sexta-feira, 20 de junho de 2014

Gilberto Freyre - espírito- A Quotização Educacional Brasileira

Pré-ensaio Sobre A Quotização Educacional Brasileira à Luz da Insipiência Social na Implementação da Negritude.

De onde estou, e tanto quanto me é permitido me informar, sobre os caminhos adoptados pelos que definem as estratégias de valorização da raça negra no Brasil, tenho a considerar alguns pontos, que, se não evidenciam uma oposição, pelo menos intenta aguçar questionamentos que identifico como oportunos e necessários, mesmo não sendo inéditos. Nem incenso nem apupos, peço apenas reflexões sistêmicas e fundamentadas.
Corre, sob luzes de uma propaganda arquitetada, no meu entender, por movimentos que não se assinalam por prerrogativas socioculturais, mas principalmente por mutáveis identificações de matizes ideológicas, - portanto, moldáveis e movediças-, proposição de quotas destinadas a garantir vagas para negros nas universidades brasileiras.
Os autores desse intento, em sua acepção mais lógica, como força capaz de mudar e redirecionar a realidade, repetido expediente de um "new-black-study" ou um "sudeto à brasileira", caboclo-indo-branco-mestiço-negro, não deixam à mostra, os artifícios e expedientes que deverão utilizar como mensores destas opções imprecisas, quando da definição e preenchimento das matrículas disponibilizadas. Pois, à luz de uma definição científica, a questão se deteriora quando a percebemos enclausurada na impossibilidade de se definir com justiça, ou razoável balizamento e precisão, o que é e como é o "negro brasileiro".
Nessa terra de incontáveis influências multirraciais, -onde num gigantesco e generoso liquidificador etno-socio-cultural, movimentando-se incessantemente há mais de 500 anos, pelo menos - se processam todas as raças e se criam, de modo singular, novas protoformas e incríveis emulações da miscigenação humana, de modo permanente, crescente, suplementar.

(... Como é bela e fagueira, a morena jambo,
de cabelo crespo, com seus dedos longos e
olhar azul...)

E esse complexo estereótipo físico esconde, ocultas em metamorfoses eletivas, individualidades adquiridas de cada região, de classes, e núcleos, diferenças imperceptíveis, inidentificaveis, originadas pelo turbilhão multigenético absorvido pelo ambiente tropical, nas variações incontáveis de influências de todos os pontos do planeta. Diria que aqui no Brasil, no povo, encontramos assinalamentos episódicos de todos os tipos do mundo, mas que, por sua vez, não vamos detectar desse modelo em qualquer parte, alhures.
Reproduzindo-se em amplitude geométrica, essas mutações se encaixam, se acomodam e completam-se, pelas bordas comuns que possuem todas e cada uma das peças, desse continental mosaico, da já rotulada inimaginável e maravilhosa "metarraça brasiliensis".
Assim, a proposição da reserva de vaga nas universidades para os da dita raça negra no Brasil, para ser justa, esbarrará sempre em dois pilares inamovíveis: Ou não se beneficia a ninguém, ou se contempla a todos.
Porquê, ao contrário de outras nações, aqui o negro é ingrediente do bolo, não deslocado como base, recheio ou cobertura. Está implícito, incluso, agregado, impregnante e impregnado. Obviamente essa assertiva se aplica à formulação cromossômica, genética, numa visão bio-social, antropológica, pois não é segredo a existência no país as deformações latentes, a distância entre ricos e pobres, a miséria de milhões e a pujança de uns poucos, que saltam aos olhos, se agigantam, independente da tonalidade da pele.
Já o fizemos, mas para relembrar, sugerimos aos norteadores das premissas políticas, que assestem seus calibres para focos mais importantes, mais incidentes e muito mais carentes de implementos, em nossa realidade, como o são o ensino fundamental e a o saneamento "in lato sensu".
Não adianta, de modo a parecer "urbi et orbi" moderno e inovador, impingir adoção de qualquer critério, não alicerçando a preparação do indivíduo em moldes sólidos, de conhecimentos e substância, que o permitam se livrar do apedeutismo e ignorância primitiva.
Em decurso da desestruturação e desvios, o ensino público fundamental no país, padece de qualidade e consistência e atenção oficial, não oferecendo aos degraus superiores do saber, um ser moldável e útil. Assim, a iniciativa que se nos apresenta afro-ufanística, redundaria na automatização do "despreparo diplomado", pois o ocupante das cadeiras universitárias reservadas estará ali como um privilegiado, graduado, não tendo, porém, a ampará-lo, um embasamento que o torne e o faça se sentir capaz, "in efectivus modo". É a enganosa suposição de que um pico dourado da pirâmide garanta a sustentação do edifício!
Visitem as escolas das periferias, das regiões mais pobres e lá serão encontrados muitos "arianos", amarelos, indo-europeus, ao passo que em institutos particulares, com elevada mensalidade, também se matriculam, já em franco crescimento, os negros, mestiços, caboclos, dourados, morenos enfim. Estes últimos estarão em grande vantagem com aqueles considerados "da sua cor" quando disputarem as vagas do nível superior. Pelos critérios propostos, deverão estar em melhor preparo quanto aos provindos das áreas pobres. Ou seja, o problema não só continuará, mas se consolidará, com a exclusão impiedosa, exatamente dos que pretendem agora proteger. Isso nada tem a ver com justiça sociológica ou reparo de punições étnicas históricas, pretendidas no cabeçalho da proposta.
Sendo o Brasil a mais multirracial e multicultural das nações do mundo, se impermeabiliza, tornando-se infértil para as vocações discricionárias, "apartheidistas", seletivas ou fracionantes, venham de onde vierem. Aqui, sem que se defina por isso no caminho político ou social, somos síntese evolutiva, longe da análise desagregadora. Forçar a mudança por caminhos indevidos é arriscado.
A "raça brasileira", distinguindo-se de todas as outras, se diferencia não pelas minudências da quantidade melanínica em seus perfunctórios revestimentos cutâneos, mas pela inconfundível característica de seu jeito de ser. Nas outras partes não se conhece pela aparência quem vem deste país, mas identifica-os pela espontaneidade, pela alegria, pela postura extrovertida, ambientada em si mesmo. Na Amazônia, a pele índia bronze-vermelha, no centro-oeste a arredondada expressão do aboio pantaneiro, no nordeste a vertente sino-eslava-saxônica, no sul a alvura indo-européia, e no centro e sudeste a reunião de tudo, de todos os pontos, quadrantes e lugares. Mas há em comum, um "animus", o registo qualificador, que não aparece nos microscópios dos laboratórios, mas se multiplica em cada olhar, no sorriso, na palavra, no "modus". Porque este povo é, fundamentalmente multirracial também, na consciência e na índole!
Que estes apologistas da valorização racial diferenciem entre reintegração e dissociação, na vigilância imperiosa e permanente do crivo científico, sócio, cultural, antropológico, e porque não, dinâmico-espiritual do gênio étnico-vivencial que aqui vigora e reina.
Debruçar-se sobre questões de inclusão verdadeira, de correição integral das flagrantes gradações entre as classes, deve ir muito além dos efeitos que podem ser obtidos com uma diminuta exposição de bronzeamento, sob nosso imponente sol tropical, ou a de perder a condição primacial no vulgar acometimento patológico de um vitiligo.
Como no sínolo aristotélico, a harmonia entre a forma e a matéria aqui se desenha na essência e na aparência, sendo a segunda suplantada pela primeira. Que não se apartem esses meios, sob o risco perigoso e inútil de se comprometer o todo e os fins.
-----------------------------Gilberto Freyre - espírito-
(Mensagem recebida no Celest- Centro Espírita Luz na Estrada- Castanheiras- Sabará-MG, pelo canal Arael Magnus em 5 de Julho de 2009)

                         18 de Julho- Gratidão  

Aqui, sobre as pedras do ilusório caminho findo, 
     Livro-me das jaças e dos percalços.
Nas lembranças, os desejos,
Em ideais luminosos
compreendidos "per turbas".
"Cor Iesu, salus in te sperantium, miserere nobis."
Habitando lindo plano dos estranhos,
Vigorosos seguem sendo etéreos,
Mistérios Imortais, (e)ternos.
Não vasculho quintessências.
Nos varais, idéias. Resoo, rumino o entulho.
No morno leito, calcinado, branco,
Do brumado da Holanda "Gratias ago vobis"
como (e)terno trovador.
Gilberto M Freyre - Espírito-
(Página recebida em 5 de Julho de 2009 no Celest- Centro Espírita Luz na Estrada, Sabará-MG, pelo canal Arael Magnus.
fundoamor@gmail.com )