Alegre Saudade
Sou seca flor de abril, ralada, triste e morta
Fundida na calçada do entorpecimento.
Gusano, olor de tépido indene passamento
Pendido caule estanque no peá da Porta.
Sou sombra do que fora quimérica imagem
No explodir de sonhos, alma leiga e impura
Tateante rastelo que a murmurar procura
Perdidas existências de invulgar paragem
Sou menos, muito menos do que canta a lira,
Perturbador mutismo o anoitecer suspira
Extensa reticência interrompendo a prosa
Agradecido sou por vela, incenso e prece,
Abraço quem comigo no abraço reconhece
O velho peito ardendo a saudade de Rosa.
Manuel Bandeira - (espírito)
(Recebido em reunião pública no dia 18 de Outubro de 2009, pelo médium Arael Magnus, no Celest – Centro Espírita Luz na Estrada- Castanheiras- Sabará)
DESCOBERTAS
Descobri, como Colombo, um novo mundo, conhecido.
A surpresa foi tão fosca que julguei nem ter partido.
Certeza tive, (na mosca!), que não era igual outrora
Por ver que o carteiro nem pôs na caixinha lá de fora
o maço impagável de contas, sempre muito volumoso.
Neste lado o sistema é bem menos tributoso.
Como não, de muito, estou “em dia” com todas.
Manuel Bandeira - (espírito)
(Recebido em reunião pública no dia 18 de Outubro de 2009, pelo médium Arael Magnus, no Celest – Centro Espírita Luz na Estrada- Castanheiras- Sabará
FRANCISCÂNTICO
No estro da ufania recantarei meu canto
róseas esperanças e anelados sonhos
Vivendo na miragem desejos risonhos
Correndo nas pastagens de um salmo santo
Se não possuo forma sobrará, no entanto
Em novas alamedas, quedos versos bisonhos
Bordando em mil sorrisos soluços tristonhos,
No festejar do Bem, pelo estancar do pranto
Miríades de estrelas refulgem no horizonte
Espalhando a nobreza num mar de Anacreonte
Crispando a imensidão coberta com seu véu.
E choro de contente, saudante vejo, longe,
Na singela figura, luminescente monge
Que olha para baixo para ver o céu.
Manuel Bandeira - (espírito)
(Recebido em reunião pública no dia 18 de Outubro de 2009, pelo médium Arael Magnus, no Celest – Centro Espírita Luz na Estrada- Castanheiras- Sabará
PROCURA-SE VIVO OU MORTO
Quero saber se alguém sabe
Se oculistas competentes
Costumam vir para cá, d´onde agora isso teço .
O Ovídio não apareceu e meus óculos, de ruins,
Só servem mesmo, de jeito, pra uma lata de lixo.
Preciso com boa urgência, que sejam multifocais.
A consciência humana às vezes fica nos óculos,
Pois impõe a que saiba cada um,
Ao menos, onde está a ponta de seu nariz.
Quero saber se alguém sabe.
Manuel Bandeira - (espírito)
(Recebido em reunião pública no dia 18 de Outubro de 2009, pelo médium Arael Magnus, no Celest – Centro Espírita Luz na Estrada- Castanheiras- Sabará
VAGAS
O mundo inteiro, até o Rio,
Podia fazer jejum,
Demorado, de violência.
Verdadeira abstinência,
Estendida, bem comprida,
De maldade e covardia.
Podia fazer jejum
De malquerência urbana.
Seria muita alegria.
O rio, e o mundo inteiro
Fariam com exagero
Festivais de amizade,
Que tal, solidariedade?!
Aí, (quem me dera! Pudesse...)
O anjinho que olha atento
a porta d´almas defuntas
Podia colar a placa
de que “Há vagas no céu.”
Pro Rio e pro mundo inteiro.
Manuel Bandeira - (espírito)
(Recebido em reunião pública no dia 18 de Outubro de 2009, pelo médium Arael Magnus, no Celest – Centro Espírita Luz na Estrada- Castanheiras- Sabará
Canteiro de Amor
Desvio
O frio,
Vazio
No fio
De lembranças bem curadas.
Espio
Crio
E rio
recrio
embainho libélulas em fadas.
Porfio,
utopio,
afloro o estio,
Do amor, rocio
Espiciforme, das sementes espalhadas.
Manuel Bandeira (espírito)
(Recebido em reunião pública no dia 18 de Outubro de 2009, pelo médium Arael Magnus, no Celest – Centro Espírita Luz na Estrada- Castanheiras- Sabará
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