DIGNIDADE E ESPERANÇA,
SEM BRAVATA!
Villas-Bôas Corrêa- espírito-
Caros e saudosos amigos
Meu retorno não é apenas espontâneo, é intempestivo. O gene (ou vírus) do repórter permanece em nós, e há que ser ativado, independente das circunstâncias que o promovam. Vim aqui, orientado por dois queridos amigos, porque ainda acredito que possa dar minha contribuição, de alguma forma. Se não for assim, pelo menos restará a liberação interna dessa ânsia em escrever, e até imaginar ser lido, alhures.
Para muitos eu me aposentei (pela oitava vez...), ou desapareci; para outros (como a estes que aqui me trazem) estou em novo despertamento. Em qualquer caso, sinto que pouco mudei, ou melhorei, mas a "coceira" em ajuntar letras e sinais é mais forte até mesmo que a razão.
Assusta-me, entristecido, a plácida, submissa, agachada posição da imprensa brasileira, diante dos últimos acontecimentos. Órgãos tidos por mim como sérios, profissionais, úteis, se travestem agora de flexíveis instrumentos de manobras, de interesses mesquinhos, covardes e mentirosos, extemporâneos, estrangeiros. Já o dissera:- "Ética é um imperativo do caráter, que não pode se enovelar no cipoal das interrogações e dúvidas. Se se deixar imiscuir, misturar, se dissolve e desaparece".
Sinto falta da fibra, da tenacidade, e até mesmo do heroísmo de nossos órgãos de comunicação, ao não combater essa avalanche de mentiras, de boatos, de factóides, que hoje abarrotam tvs, revistas, jornais, internet, às infames (e maravilhosas!) redes sociais, com seus "fakebooks e boatozaps". De ponta a ponta do país sente-se a carência da indignação, do combate a esse lixo a que agora chamam de "informação digital". Se os protagonistas dessa mixórdia fofoquista estivessem nos EUA ou na Rússia, já teriam sido presos, ou deportados, com certeza.
Refiro-me dentre outras, à estrepitosa divulgação dos diálogos entre juízes e procuradores, participantes da mais grandiosa, fascinante e profilática empreitada da Justiça brasileira, que é a operação Lava Jato (ou Lava Rato, como dizem os espanhóis). Tentar desmerecer, por qualquer custo, essa batalha encabeçada pelo juiz e procuradores de Curitiba, Rio de Janeiro, Brasília e outros, é um crime de Lesa Pátria, uma afronta ao bom senso, um tapa na cara dos que buscam a reconquista da dignidade nacional (se é que ela existiu em algum tempo).
A extraordinária epopeia que logrou desratizar os podres antros que vampirizavam (e muitos continuam) o dinheiro público, contando, desde o início, com grande resistência dos corruptos quadros oficiais, torna a façanha do "exército de Brancaleone tupiniquim" uma empreitada que se emparelha com as maiores vitórias do Bem contra o mal, dos últimos séculos, em todo o mundo.
Fazem, no entanto, os proxenetas, mercenários, na cara da gente, um estardalhaço com publicação de inócuos áudios, conversas particulares, roubadas, obtidas de modo clandestino, que, no geral, só fazem evidenciar a lisura, a correição, a firme e intimorata defesa da Lei e do bem coletivo. As sentenças condenatórias de ladrões contumazes, recidivantes e desavergonhados, foram ratificadas, confirmadas em outras instâncias, passando pelo crivo de outras côrtes (até nas em que sopesam suspeitas de acobertamento ilegal).
E a grande maioria dos órgãos de imprensa diversos, do país, se curva diante de uma farsa medíocre. Disse-o bem, quem proclamou o epíteto horaciano- "Parturiunt montes, nascentur ridiculus mus".
Onde andam o crivo da análise, do critério, da indispensável avaliação que o repórter, o jornalista, precisa fazer diante das "bombas"?
Vêm-me à memória o Abramo esmurrando a mesa, assustando a todos, inclusive o velho Mesquita, ao confrontar uma "barriga", um balão de ensaio, uma verossimilhança! Isso não se vê mais. Essa "barriga" aí é podre, contaminada por patológicas bactérias infectas da corrupção. É o risco contido no xixi dos ratos.
Confrontar o denodado trabalho do pessoal lavajatense com conversas e fofocas (típicas de comadres e travestis em salão de beleza), fora do contexto, é uma idiotice cabal, inaceitável. Não pode ser aceita com essa passividade e cordeirice.
Então, pergunta-se: -Onde essas irrelevantes conversas interferiram no processo de condenação dos ladrões, corruptos, esfomeados e gananciosos predadores do dinheiro público, nosso dinheiro? Em nada! Produziram-se provas artificiais? Inventaram testemunhos e delações? Nenhuma!. Arrestaram ou criaram fatos, ou falsificaram documentos, inventaram dinheiro surrupiado? Não...claro que não. Condenaram com bases cimentadas em concretos fatos e provas, fundeadas em rochas da verdade.
"Ah...-diriam as marionetes....-" mas os juízes têm que ser imparciais!"- Nos julgamentos onde se questionam opiniões, pontos de vista, direitos difusos, questões comerciais, divórcios e brigas de vizinhos, sim! Porque aí estarão partes antagônicas, visões diferentes e opiniões divergentes, cada um defendendo a sua versão. Mas, no Código penal, não! Com ladrão, NÃO! Se as provas são reais e resistentes, o juiz tem que ficar do lado da Lei, e é só.
"Ah...- mas comemoraram as condenações, vibraram com as decisões em outras instâncias!"- dirão. Sim, não foram só eles que vibraram! Foi toda a sociedade que não aguentava mais tanta roubalheira, tanta safadeza, que levou (leva) o país à miséria, ao desemprego, ao descalabro social em todos os níveis. Só os apaniguados, os aproveitadores, os beneficiários das podriqueiras (e são milhões) se sentiram prejudicados, perseguidos. Perderam as generosas e putrefatas tetas.
A Lei existe para regular o equilíbrio da sociedade. Defender os limites, estabelecer comportamentos e punir os desvios. Roubar (sob qualquer variante) é crime, punível. O sistema jurídico existe para gerir essas fronteiras O Juiz, os promotores, os procuradores, têm que estar atentos à Lei, e por isso, é precípua a defesa da sociedade. Quando manda pra cadeia os ladrões, os criminosos, não o fazem por desforço, interesses ou caprichos pessoais. São embasados em provas, em testemunhos, em claras e insofismáveis evidências do dano. Aos acusados é dada a total garantia para defesa, alegações, negativas, contra-provas e nem estão condicionados à verdade! O sistema preserva a Lei, os defensores tentam livrar (a que custo for) os que a transgridem.
Nem sempre o povo (ou parte dele) está de acordo. Barrabás foi o preferido pela ignara turba.
E saibam, (se ainda não o sabem) os participantes de todos os julgamentos de criminosos, em todos os níveis, com a consequente condenação, são vitoriosos e sentem essa alegria do cumprimento do dever, já que é uma batalha da sociedade contra os estragos cometidos. São batalhas terríveis, brigas de foice, com os dedicados defensores (pagos sabe-se lá a origem dos dinheiros) praticando o sagrado "jus sperneandis", o direito de espernear.
O que se lamenta, nesse episódio, é a conivência de parte da imprensa, que até pouco tempo era tida por mim, como séria, eticamente correta. Ao levantarem a bandeira dos corruptos, dos ladrões da Pátria, se confessam partícipes ou beneficiários das bandalheiras. Na "cara dura" se postam em defesa de teses trazidas por desequilibrados bandoleiros, tentando cristalizar a prática do roubo ao erário público, como sendo uma coisa normal, aceitável... E a outra parte, silenciosa e omissa, espreita, aguarda, fica em cima do muro, como a tirar sua lasquinha, de um lado ou de outro, abandonando escrúpulos, princípios, dignidade! E se borrando "pernabaixo", temerosa de que as antigas podriqueiras apareçam.
Não pleiteio aqui, espinafrar ou endeusar pessoas, instituições ou episódios. Combate-se (e isso precisa ser gritado!) a corrupção, a desonestidade, os desvios morais a que a política brasileira tem sido submetida, sobretudo nos últimos 15 anos. A sociedade brasileira quer isto. Chega de safadeza, dessa nojenta mixórdia dos que, sem limites nenhum, jogaram 45 milhões de brasileiros na indigência, quebraram hospitais, prejudicaram escolas e educação, enfim, levaram o país à mais cruel crise de sua história.
Esse final do "reino do mal" é o desejo dos que não se locupletaram, ou dos que se arrependeram de tê-lo feito. Se você correu atrás e o ladrão de galinhas caiu na cisterna, não se deixe convencer pelos que o acusam de lesões e ou fraturas causadas pela queda. Pode até levar esparadrapo e mertiolate, por uma questão humana, mas, mantenha o choroso meliante bem preso até que chegue a polícia, ou a pena...longe da galinha.
Acompanhei daqui, ansioso e meio descrente, as últimas eleições. O Brasil clamou por mudanças, pediu transformação, e se manifestou, em significativa maioria, contra a deslavada canalhada, vergonhosa e desabrida. Acompanhamos, -porque na região em que estou albergado, estão comigo alguns caros amigos, colegas e afins-. Dentre estes, dois em especial, com quem mais confabulo....e brigo: Alziro e Joel. Aliás, aproveito o ensejo para desmentir uma lenda que criei: Alziro foi um dos quem eu votei, para a presidência da República em 60 ...e perdi. Mas é um querido amigo, ao qual inclusive devo esse encontro paranormal, através de outro amigo comum, Juvanir.
A estúpida facada foi o estopim que deu a vitória ao atual ocupante do Palácio do Planalto. Sem esse ponto negro a história poderia ser diferente. A grande massa, sofrida e cansada, enxergou ali uma ponte para derrubar o "staff do status quo maleficus". Mesmo que não fosse o sonhado e desejado governante perfeito, era o que se dispunha então, para derrotar os morcegos, vampiros e hienas, pois o risco da manutenção destes, estava exatamente na fragmentação das forças contrárias a eles. A manifesta oposição e algumas pataquadas, se tornaram apenas suporte, com o fulcro da vitória gravado no rombo da covarde lâmina. E desmentindo-me mais uma vez: se eu estivesse com meu título habilitado, também teria votado como fez a maioria do povo brasileiro.
Lamento, porém, pós-posse, o neofitismo inconsistente do vitorioso. Em pouco tempo tem cometido inúmeras imprudências, o que é uma pena, pois isso, de imediato frustra também a milhões que anseiam por um país melhor. Mas, ainda podem ser corrigidas as velas e, enfunadas corretamente, navegar-se em ventos mais favoráveis, pois o Brasil precisa disso.
Não era esse o propósito desse pronunciamento, mas, como não tenho garantida "nova pauta" (a fila aqui é enorme, e o Lagarto de Sergipe me diz que está esperando há mais de 3 anos....daí...) vou tentar em rápidas pinceladas, traçar o que observo e o que penso sobre o que precisa ser mudado.
O atual governo tem que passar giz no taco, ter mais firmeza, mais objetividade. Lembro-me quando adverti Jânio sobre a perda de tempo, prestígio e autoridade, ao se intrometer em banalidades ou coisas sem significação, como na época da proibição dos biquínis nas praias e da rinha de galos. Não são temas para o governo maior. Deu no que deu. É claro que a situação de hoje é diferente e mais grave. Mas, questões pontuais precisam ser pinçadas como sendo perigosos focos de infecção, que vão contaminar todo o organismo e dificultar, ou inviabilizar a governabilidade.
Já ecoam as propagandas de 22. Idiotice e ingenuidade. Quando se fala em reeleição, levantam-se as trincheiras, não de oposicionistas, mas sobretudo de aliados. O governante passa a ser adversário, e daí, seu progresso, ou o sucesso da gestão, passa a ser conflitante com os interesses político-partidários dos que antes se afinavam com ele. Primário fundamento, maquiavélico.
É necessário discernimento e inteligência para entender que o atual governo recebeu um apoio popular suficiente para mantê-lo - em caso de boa performance- num novo pleito. Bastaria preservar esse patamar de apoio e a reeleição lhe cairia no colo, sem alarde, sem guerras. Os conflitos começam a acontecer, quando quadros "obaobistas" do governo, saem a anunciar a próxima campanha. Burrice!
Meio ano depois, sabe-se que uma grande fatia do bolo de sustentação, apoiador, já se mostra reticente, decepcionado, devido às repetidas espirradas do taco. Muito por declarações inoportunas, afirmações equivocadas, palavras mal ditas. A oposição se alimenta com essa insatisfação, abanada pelas lufadas de "alijados das mordomias", como, dentre outros, "A Falha " e Globogay, "Band'alha". A barricada defensiva dos novos "mamões", liderada por "Brechord", não tem força, por incompetência e ausência de vocação idealística. Estão rasgando o alforje e esfarinhando o apoio. Como os peixes, o governo também pode morrer pela boca, com ou sem rede.
Insistir em projetos inócuos, danosos e impopulares, como é o caso da liberação das armas de fogo, desagrada à maioria do eleitorado. A segurança da sociedade não vem por uma cartucheira no guarda-roupa, nem colocando uma "ponto 40" na cintura de Jesus. Não foi um trabuco, mas uma peixeira, o que carimbou a escolha.
Outro ponto é a insistência burlesca em tentar afirmar pretensa superioridade dos ditos evangélicos. Política, futebol e religião são imiscíveis. E, creiam, isso provoca cisões, cria antagonismos, fabrica inimigos. Também, sobejamente sabemos, que pertencer a qualquer religião, torcer para qualquer time ou pertencer a qualquer partido não define caráter, capacidade e nem é, em si, virtuoso. Sem a vergonhosa "oração da propina".
O exercício do poder é uma atividade que tem que ser para todos, pois é, por isso é Res-publica.
Grande parte da população que não está listada nas sacolinhas dos pastores, e que votou no atual mandante, não votará mais, pela antipatia que está sendo gerada por essa defesa anacrônica clubística-religiosa passional. Até o prelado argentino já colocou as manguinhas de fora, com inoportunas e intrometidas opiniões, por causa dessa divisão criada no proselitismo protestante. Será que vão apoiar de novo um governador "terrivelmente evangélico" (apesar de condenado por roubo), ou implementar ministérios para pastores eleitos, envolvidos em assassinatos, estupros, e outros? Se forem conferir as pesquisas, vão descobrir que, hoje, mais de 60 por cento dos presidiários são evangélicos, frutos de conversões feitas pelos arautos da pretensa salvação. São evangélicos, mas continuam nos crimes.
Nada contra as igrejas,, mas, também nada a favor, pela incoerência, inoportunidade e histórico no trato de política. Já infestam o futebol... palhaçada!
Defesa de religião num país dito laico é uma visão tacanha, que não combina com a necessária postura de estadista, requerida a um governante. Exija-se de todos, competência para o exercício da vida pública. O resto fica na privada (muitos, literalmente).
Claro, ainda estamos nos primórdios, nos preâmbulos, e o rumo certo pode ser retomado, assestando-se as miras das bestas pelo giz brilhante da educação. Ainda há tempo. Torcemos por isso. Mas, como visto pelas anteriores experiências, medidas corretivas são prementes, senão... já vimos no que deu... cinco vezes.
As reformas necessárias, como a tributária, da previdência, a jurídica, e sobretudo a Reforma Política precisam ocupar as retrancas das manchetes, que hoje se atropelam em textículos pequenos, comezinhos, semelhantes às fofocas de comadres.
Não existe saída para nenhum país, fora do Parlamentarismo Democrático! O Brasil já passou da hora de adotá-lo. Reduzir drasticamente o número de parlamentares, senadores deputados, vereadores, que engolem tanta despesa quanto à da Previdência, é absolutamente fundamental. O Brasil hoje tem quase 100 mil eleitos, que arrastam consigo mais de 400 mil nomeados e assessores, e que, na hora de tomarem as decisões importantes, precisam barganhar o apoio, em troca da verba para a construção do mata-burro de seu município! Filhos bastardos de um regime idiota! Parlamentarismo democrático resolve isso, também.
É preciso encerrar o ciclo bicameral, implantar o voto distrital, desmonetizar, o quanto puder, a atividade política, que passou a ser profissão de enganadores e inescrupulosos. Insuportável trampolim de espertalhões!
Ser patriota é buscar o bem para a comunidade toda, sobremaneira aos mais necessitados. Isso é necessário, e torna o amor à Pátria útil e libertador.
Ser cristão, pelo que se sabe, se revela na ação, não apenas da boca pra fora. Acompanhei pessoalmente, em caravana, um grupo de apoio à família de um infeliz brasileiro, executado no país asiático. Vi ali o sofrimento de filhos, da mãe, de parentes, naturalmente não aceitando o erro cometido, mas se insurgindo contra a pena capital. E ouvir sofismas de um presidente da República, acerca de outro infeliz, pego em erro pelo tráfico, que "deveria ter o mesmo fim", é passar dos limites. Magoou, feriu às duas famílias, e a todos os que dizem ter Deus no coração.
Cristianismo baseado na Lei de Talião, não é cristianismo verdadeiro. É falso! O verdadeiro, em essência, apregoa a generosidade, a compreensão, a fraternidade e até mesmo o perdão. Será que as decapitações protagonizadas pelos radicais islâmicos são piores que isso? Devem ser imitadas?
Os filhos, os pais, os parentes e amigos do infeliz "mula", flagrados por perícia de polícia estrangeira, estão sofrendo mais do que se imagina. E a sociedade que assiste, também sofre, e se insurge. Quem tem filhos, quem tem mãe, e pai, quem tem um pouco de sensibilidade social, não se presta a antecipar condenações. Com exceção de mim, os filhos não são perfeitos.
Mesmo que intimamente alimente o ódio, o atual ocupante do trono, precisa, como "Pai da Nação", transmitir serenidade, e generosidade com os que sofrem por atos infelizes de seus parentes, como é o caso. Ou, no mínimo, o silêncio respeitoso. Bravateou feio!
Pessoalmente acredito que isso tudo possa ser modificado, que uma etapa alvissareira seja possível, ao atual governo, se regularem a mira para o que realmente importa e corrigirem essas despóticas e nazísticas atitudes. O periquito, ainda que verde, não precisa amarelar pelas derrotas. Pode sim, com as vitórias, deixar a oposição vermelha... de raiva.
O Brasil precisa respirar ares de crescimento, de paz e de progresso. Precisa disto!
Luiz Antônio Villas-Bôas Corrêa
- espírito-
Mensagem psicográfica recebida pelo canal Arael Magnus em 11 de Julho de 2019, na Fundoamor, em Porto Seguro - Bahia
Contatos com Arael Magnus pelo fundoamor@gmail.com