal, pois era uma rocha que emergira do mar. Ali se desenhava todo o projeto que iria culminar com a Codificação.

         - Como foi o encontro com a família das meninas Baudin?


         - A família Baudin encontrei morando num bonito chalet na área onde está a Rue de Paris, quase esquina com Leclerc, em cujos fundos havia um grande galpão de depósito para sacas de café. Lembro-me um detalhe interessante... é que o número das casas era escrito em algarismos romanos, e por isso ocupava grande espaço na fachada. O da casa das meninas era CXLIV .

         - Que memória ...(brinquei)

         - Mas essa “peripécia mnemônica” (risos) tem uma razão. Numa revisita que fiz à casa, pelo registro da regressão, observei o detalhe das iniciais que ainda me são muito caras....( e prosseguiu) - Ali, nos meados de 1854 começamos os contatos com as meninas Baudin.

          - Como foram esses primeiros contatos?


          - Bem. Os fenômenos de Hydesville, com as irmãs Fox, dos quais nosso grupo também participou em 1846/47 eram a grande sensação em todo o mundo. As famílias enxergavam isso como um divertimento, e faziam encontros para receber as mensagens por diversas formas, como tiptologia, pancadas, e também pelas cestas de vime com uma pedra na ponta. 

           Naquela região onde moravam os Baudin, os povos malgaches – muito comuns na ilha, pois a maioria dos trabalhadores do porto era da continental ilha em frente -, tinham certos rituais com cera quente pingada na água, e faziam à sua maneira, a interpretação dos contatos com os espíritos. As irmãs Julie e Caroline eram muito interessadas nisso. 
           A casa em que moravam ficava a oito quadras da praia de Bacharois, em direção Oeste e elas iam sempre lá, pegar pedrinhas e algumas conchas. Perto da casa passava um canal onde havia pedras de ardósia, que serviam para escrever, como nosso atual giz. Lembra aquela pedra de costureira, semelhante a uma meia lua azul?... 
          Pela intuição fizemos com que Carol e Juliette começassem a usar as pedras de ardósia, que facilitavam e davam rapidez às respostas. O recado foi dado com setas de folhas de palmeira na praia, que se moviam sob os pedidos das infantes, quando elas perguntaram onde estariam as melhores ferramentas...

         - Era você e mais quantos, neste trabalho de preparação?

         - Bom, inicialmente eram muitos, mais de cem, mas, à medida que foram se afunilando as ações reduziu-se a turma para mais ou menos trinta indivíduos, que se revezavam em diversas funções, tanto no atendimento às perguntas, quanto na estruturação e vigilância do ambiente, já que as investidas contra essa propagação sempre foram muito vigorosas. 
          Na medida em que fomos dando certas respostas, o interesse de Clementine, primeiro, e depois de Emílio, - pais das meninas -, foi aumentando, porque passaram a perceber certos benefícios e profundidade naquelas conversas.

          - Quais eram esses benefícios?

          - Nada de muito especial. Eram pequenos avisos. Naquela região constantemente acontecem tempestades, ventanias, tufões, e às vezes avisávamos isto, com um ou dois dias de antecedência. O pai era negociante de grãos vindos da África e da Europa. 
          E ficava sabendo por nós, antecipadamente, quais os carregamentos estavam para chegar ao porto. Coisas assim, sem muita importância, mas de grande acerto e que de por isso impressionavam, criando um vínculo de credibilidade, o princípio da Fé.

         -Existe algum detalhe, alguma situação que ficou marcada... nesse tempo?

         -Bem... Não posso me esquecer da ajuda de uma senhora, uma moçambicana, professora avulsa, que havia morado em Antananarivo, em Madagascar, e que depois de viúva atravessou o canal, indo para Saint Denis.             Chamava-se Marie Lourence. Morava na Rue La Bourdennais, não muito longe da casa dos Baudin, e sempre dava aulas de reforço para as meninas, sobretudo para a mais velha, Caroline e passeava com a pequena no parque do rei, um aprazível lugar da cidade. 
         Foi-nos de grande utilidade, porque tinha consciência sobre sua capacidade de se comunicar com o mundo espiritual e um coração muito generoso. Era seguidora de uma seita induísta. 
         Foi ela, por freqüentar a casa dos Baudin e as reuniões, quem introduziu a meditação antes dos encontros e sessões para falar com as “rocs” como as meninas costumavam chamar as pedras de giz. Isso deu origem, em essência, à assinatura religiosa dos feitos, o que prosseguiu também em Paris, pois se percebia que os resultados eram muito melhores quando era adotado esse tratamento, da prece inicial. 
          Ali começou uma conotação Divina às manifestações, e foi importante essa atitude, que purificava de modo formidável o ambiente.

         - Mas isso ainda era lá em Ille Reunnion, perto das Ilhas Maurício...

         -Sim. Mas, o programa estava sendo executado conforme o previsto. Numa noite, em agosto de 1854, numa acanhada recepção, após um vendaval violento que deixou grandes estragos, fomos perguntados por Emílio se seria bom que eles se mudassem para Paris, tanto pelas tempestades, como principalmente pela educação e estudos das meninas.
         Pela primeira vez ali, usamos a psicofonia, servindo-se de Me’ Lor (Marie Lourence) como intermediária. Informei a Emílio que o tempo era adequado, e que na semana seguinte chegaria um navio da Holanda, no qual poderiam embarcar, e que, não se preocupassem, pois estaríamos de nosso modo, ajudando a essa transferência. 
          Foram recebidas com naturalidade, tanto a notícia quanto a forma de comunicação, pela família. Na semana seguinte, o navio nederlando Overwinning zarpou do pequeno porto com destino à Europa. 
          Assim se deu a chegada a Paris, marcada por curiosos e interessantes episódios, que ratificavam a nós também, o amparo pela Espiritualidade Superior, o que muito nos fortalecia. 
          Já em Paris, a família, sobretudo as meninas, continuavam com boa vontade no contato com os espíritos. As reuniões prosseguiam, já assumindo ares de organização e métodos, com certa disciplina. 
          Naquela altura já tinham entendido a importância e a seriedade do trabalho que viria a ser, em breve, encetado pelo professor Rivail, e deram uma grande contribuição, de bom grado e com abnegação, o que possibilitou o bom termo da empreitada. 
           Posso afiançar que eram virtuosas, de índole amável, tementes a Deus e excelentes médiuns. Não se pode esquecer que estávamos lidando com uma família católica, que permitia esse contato dos espíritos com suas filhas, que tinham em 1856, Caroline, 18 e Julie, 15 anos de idade!

          - E você então era um dos que participaram? Era você o Zéfiro apresentado a Kardec como o protetor?

          - Sim, o era, mas de certa forma. Porque em verdade, nessa altura éramos uma equipe de oito espíritos na atuação direta destes trabalhos. E existiam “zéfiros”, que se destinavam às áreas específicas, como ciência, filosofia, religião, ou mesmo conhecimentos direcionados, da área médica, neurológica, glandular, astronomia, filosofia, enfim.... Eu cuidava mais da parte de coordenação, e dos contatos com os religiosos, e isso me conferia uma espécie de comando... por isso era chamado de “Zéphyr Verité” ou o “da Verdade”.

           -Há alguma explicação para a adoção desse nome?

           -Bem, você sabe de mitologia como ninguém... Zéfiro é o nome do ser que simboliza o vento oeste, ou uma benéfica brisa suave... Éramos os espíritos, e o espírito, como o vento, sopra onde quer. 
           O clima entre nós geralmente era muito alegre, descontraído, diria, de essência pura, quase infantil, porque existia em cada um uma natural satisfação, por podermos revelar ao mundo as maravilhosas “novas boas novas”.... 
           E não faltavam muitas brincadeiras. Por isso a denominação.                             Participamos assim de toda a preparação e elaboração das Obras da Codificação. É bom salientar que no início o “Livro dos Espíritos” iria se chamar “A Religião dos Espíritos” e por sugestão de São Luiz passou a ter o nome definitivo, a fim de não provocar desnecessários choques com o padrão religioso vigente, com a Igreja.

         - Há pouco tempo o Dr. Waldo Vieira também se auto proclamou o Zéfiro. Como é isso?

         - E é verdade. A informação é correta. Ele era um dos que participavam do grupo desde o início. Como a inclinação e afinidades dele eram (e continuam sendo) o aspecto científico, a parte mais experimental, era o que conduzia e se entendia com os mensageiros ligados a essa parte na Revelação Espírita.
         Assim, Pascal, Mesmer, Lavater, Newton, e muitos outros eram direcionados por ele, aliás, grande amigo, por quem nutro grande simpatia e admiração, pela capacidade e generosidade. 
         Quando nos reencontramos, no triângulo, houve uma identificação recíproca, simultânea. Os outros companheiros também vieram para o Brasil, onde reencarnaram, com exceção de um que preferiu migrar para terras belgas.     
        Cada um tinha sua área definida de atuação. E claro, contávamos com uma estrutura espiritual, moral, de uma fortaleza, no anteparo, da envergadura daquele a quem chamaríamos Allan Kardec.

         - Conte um pouco desse encontro em Paris com seu antigo companheiro e superior jesuíta, Manoel da Nóbrega. Como foi?

         - Bem, as reuniões em Paris aconteciam regularmente e começou a aparecer por lá gente importante. Certa noite na casa da família Baudin, em 55, o professor compareceu com Mme. Rivail, a doce Gaby. Fiquei muito... muito feliz, e até cheguei a exagerar em meu entusiasmo. Saudei-o brincando, como fazia enquanto na Companhia de Jesus, no Brasil. 
          Fui, até de certo modo, irreverente.... Mas estava de verdade emocionado por esse recontato direto...

         - Como foi?

         - Eu o cumprimentei mais ou menos assim... - Ora Vivas!.. Seja bem vindo, meu nobre Pontífice... Salve, salve, salve!!!... E o pessoal que estava na assistência, em sala cheia, explodiu em risadas...

         - E ele?

         - Todos sabiam de seu temperamento grave, sistemático e houve aquela apreensão. Mas, ao contrário, a reação dele foi surpreendente a todos. Creio que intimamente identificou o chamamento, e respondeu também brincando, como se me abençoasse, com gestos e palavras, clericalmente, o que também produziu muitos risos. 
          E a partir dali nosso entendimento e amizade foram como nos velhos tempos. Sempre marcado pelo respeito e pela colaboração espontânea. Já disse e reitero: minha ligação com nosso Emmanuel se perde na poeira dos sóis... E sempre agradeço ao Pai por isso...

         - Houve algum perigo do Prof. Rivail não levar a cabo a missão a que estava destinado? E se ele tivesse se sucumbido e não conseguisse atender ao programa?

         - Sim. Havia o risco. Não era uma tarefa pronta, tinha que ser edificada. Como em toda postulação humana é preciso superar obstáculos, barreiras, medos e fraquezas. Mas todos nós confiávamos na capacidade daquele espírito já tão experimentado e com tantas conquistas. 
          Mas, creia, foi um trabalho que exigiu dele muito empenho, superação, determinação e, sobretudo Fé. Essa Fé foi alimentada pelo altruísmo, pela entrega total, pela autêntica vitória, que é a do indivíduo sobre si mesmo, encetada por nosso querido Codificador. 
         Ele, cuja meta sempre foi o Roteiro de Luz traçado pelo Divino Mestre, certamente superou todas as expectativas e cobriu todas as necessidades para trazer a lume o Cristianismo Revivescido, O Paráclito Consolador. Os desafios foram gigantescos, mas nós sabíamos que ele conseguiria romper do outro lado.     
        Se por quaisquer desventuras ele não tivesse conseguido levar a cabo essa missão que foi delegada por Jesus, não sei quem seria o substituto, e nem cogitei dessa hipótese, pois, tínhamos plena convicção de que ele o conseguiria.       
       Certamente a Providência Superior teria as maneiras de continuar o processo, que está acima, sempre, das falibilidades ou limitações dos indivíduos ou de grupos. Mas alimentamos a confiança em Deus e hoje vemos que o caminho trilhado só nos enche de alegria e felicidade, porque ele tem sabido desbravar, com sabedoria, e principalmente com Caridade, os revoltosos, íngremes e intrincados desfiladeiros da ignorância. Graças a Deus.
(Continua na Série II)

(Texto de Humberto de Campos- Espírito

         Recebido em reuniões reservadas, pelo médium Arael Magnus, no Celest- Castanheiras- Sabará, nos dias 7, 9, 10 , 11 e 13 de Dezembro de 2009)

• *A Lágrima de Chico-
ver em http://araelmagnus-intermdium.blogspot.com/2009/07/lagrima-de-chico.html



• ** Uma Grande Lição de Kardec –
ver em http://araelmagnus-intermdium.blogspot.com/2009/07/e-ele-esteve-entre-vos-e-nao-o.html


NA PRÓXIMA SÉRIE- II- Entrevista com Chico Xavier- (continuação)
- Os caminhos do Espiritismo Nascente
- A encarnação dos luminares no Brasil
- Os trabalhos em Pedro Leopoldo e Uberaba
- As reencarnações imaginadas, desejadas, e as reais.
- O trabalho de psicografia na consolidação doutrinária.
- O risco da discriminação e da diáspora espírita.
- “ Jesus não se intitula cristão!”
- As Psicografias Adulteradas por Chico Xavier, segundo ele.


*OBS- Devido à interpelação judicial por livraria espírita, ainda não nos foi liberado o direito de publicação das mensagens citadas, o que o será, quando a permissão for dada. (a direção)
         Para correspondência, contatos com Arael Magnus, use o e-mail fundoamor@gmail.com



      Assista clipes de 400 músicas mediúnicas das mais de 1700 recebidas por Arael Magnus em
 www.youtube.com/user/TVINTERMEDIUM/videos?view=0&shelf_id=1&sort=dd

terça-feira, 13 de outubro de 2009

À Qui Intéresser Puisse- (A Quem Interessar Possa))




Mais do que diletante intromissão, cumpro um dever, registrando desconfortável ponto de vista, após detectar distância e indiferença, e porque não dizer, grave abandono dos preceitos basilares da Doutrina, por parte de muitos irmãos de jornada, diante de notáveis questões que afligem, atingem e desestruturam no plano terrestre, a Humanidade, como um todo. Rogo antes, o perdão pelo entusiasmo que possa magoar, o entendimento pela indignação que insiste em clamar, e paciência pela ignorância que não se desprendeu deste obtuso aprendiz.

Além de espectador, (eu creio nisso!) o que recebe em seu coração as imperecíveis luzes da sabedoria consoladora da doutrina de Kardec, tem que ser participante, e arauto ativo de verdades às quais teve acesso, independente da reação, das resistências, do atrito que possa advir. (même si répétitifs)

Razões e conceitos precisam ser consolidados, para que integrem o trivial. Mais que isso, disseminados. Entendo que o espírita verdadeiro, que Kardec chama de homem de bem, tem a consciência acerca de seu papel norteador na sociedade em que vive, e menos que seu saber e conhecimento, menos que sua compreensão e abrangência, e muito além de ortodoxia engessante, estão o seu exemplo e a manifestação de seu pensar, de suas certezas, externados de público, ainda que sob o fogo da pressão, dos apupos e da incompreensão do mundo. Constata-se hoje que “muitos jogam para a torcida”, fugindo do embate, “comme un chat échaudé”.

Lamentavelmente, temos assistido às evasivas e fugas de companheiros de propalado quilate, dirigentes de honrosas instituições, que na abordagem de temas cruciais e polêmicos, se contorcem em “excuses lambeaux de raisons étrangères” declinando o salutar confronto, no debulhar das dúvidas, mesmo diante de ostensivas deturpações dos princípios que regulam a conduta cristã, humana e equilibrada.

E “justificando” essa deserção, apelam para a resignação, para a não violência, para abstenção do escândalo, ”un camion rempli de bêtises”, loneado por inaceitável comodismo, falta de compromisso, debilidade e medo. Conclamamos a estes uma retomada de postura, na recuperação da identidade espírita cristã. Porque omissão também é escândalo. Tibieza não é compatível aos ensinamentos colhidos. Si nous ne voulons pas qu'il existe des martyrs, nous rejetons la présence de lâches.

Num momento decisivo, de alteração de rumos, de transformações na vida dos povos, o seguidor espírita, na liberdade que lhe faculta a percepção esclarecida, e na obrigação que lhe impõe a quota de envolvimento com o mundo a seu redor, não pode recuar, nem proteger-se a si, sob qualquer pretexto, precisando externar, revelar a todos, da forma que lhe couber, sua opinião, seu modo de pensar, porque este é o tributo exigido a quem foi facultado subir o degrau do esclarecimento, trazido pelo Paráclito Consolador. “Coûte que coûte.” Ousem, e os anjos pensarão suas feridas.

Entre muitas questões das mais relevantes, podemos citar a epopéia de baluartes diante da eutanásia, do aborto, da pena de morte e do suicídio. E como nos orgulhamos pelo vislumbre de vultos extraordinários, que emergindo de humildade silenciosa, inculcaram sábias lições que perduram. Pelo esclarecimento promoveram a defesa da vida, na revelação das conseqüências pela transgressão da Lei Divina, aos que cometem, estimulam ou permitem as inaceitáveis barbáries. Assim era num passado próximo. E nem de longe podemos avaliar os benefícios que essas démarches trouxeram. Hoje, entretanto, há comprometedora indiferença, distância, cegueira. Aqui e ali se ouvem murmúrios e muxoxos onde se deveria bradar o clamor, ribombando os sons da revelação que preserva, defende e valora a vida.

KARDEC, em sua saga dos 15 anos, abriu o peito, encarou a ignara turba, sem melindres e receios, (Graças a Deus!), para nos herdar a compilação do Grande Código da Vitória, na acepção mais profunda e sublime, que é a do Bem sobre o mal, da sabedoria sobre a ignorância. Aclarou-nos as sendas, explicando e ensinando, convertendo as interrogações em exclamações de júbilo, pela descoberta dos motivos da existência. Ninguém, em nenhum lugar, trouxe aos ensinamentos do Mestre Nazareno tanto descortínio e clareza quanto o lionês abençoado. E cabe aos que se abrigam sob a Verdade Consoladora, apregoar ao mundo esse pavilhão insuperável.

É precioso que as colunas de espíritas que não acordaram para estes alertas, se abalem, se movimentem, se desprendam de seus bordões teóricos, superficiais e inócuos, e personifiquem, em pensamentos, palavras e atos, o grande tesouro de que tomaram posse, conhecimento e ciência. Mas se isso dá os privilégios da sabedoria, decreta a ação eficaz, intimorata e exemplar. Recolhemos aqui o versículo luminoso do apóstolo Thiago em sua carta, 4:17, de que “ aquele que conhece o bem e não o pratica, incorre em grave falta, comete pecado”, complementado por “a quem muito for dado....”

Estamos, no planeta, na iminência de graves e profundas metamorfoses sociais, que já interferem nas estruturas da moral, da família e dos costumes, e na própria viabilidade da existência terrena. “Les temps sont arrivés.”

Mas, o que se assiste é o avanço de institutos que atrasam a evolução da espécie humana, retroagindo a comportamentos atávicos, de nosso instinto mais imperfeito. Recentemente se discutiu a autorização legal do aborto no Brasil, dissimulada sob a lei da anencefalia. O que presenciamos foi um fanfarrear de argumentos falsos para colorir matança hedionda, nos moldes mais repugnantes. Poucas (sábias e corajosas, mas reduzidas) vozes em defesa do direito de viver, se levantaram no meio espírita. Não se trata de ser contra ou a favor, em essência, mas de mostrar o “porquê” se posicionar contra a interrupção voluntária da vida, sob quaisquer álibis. E a Doutrina Espírita, pela planilha lógica e racional tem, sem dogmas, sem preconceitos, sem freios de consciência, condições de expor de modo irrefutável, os motivos, os efeitos, os precedentes para essa postura inflexível e determinada. Mas, além de crer e saber, é preciso “botar a cara”, na ação, na peleja, espalhando a semente.

Muitos confrades, desestimulados até por notáveis das casas e congregações diretivas, preferem as sombras de biombos da letargia e da inércia. À maneira de credos egocentristas, escolhem para ninhos os chamamentos ideológicos, filosóficos, com a salvação de si mesmos, (como se isso fosse possível). A estes concitamos a reação pela régua do Evangelho, no “Segue,me!” exortado por Aquele que trilhou o espinhoso caminho do Gólgota.

Assim como se explicam, pela Doutrina, as causas e as conseqüências das atitudes humanas, é preciso penetrar, se imiscuir, se entranhar em questões cotidianas, de relevância para o espírito. Não é necessário que se faça o proselitismo ou se mobilizem forças para aumentar quadros. O reflexo e o exemplo serão sempre melhores para as adesões espontâneas.

Ninguém se torna espírita por mera “échange de wagons”. Como a um lente de mestrado cabe esclarecer os que ainda estão em níveis inferiores, sobre a importância em estudar, dedicadamente, para aprender, evoluir, e ao mesmo tempo, dirimir dúvidas, apontando melhores caminhos, compete ao profitente kardequiano o deslindar lógico dos intrincados problemas derivados da ignorância, das forças retrógradas, do atraso. Não é querer guindar o outro a níveis para os quais ainda não está pronto, mas estimulá-lo a chegar ao alto. E, creiam, a Lide Cristã, na plataforma proposta, é o doutorado espiritual dos indivíduos. O título e o anel, de per si, porém, nada valem. “Le réglage provient de la pratique”.

Uma Voz da Verdade que se levantar a mais faz enorme diferença. Proclamar que liberdade é conquista que agrega direitos e abriga deveres faz bem à educação de todos. Enfatizar que nossas opções, dentro da faixa de livre arbítrio, correspondem à intransferível colheita de amanhã, é medida de peso. Abordar com judiciosa análise, temas como o aborto, pena de morte, eutanásia, suicídio, fanatismo, drogas, desvios sexuais, perversões morais, ganância, materialismo, tirania, e outras áreas de contundência, onde o balizamento espírita preponderará, - pela lógica, pela racionalidade, pela compreensão da Justiça e da Misericórdia de Deus-, a favor da evolução (et seulement ça!), é o que se postula.

Esta empreitada não se restringe a um “jeu de mots inutile”, mas à vanguardeira tábua de tarefas, colocadas ao mundo, ainda que sob a censura, o escárnio, a descrença, de quem ainda não a alcança. O orbe terreno se aproxima de decisivas transformações. Não tardam as trombetas e clarins ecoarem, nos céus das consciências, o alvorecer da vindima. “Travailleurs à la dernière minute” arregaçai as mangas!. Corre, porém, a recuperar o tempo, porque consta a informação de que, no movimento espiritista da última década, só duas coisas cresceram com destaque : as livrarias e as almofadas das poltronas dos centros. Não deixemos que isso prossiga.

Levantem a bandeira do Mestre Jesus, através da Fé Raciocinada, da Pluralidade das existências, da Comunicação entre os espíritos em quaisquer dimensões e por diversos instrumentos, da Caridade praticada, concreta, substanciosa e efetiva. Mas falem e abordem também, os temas pulsantes, polêmicos, pontificando o testamento deixado por Cristo, desembaciado pelos emissários divinos, revelados ao Codificador. Tudo para que a capa brilhante do trigo não seja enganoso revestimento de envenenado joio.

«... son essence même est la clarté, et c'est ce qui fait sa
puissance, parce qu'elle va droit à l'intelligence.
Elle n'a rien de mystérieux, et ses initiés ne sont en possession d'aucun
secret caché au vulgaire.”- AK

"... Sua essência é a clareza, e é isso que faz com que seja
poder, porque ela vai direto para a inteligência.
Não é misteriosa, e os participantes não estão em posse de qualquer
segredo escondido, para alguns. "- AK

J. Freitas Nobre – espírito -
Mensagem recebida em reunião pública, pelo médium Arael Magnus, no Celest – Centro Espírita Luz na Estrada – Sabará- MG em 11 de Outubro de 2009.